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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 10pm

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Daichii Sankyo

 

Ostomia protetora não reduz taxa de vazamento anastomótico

Audrey NET OKQual o benefício das ostomias protetoras nas taxas de fístula ou deiscência de anastomose, re-operações urgentes e mortalidade decorrente de complicações de vazamento anastomótico na cirurgia do câncer de ovário? Estudo de revisão sistemática e meta-análise reportado por Santana et al. no Journal of Gynecogic Oncologmostra que a ostomia não oferece vantagens na cirurgia do câncer de ovário e deve ser limitada a casos muito selecionados. A cirurgiã oncológica Audrey Tsunoda (foto) comenta os resultados.

Neste estudo, os pesquisadores revisaram sistematicamente a base de dados da MEDLINE, Web of Science, ClinicalTrials.gov e Cochrane Central Register of Controlled Trials considerando todos os estudos sobre estoma e deiscência de anastomose relacionados à cirurgia do câncer de ovário. Foram excluídos estudos não controlados, séries de casos, resumos, relatos de casos, protocolos de estudos e cartas ao editor. A metanálise enfocou o endpoint primário da taxa de deiscência de anastomose. A análise de subgrupo foi realizada com base no tipo de ressecção intestinal e uso de bevacizumabe. Endpoints secundários consideraram reoperações urgentes e mortalidade associada à fístula anastomótica, tempo de internação, complicações pós-operatórias, taxa de readmissão em 30 dias, quimioterapia adjuvante, sobrevida e cirurgia de reversão em pacientes ostomizados e não-ostomizados.

A base dessa metanálise compreendeu 17 estudos (2.719 pacientes): 16 coortes retrospectivas e 1 estudo de caso-controle. A meta-análise desses 17 estudos não mostrou diminuição na taxa de deiscência anastomótica em pacientes ostomizados (odds ratio [OR] = 1,01; intervalo de confiança de 95% [IC] = 0,60–1,70; p = 0,980).

A meta-análise de dez estudos (1.452 mulheres) não encontrou diminuição de reoperações urgentes no grupo de ostomia (OR=0,72; IC 95%=0,35–1,46; p=0,360).

Outros desfechos não foram considerados para meta-análise por falta de dados nos estudos incluídos.

"Quando há radioterapia pélvica prévia, como no caso do câncer colorretal, as taxas de deiscência são mais elevadas e as complicações mais frequentes. Neste contexto, sabe-se que os estomas derivativos não reduzem as taxas de deiscência de anastomose, porém reduzem a complexidade e as taxas de reoperação. Nestes casos, onde a anastomose é no reto baixo, em orgão desvascularizado por conta da extensão da ressecção oncológica (excisão total do mesorreto), e com radioterapia prévia, é recomendável a realização de estoma derivativo", observa Audrey.

"Entretanto, no câncer de ovário, geralmente há preservação da vascularização do reto (a ressecção não inclui o mesorreto inteiro), o segmento colorretal removido é significativamente menor (sem ligadura da artéria mesentérica na origem), a anastomose costuma ser no reto médio (pelo nível de comprometimento peritoneal do fundo de saco posterior), e não há radioterapia prévia. Esta combinação de fatores possibilita que a anastomose colorretal seja feita com melhores condições técnicas e, consequentemente, com menores taxas de deiscência. Os achados desta metanálise confirmam que os estomas protetores não diminuíram as taxas de deiscência de anastomose e as reoperações urgentes na cirurgia de câncer de ovário, e suportam o uso de ostomias em casos muito selecionados”, conclui Audrey.

A íntegra do estudo está disponível, em acesso aberto.

Referência: Navarro Santana B, Garcia Torralba E, Verdu Soriano J, Laseca M, Martin Martinez A. Protective ostomies in ovarian cancer surgery: a systematic review and meta-analysis. J Gynecol Oncol. 2022 Mar; 33(2):e21. https://doi.org/10.3802/jgo.2022.33.e2


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