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AtualizadoQui, 18 Abr 2024 12pm

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INCA reporta resultados da primeira coorte de câncer e COVID-19

JOAO VIOLA NET OKA análise da primeira coorte brasileira de pacientes com câncer e COVID-19 foi reportada na Plos One, com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), e mostra que as taxas de complicações e morte-específica por COVID-19 foram significativamente altas, chegando no período avaliado a 37,7% em pacientes com tumores sólidos e 23,5% em pacientes com doenças oncohematológicas. O estudo tem como autor sênior o pesquisador João P. B. Viola (foto), chefe da divisão de pesquisa experimental e translacional do INCA, e como primeira autora a oncologista Andreia C. Melo, chefe da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico.

Os pesquisadores realizaram uma busca retrospectiva a partir dos prontuários eletrônicos e identificaram 181 pacientes com COVID-19 com RT-PCR positivo internados no INCA, de 30 de abril a 26 de maio de 2020, que foram considerados elegíveis para este estudo. O acompanhamento médio para a população em geral foi de 5 dias (intervalo interquartil, IQR 2–10,3).

Os resultados clínicos e características demográficas dessa primeira coorte mostram que a média de idade foi de 55,3 anos (DP ± 21,1) e que a infecção por COVID-19 afetou predominantemente mulheres (60,8%) e pacientes com comorbidades (60,8%) e doença metastática (49,7%). Melo e colegas descrevem que pacientes de câncer de mama (40 [22,1%]), gastrointestinal (24 [13,3%]) e ginecológico (22 [12,2%]) foram os mais afetados entre os tumores sólidos. Entre as neoplasias hematológicas, os autores destacam os casos de COVID-19 em pacientes com linfoma (20 [11%]) e leucemia (10 [5,5%]). No total, 63 (34,8%) haviam recebido quimioterapia citotóxica recentemente.

“Para tumores sólidos, a taxa de mortalidade específica de COVID-19 foi de 37,7% (52 de 138 pacientes) e para neoplasias hematológicas de 23,5% (8 de 34). De acordo com a análise univariada, a mortalidade específica por COVID-19 foi significativamente associada com idade acima de 75 anos (P = 0,002), câncer metastático (p <0,001), dois ou mais locais de metástases (P <0,001), presença de metástases pulmonares (P <0,001) ou ósseas (P = 0,001), tratamento não curativo ou melhor tratamento de suporte (P <0,001), níveis mais elevados de proteína C reativa (P = 0,002), admissão devido a COVID-19 (P = 0,009) e uso de antibióticos (P = 0,02)”, descrevem os autores.

“Após análise multivariada, casos com admissão devido a sintomas de COVID-19 (P = 0,027) e com dois ou mais locais metastáticos (P <0,001) mostraram maior risco de morte específica por COVID-19”, acrescentam.

As complicações mais comuns foram insuficiência respiratória (70 [38,7%]), choque séptico (40 [22,1%]) e lesão renal aguda (33 [18,2%]). Um total de 60 (33,1%) pacientes morreram devido a complicações da COVID-19.

Melo et al. lembram que a grande maioria dos pacientes com COVID-19 desenvolve sintomas leves ou permanece assintomática ao longo do curso da doença. Um grupo intermediário de pacientes tem sintomas moderados que requerem hospitalização e alguma intervenção não invasiva. Outro grupo de pacientes têm um curso mais grave da doença, com dessaturação, dispneia, choque séptico e / ou disfunção de múltiplos órgãos, levando a consequências com risco de vida ou morte.

“Pacientes com câncer são mais propensos a ter complicações graves e até morte quando afetados por COVID-19, principalmente devido ao efeito imunossupressor dos tratamentos anticâncer, uso frequente de corticosteroides, idade avançada, comorbidades e doenças pulmonares por envolvimento do tumor primário ou de metástases pulmonares secundárias, aponta a publicação.

No Brasil, o primeiro caso de COVID-19 foi identificado em 26 de fevereiro de 2020. O País destaca-se mundialmente por ter uma das mais íngremes curvas epidemiológicas, reforça a publicação. Seguindo uma tendência exponencial de aumento, o número crescente de casos e mortes continua a preocupar a comunidade científica em todo o mundo.

Nos países de baixa e média renda, a COVID-19 trouxe uma grande carga para os sistemas de saúde pública, levando a novos planejamentos e ajustes na abordagem clínica dos pacientes com câncer.

A íntegra do artigo está disponível em acesso aberto.

Referência: de Melo AC, Thuler LCS, da Silva JL, de Albuquerque LZ, Pecego AC, Rodrigues LdOR, et al. (2020) Cancer in patients with COVID-19: A report from the Brazilian National Cancer Institute. PLoS ONE 15(10): e0241261. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0241261

 


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