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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 10pm

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Daichii Sankyo

 

Biópsia do linfonodo sentinela no câncer de cabeça e pescoço inicial

leandro luongo matos 2021 bxQual a melhor técnica cirúrgica para o tratamento do carcinoma espinocelular da cavidade oral (OCSCC) em pacientes com doença inicial, com nódulos negativos? Estudo multicêntrico japonês que comparou o esvaziamento cervical eletivo (ND) tradicional versus dissecção nodal guiada por biópsia de linfonodo sentinela (SLNB) nessa população de pacientes reportou resultados no JCO. A análise de Hasegawa et al. mostra que a dissecção nodal guiada por SLNB não afetou a sobrevida, melhorou a funcionalidade dos pacientes e foi não-inferior ao atual padrão de tratamento. Quem analisa os resultados é o cirurgião Leandro Luongo de Matos (foto), professor livre docente e chefe do Grupo de Boca e Orofaringe da disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMUSP.

"Por muitos questionado, o método de biópsia de linfonodo sentinela para o câncer oral precoce (estádios 1 e 2) tem sido empregado em diversos países do mundo, principalmente na Europa, há cerca de 20 anos. As séries publicadas, e inclusive uma meta-análise bastante robusta, evidenciam a segurança oncológica do método, com resultados em termos de controle regional de doença bastante semelhantes ao esvaziamento cervical eletivo", esclarece Matos. 

O estudo de Hasegawa et al. contou com a participação de 16 instituições no Japão. Foram inscritos pacientes com idade ≥ 18 anos com OCSCC sem tratamento prévio, doença T 1-2 (7ª edição UICC), nódulo negativo e sem metástase à distância, com ≥ 4 mm (T1) de profundidade de invasão. Os pacientes elegíveis foram randomizados para a ND padrão (N= 137) ou ND guiado por SLNB (N = 134). O endpoint primário foi a taxa de sobrevida global de 3 anos, com margem de 12% para não-inferioridade; endpoints secundários incluíram funcionalidade e complicações cervicais pós-operatórias e sobrevida livre de doença em 3 anos.

Os resultados reportados no JCO mostram que linfonodos positivos para metástases patológicas foram observados em 24,8% (34 de 137) e 33,6% (46 de 134) dos pacientes nos grupos ND e SLNB, respectivamente (P = 0,190). Hasegawa e colegas descrevem que a sobrevida global de 3 anos no grupo SLNB (87,9%; limite inferior de IC 95% unilateral, 82,4) foi não-inferior à do grupo ND (86,6%; limite inferior IC 95%, 80,9; P para não inferioridade < .001). A taxa de sobrevida livre de doença em 3 anos foi de 78,7% (limite inferior 95% CI, 72,1) e 81,3% (75,0) nos grupos SLNB e ND, respectivamente (P para não inferioridade <0,001). Os escores de funcionalidade no grupo SLNB foram significativamente melhores do que aqueles no grupo ND.

“ND guiado por SLNB pode substituir ND eletivo sem desvantagem na sobrevida e reduzir a deficiência cervical pós-operatória em pacientes com OCSCC em estágio inicial”, conclui a publicação.

Para Matos, o estudo contou com um desenho adequado e demonstrou a não inferioridade do método em comparação ao tratamento padrão, com melhores resultados funcionais do método menos invasivo, consolidando o método como seguro na abordagem do pescoço desses pacientes. "No Brasil, diversos serviços oncológicos realizam a técnica. Há um estudo em andamento, capitaneado pela Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com os dados de vida real de sete centros oncológicos brasileiros. Com cerca de 500 pacientes, percebe-se que a técnica é factível, segura e acurada na detecção de metástases ocultas no pescoço, mesmo em realidades distintas do país", observa.

Os resultados deste estudo foram apresentados em 2019, no encontro anual da ASCO. Agora com a publicação, os autores destacam que a adequada biópsia do SLNB requer um cirurgião de cabeça e pescoço experiente e a colaboração fundamental de um radiologista e um patologista para diagnósticos pré, pós e intraoperatórios.  

Referência: Neck Dissections Based on Sentinel Lymph Node Navigation Versus Elective Neck Dissections in Early Oral Cancers: A Randomized, Multicenter, and Noninferiority Trial - DOI: 10.1200/JCO.20.03637 Journal of Clinical Oncology - Published online April 20, 2021


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