Quimioterapia de indução no câncer de cavidade oral avançado

thiago bueno de oliveira bxThiago Bueno de Oliveira (foto), oncologista do A.C.Camargo Cancer Center, é primeiro autor de artigo de revisão publicado no periódico Current Oncology Reports que busca avaliar o papel da quimioterapia de indução em pacientes com câncer de cavidade oral localmente avançado. O trabalho discute perspectivas futuras, incluindo a incorporação de inibidores de checkpoint e biomarcadores para a seleção de pacientes.

O câncer de cabeça e pescoço é uma doença heterogênea, compreendendo vários subsítios com diferentes fatores etiológicos, patologia e características moleculares, resposta ao tratamento e prognóstico. O tratamento sistêmico é geralmente incorporado no manejo do carcinoma de células escamosas localmente avançado de cabeça e pescoço, e o uso de quimioterapia de indução tem benefícios teóricos na redução do risco de metástase à distância, fornece um teste in vivo de resposta e biologia tumoral e tem potencial para permitir um tratamento local mais personalizado e menos tóxico após o downstaging. 

No artigo, os autores discutem ensaios clínicos que analisam esta estratégia de tratamento em pacientes com doença ressecável, seguida de cirurgia, e na doença irressecável, seguida de (quimio) radioterapia ou cirurgia, apontando pontos fortes e limitações desses dados e destacando o tratamento padrão em cada cenário clínico. 

“A cirurgia seguida por (quimio)radioterapia é o padrão de tratamento para pacientes com câncer de cavidade oral ressecável, e a quimiorradioterapia é o padrão para aqueles considerados irressecáveis. Entretanto estudos avaliando o papel de quimioterapia neoadjuvante em pacientes com doença ressecável sugerem subgrupos de pacientes com portencial benefício desta estratégia, como aqueles com doença linfonodal mais avançada (N2-N3). Para pacientes com doença irressecável ou borderline ressecável, estudos retrospectivos sugerem papel desta estratégia na tentativa de “conversão” de alguns pacientes para ressecabilidade com bons resultados. Por fim, estudos prospectivos e randomizados tentaram estabelecer o papel da quimioterapia de indução seguida de quimiorradioterapia em pacientes não candidatos à cirurgia, com resultados controversos.

A expectativa é que ensaios futuros com a incorporação de imunoterapia e melhor seleção de pacientes com base em biomarcadores clínicos e moleculares podem trazer novas esperanças para melhores resultados terapêuticos nesses pacientes”, avaliam.

O artigo conta com a participação do rádio-oncologista Gustavo Nader Marta, do oncologista clínico Gilberto de Castro Junior, e do cirurgião de cabeça e pescoço Luiz Paulo Kowalski.

Referência: de Oliveira, T.B., Marta, G.N., de Castro Junior, G. et al. Induction Chemotherapy for Advanced Oral Cavity Cancer. Curr Oncol Rep 23, 129 (2021). https://doi.org/10.1007/s11912-021-01119-6