Novo padrão no carcinossarcoma ginecológico

andreia melo 2020 bxPublicado no Journal of Clinical Oncology (JCO), estudo randomizado de fase III (NCT00954174) de pesquisadores do NRG Oncology Group mostrou que a quimioterapia com paclitaxel e carboplatina não foi inferior ao regime paclitaxel e ifosfamida no tratamento de pacientes com carcinossarcoma uterino. “Os resultados confirmam que a combinação de paclitaxel e carboplatina é um esquema posológico conveniente e seguro e deve ser a terapia padrão para pacientes com carcinossarcomas ginecológicos”, afirma a oncologista Andreia Melo (foto), chefe da Divisão de Pesquisa Clínica do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Diretora de Pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG).

Neste estudo, foram incluídas pacientes com carcinossarcoma primário do útero ou ovário virgens de quimioterapia para receber paclitaxel com carboplatina (PC) ou a combinação de paclitaxel com ifosfamida (PI) a cada 3 semanas por 6-10 ciclos.

O estudo envolveu 536 pacientes com carcinossarcoma uterino e 101 pacientes com carcinossarcoma de ovário, sendo 449 e 90 elegíveis, respectivamente. A análise primária considerou exclusivamente pacientes com carcinossarcoma uterino, randomizadas para PC (N= 228) ou PI (N=221). Dessa população, 40% tinham doença estágio I, 6% estágio II, 31% estágio III, 15% estágio IV e 8% doença recorrente.

Os resultados reportados por Powell et al. mostram que PC não foi inferior a PI. A mediana de sobrevida global foi de 37 versus 29 meses (HR = 0,87; IC 90%, 0,70 a 1,075; P < 0,01 para não inferioridade, P > 0,1 para superioridade). A sobrevida livre de progressão mediana foi de 16 versus 12 meses, novamente em favor do braço experimental (HR = 0,73; P = < 0,01 para não inferioridade, P < 0,01 para superioridade).

As toxicidades foram semelhantes, exceto que mais pacientes no braço PC tiveram toxicidade hematológica e mais pacientes no braço PI tiveram hemorragia geniturinária. Entre 90 pacientes elegíveis com carcinossarcoma ovariano, aquelas no braço PC tiveram sobrevida global mais prolongada (30 versus 25 meses) e maior sobrevida livre de progressão (15 versus 10 meses) do que aqueles no braço PI, embora não tenha atingido significância estatística.

Em conclusão, o regime paclitaxel e carboplatina não foi inferior em relação à sobrevida global e demonstrou melhora na sobrevida livre de progressão comparado a paclitaxel e ifosfamida em pacientes com carcinossarcoma uterino.

Referências: Randomized Phase III Trial of Paclitaxel and Carboplatin Versus Paclitaxel and Ifosfamide in Patients With Carcinosarcoma of the Uterus or Ovary: An NRG Oncology Trial - Matthew A. Powell, David S. Miller et al - DOI: 10.1200/JCO.21.02050 Journal of Clinical Oncology - Published online January 10, 2022.