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AtualizadoQua, 27 Mar 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

Sequenciamento genômico como alternativa à análise citogenética na oncohematologia

fabio pires bxEstudo de Duncavage et. al. publicado 11 de março na New England Journal of Medicine mostra que o sequenciamento do genoma inteiro tem precisão e utilidade clínica em doenças oncohematológicas. “Em nosso estudo, descobrimos que o sequenciamento do genoma completo forneceu perfis genômicos com precisão e de forma rápida em pacientes com leucemia mieloide aguda ou síndromes mielodisplásicas”, concluem os autores, acrescentando que o sequenciamento ainda forneceu maior rendimento diagnóstico e uma estratificação de risco mais eficiente comparado à citogenética convencional. O oncohematologista Fabio Pires (foto), médico do Hospital Israelita Albert Einstein e da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, analisa os resultados.

“Esse artigo consolida um trabalho de 13 anos desse grupo da Universidade de Washington, que realizou o primeiro sequenciamento de pacientes com leucemia mieloide aguda”, destaca Pires.

A análise genômica é essencial para a estratificação de risco em pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA) ou síndromes mielodisplásicas (SMD). Neste estudo, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington usaram uma abordagem de sequenciamento de todo o genoma para obter perfis de 263 pacientes com câncer mieloide, incluindo 235 pacientes que realizaram análise citogenética.

Resultados

O sequenciamento do genoma inteiro detectou todas as 40 translocações recorrentes e 91 alterações no número de cópias identificadas por análise citogenética. “Além disso, identificamos novos eventos genômicos clinicamente relevantes ​​em 40 de 235 pacientes (17,0%)”, destacam os autores.

“O sequenciamento do genoma permite analisar, com um único exame, todas as alterações genéticas de um paciente com LMA. Atualmente, o que temos disponível comercialmente são chamados painéis genéticos, de NGS, que analisam um número selecionado de genes, em geral buscando apenas detectar as chamadas mutações em ponto e pequenas inserções de deleções”, explica Pires. “Sem dúvida, é o melhor exame para avaliar risco de determinadas alterações genéticas de um paciente com LMA”, acrescenta.

Duncavage e colegas também reportam a agilidade desse diagnóstico por sequenciamento. Em 117 pacientes recém diagnosticados, a análise foi realizada em uma mediana de 5 dias e forneceu novas informações genéticas em 29 casos (24,8%), resultado que alterou a categoria de risco de 19 pacientes (16,2%).

“Em nosso estudo, identificamos que o sequenciamento do genoma completo forneceu perfis genômicos rápidos e precisos em pacientes com LMA ou SMD. Esse sequenciamento também forneceu maior rendimento diagnóstico do que a análise citogenética convencional e uma estratificação de risco mais eficiente com base em categorias de risco padrão”, concluem os autores.

“É preciso ter em mente que o centro de sequenciamento de genoma que realizou esse estudo, na Universidade de Washington, é um dos maiores centros de sequenciamento de genoma do mundo. Eles têm larga experiência com grandes equipes de bioinformática, no preparo da amostra e rapidez nos resultados, por isso conseguem ter esse turn around time de apenas 5 dias”, observa Pires. “É ilusório acreditar que o sequenciamento de genoma feito hj no Brasil teria um turn around time de apenas 5 dias”, acrescenta.

Segundo o especialista, existem dois principais desafios: a velocidade de análise, de implementação, de realizar o sequenciamento per se, e o armazenamento, que demanda uma infraestrutura computacional robusta e de alto custo.

“Mas esse paper é o futuro. Não daqui um ano, mas daqui há 20 anos eu não tenho dúvida alguma que a LMA, e outras doenças mieloides, serão avaliadas através de sequenciamento de genoma, e possivelmente de tanscriptoma. A medicina está caminhando para isso”, conclui o oncohematologista.

Referência: Genome Sequencing as an Alternative to Cytogenetic Analysis in Myeloid Cancers – Duncavage E.J., Schroeder M.C., O’Laughlin M., et al.|N Engl J Med 2021; 384:924-935 - N Engl J Med 2021; 384:924-935 - DOI: 10.1056/NEJMoa2024534


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