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AtualizadoQui, 18 Abr 2024 6pm

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Daichii Sankyo

 

Diretrizes para o manejo da dor associada ao câncer

caponero 2019 bxDiretrizes publicadas no Journal of Pain Research trazem recomendações atualizadas para o manejo da dor associada ao câncer. A pesquisa atual indica que a dor de moderada a intensa está presente em cerca de 35% de todos os pacientes que vivem com câncer e salta para 80% entre aqueles com câncer avançado, representando prejuízo significativo para a qualidade de vida do paciente. Quem analisa os resultados é o oncologista Ricardo Caponero (foto), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A dor câncer-relacionada, resultante da patologia primária, da presença de metástases ou ainda como efeitos colaterais do tratamento é certamente um desafio à assistência oncológica. “A dor descontrolada com o uso de terapia médica conservadora pode muitas vezes levar ao sofrimento do paciente, perda de produtividade, menor expectativa de vida, maior permanência no hospital e aumento na utilização de serviços de saúde”, sustentam os autores.

A publicação tem a chancela da American Society of Pain and Neuroscience (ASPN) e reflete o esforço de um painel multi-institucional de especialistas para revisar e destacar o corpo de evidências, tanto para a utilização de opioides no controle da dor do câncer, quanto para o uso de medicação adjuvante como cetamina e metadona, até terapias intervencionistas. “Discutimos a neurólise por meio de injeções, neuromodulação, incluindo administração de drogas direcionadas e estimulação da medula espinhal, ablação, radioterapia e técnicas cirúrgicas”, ilustra o painel.

Os especialistas lembram que apesar da publicação de vários estudos sobre o manejo da dor relacionada ao câncer e estratégias intervencionistas de manejo da dor para essa população de pacientes, não existem diretrizes formais amplamente reconhecidas para o manejo da dor oncológica. “Como o primeiro de seu tipo, esse guia de melhores práticas e diretrizes de intervenção oferece recomendações baseadas em evidências para reduzir a dor e o sofrimento associados à malignidade”, destacam os autores.

Trabalho contribui para as melhores práticas no tratamento da dor

Por Ricardo Caponero

Pesquisa recente do Instituto Oncoguia em 543 portadores de doenças neoplásicas mostrou que 71% deles sentiam dor relacionada ao câncer. Destes, 44,57% sentiam dor há mais de um ano, o que causava angústia e desânimo. Os mitos em relação a dor no câncer fazem com que 47% dos pacientes achem que a dor faz parte do quadro clínico, é “normal”. Em 30% dos casos com dor não controlada, os pacientes estavam em tratamento com médico oncologista. Para 15% o oncologista não tratava a dor e apenas 7% tiveram encaminhamento para um especialista.

Do lado dos pacientes, 28,18% disseram que não relataram a dor ao oncologista e mais da metade desconhecia haver um especialista para o tratamento da dor. Sessenta e seis por cento faziam uso apenas de dipirona ou paracetamol e 20% utilizavam anti-inflamatórios não esteroidais. Quase metade dos pacientes desconhecia o que é um medicamento opioide e 62% não receberam informações do médico sobre esse tipo de tratamento.

Entre os pacientes que estavam utilizando opioides, 23% disseram que a maior dificuldade era lidar com os eventos adversos do tratamento. Trinta e cinco por cento não precisaram de ajustes nas doses, mas para 61% o ajuste teve que esperar até a consulta subsequente para ser realizado. Por isso, 44% dos pacientes tinham a opinião que o tratamento para a dor era inadequado e mais de 30% estavam insatisfeitos com o tratamento da dor. Sendo que as razões mais frequentes para a insatisfação eram a persistência da dor (88%) e a presença de efeitos colaterais da medicação (34%).

A dor inadequadamente tratada apresentou reflexos nas atividades laborativas (67%), no relacionamento amoroso (43%) e no lazer (86%).

Os dados apresentados, referentes à nossa realidade, mostram que muitos pacientes ainda sofrem os impactos da dor não adequadamente tratada. Assim, o trabalho de Mansoor Aman e colaboradores é de suma importância na contribuição para as melhores práticas no tratamento da dor.

Referência: Aman MM, Mahmoud A, Deer T, Sayed D, Hagedorn JM, Brogan SE, Singh V, Gulati A, Strand N, Weisbein J, Goree JH, Xing F, Valimahomed A, Pak DJ, El Helou A, Ghosh P, Shah K, Patel V, Escobar A, Schmidt K, Shah J, Varshney V, Rosenberg W, Narang S. The American Society of Pain and Neuroscience (ASPN) Best Practices and Guidelines for the Interventional Management of Cancer-Associated Pain. J Pain Res. 2021;14:2139-2164 https://doi.org/10.2147/JPR.S315585


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