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AtualizadoTer, 16 Abr 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Classificação prognóstica de SG em pacientes com câncer de mama e metástase cerebral recorrente

Robson Ferrigno NET OK 1Estudo retrospectivo multicêntrico do Korean Radiation Oncology Group (KROG) avaliou a radioterapia cerebral total (WBRT) como estratégia de resgate para metástases cerebrais recorrentes em pacientes com câncer de mama, com o objetivo de identificar fatores prognósticos de sobrevida global (SG) e propor uma nova classificação prognóstica de SG para essa população. Os resultados estão em acesso aberto, no periódico The Breast. O médico especialista em radioterapia Robson Ferrigno (foto), coordenador dos Serviços de Radioterapia do Hospital BP Paulista, comenta o trabalho.

O câncer de mama é a segunda causa mais comum de metástases cerebrais, que ocorrem em aproximadamente 10–15% dos pacientes. Diretrizes de tratamento recentes recomendam radioterapia estereotática com dose única, também conhecida pelo termo radiocirurgia (SRS) das lesões macroscópicas em vez de WBRT, pelo aumento do risco de disfunção neurocognitiva após WBRT, reservando WBRT como terapia de resgate.

Nesta análise, os pesquisadores coreanos identificaram 54 mulheres com câncer de mama que receberam WBRT de resgate como segundo tratamento para metástase cerebral recorrente (2000-2014). A duração mediana do acompanhamento foi de 4,9 meses (variação de 0,3–50,4). Análises de fatores preditivos foram utilizadas para desenvolver um modelo capaz de predizer sobrevida global no momento da WBRT de resgate.

Resultados

A mediana de SG foi de 6,8 meses. Na análise multivariada, a maior sobrevida global foi associada ao intervalo de tempo entre o primeiro tratamento local e a WBRT de resgate (≥16 meses), ao controle do tumor primário ou de metástases extracranianas, à resposta ao tratamento sistêmico após WBRT de resgate e à administração de uma dose biologicamente eficaz (> 37,5Gy) para uma relação α / β de 10Gy (BED10) na WBRT de resgate.

A partir desses achados, os autores propuseram um modelo de classificação prognóstica. Neste modelo, os pacientes com classe I experimentaram a melhor SG (Classe 1:34,6 meses; classe II: 5,0 meses; classe III: 2,4 meses; P <0,001).

“Em nossa classificação APR, diferenças significativas em SG foram observadas de acordo com a dose de WBRT de resgate para o controle tanto do câncer de mama primário quanto de metástases extracranianas, assim como o uso subsequente de um tratamento sistêmico mostrou melhor SG”, concluem os autores.

WBRT deve continuar a ser empregada nos casos de múltiplas e incontáveis lesões, disseminação leptomeníngea, paliação de sintomas e resgate

Por Robson Ferrigno, coordenador dos Serviços de Radioterapia do Hospital BP Paulista

A radioterapia de todo o cérebro (WBRT) é atualmente utilizada para tratamento das metástases cerebrais nos casos de múltiplas e incontáveis lesões, disseminação leptomeníngea e impossibilidade de tratamento local com cirurgia ou radioterapia focal com dose única ou fracionada, ou através de determinado tratamento sistêmico que atravesse a barreira hematoencefálica. O emprego de radioterapia focal, cirurgia ou tratamento sistêmico como tratamento primário, deixando a WBRT como resgate, tem como principal objetivo evitar ou amenizar complicações neurocognitivas.

O estudo retrospectivo coreano avaliou 54 pacientes com câncer de mama metastáticas para encéfalos tratadas com WBRT de resgate após tratamento inicial com radioterapia focal, cirurgia ou mesmo WBRT (24 pacientes). A dose mediana de radioterapia nas pacientes que recaíram após radioterapia focal ou cirurgia foi de 30 Gy em 10 frações e após WBRT de 20 Gy em 10 frações.

O intervalo maior ou igual a 16 meses entre o primeiro tratamento e a WBRT de resgate como fator preditivo positivo para sobrevida global infere curso mais indolentes da doença, principalmente aquelas com determinados perfis moleculares que devem ter respondido favoravelmente ao tratamento sistêmico. Tumor primário controlado e controle das metástases extracranianas já eram fatores prognósticos conhecidos para metástases cerebrais diagnosticas e, portanto, esperados. A dose biológica efetiva (BED) maior que 37,5 Gy10 como fator favorável confirma que o padrão recomendado mundialmente de 30 Gy em 10 frações de 3 Gy, cuja BED é de 39 Gy10, é efetivo para WBRT de resgate.

O estudo possui algumas limitações, reconhecidas pelos próprios autores: análise retrospectiva (nível 3 de evidência), número pequeno de pacientes e impossibilidade de estratificar as pacientes pelo perfil molecular e tratamento sistêmico realizado. Por conta disso, não representa mudança de prática nem gera hipótese importante.

A mensagem final é que a WBRT deve continuar a ser empregada nos casos de múltiplas e incontáveis lesões, nos de disseminação leptomeníngea, para paliar sintomas e resgate quando da impossibilidade de novo tratamento com radioterapia focal, cirurgia ou tratamento sistêmico.

A íntegra do artigo está disponível, em acesso aberto.

Referência: Kim JS, Kim K, Jung W, Shin KH, Im S-A, Kim YB, Chang JS, Choi DH, Kim H, Park YH, Kim DY, Kim TH, Kwon J, Kang KM, Chung W-K, Kim KS, Kim IA, Novel prognostic classification predicts overall survival of patients receiving salvage whole-brain radiotherapy for recurrent brain metastasis from breast cancer: A recursive partitioning analysis (KROG 16-12), The Breast (2021), doi: https://doi.org/10.1016/j.breast.2021.11.005.


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