SOLO1 mostra resultados de longo prazo de olaparibe no câncer de ovário avançado

elias abdo bxAnálise primária do ensaio SOLO1 / GOG 3004 mostrou que o inibidor da PARP olaparibe melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão comparado ao placebo em pacientes com câncer de ovário avançado com mutação BRCA. Agora, análise post-hoc atualizada apresenta os dados de sobrevida livre de progressão do SOLO1, após 5 anos de acompanhamento, em artigo de Susana Banerjee e colegas, no Lancet Oncology. "A atualização do estudo SOLO 1 demonstra que o benefício derivado da terapia de manutenção de 2 anos com olaparibe nessa população de pacientes foi sustentado além do final do tratamento, estendendo a sobrevida livre de progressão mediana para os últimos 4 a 5 anos", observa o oncologista Elias Abdo (foto), chefe do Serviço de Oncoginecologia Clínica do ICESP-HCFMUSP e médico da Oncologia D`Or.

Este estudo randomizado de Fase III, duplo-cego, controlado por placebo, envolveu 118 centros em 15 países. Foram inscritos pacientes adultos (≥ 18 anos) com bom status de desempenho (ECOG 0-1) e câncer de ovário endometrioide ou seroso de alto grau, com doença avançada e mutação BRCA. Foram elegíveis pacientes recém-diagnosticados que alcançaram resposta clínica completa ou parcial após quimioterapia à base de platina, randomizados (2: 1) para receber olaparibe (300 mg duas vezes ao dia) ou comprimidos de placebo por via oral como monoterapia de manutenção por até 2 anos. O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão. Os dados de eficácia consideraram a população com intenção de tratar, enquanto a análise de segurança compreendeu pacientes que receberam pelo menos uma dose do tratamento. O corte de dados desta análise post-hoc foi em 5 de março de 2020.

Resultados

Entre 3 de setembro de 2013 e 6 de março de 2015, os autores descrevem que 260 pacientes foram randomizados para olaparibe e 131 para o braço placebo. A duração mediana do tratamento foi de 24,6 meses (IQR 11,2–24,9) no grupo de olaparibe e de 13,9 meses (8,0-24,8) no grupo placebo; o acompanhamento médio foi de 4,8 anos (2,8–5,3) no grupo de olaparibe e 5,0 anos (2,6–5,3) no grupo de placebo.

Nesta análise post-hoc, Banerjee et al. reportam que a sobrevida livre de progressão mediana foi de 56,0 meses (IC 95% 41 9 - não alcançado) com olaparibe versus 13, 8 meses (11 1-18 2) com placebo (razão de risco 0 33 [IC 95% 0 25–0 43]).

Os eventos adversos mais frequentes (grau 3-4) entre os pacientes tratados com olaparibe foram anemia (22%) e neutropenia (8%). Eventos adversos graves ocorreram em 21% dos pacientes no grupo de olaparibe e em 13% no grupo de placebo. Nenhum caso adicional de síndrome mielodisplásica ou leucemia mieloide aguda foi relatado desde o corte de dados primário.

“Para pacientes com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado e mutação BRCA, o acompanhamento mais longo de um ensaio clínico randomizado avaliando um inibidor de PARP neste cenário mostra que o benefício derivado da terapia de manutenção de 2 anos com olaparibe foi sustentado além do final do tratamento, estendendo a sobrevida livre de progressão mediana para os últimos 4 a 5 anos. Esses resultados apoiam o uso de olaparibe de manutenção como um padrão de cuidado neste cenário”, concluem os autores.

Referência: Maintenance olaparib for patients with newly diagnosed advanced ovarian cancer and a BRCA mutation (SOLO1/GOG 3004): 5-year follow-up of a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial – Susana Banerjee et al - Published: October 26, 2021 DOI:https://doi.org/10.1016/S1470-2045(21)00531-3