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AtualizadoSeg, 18 Mar 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

Reinfecção por SARS-CoV-2 e reativação viral

marcelo soares inca 3 bxDiferentes populações virais do SARS-CoV-2 podem estar presentes no mesmo sujeito e variar em frequências dinâmicas no curso da infecção. É o que conclui estudo de pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que ajuda a entender aspectos relevantes da reinfecção por SARS-CoV-2. “A detecção dessas variantes em eventos distintos de doença de um mesmo indivíduo destaca uma interação complexa entre a reativação viral de uma variante minoritária pré-existente e a reinfecção por um vírus diferente”, reportam os autores, em artigo na Infection, Genetics and Evolution.

Nesta análise de Siqueira et. al, que tem como autor sênior o oncologista Marcelo Soares (foto), os pesquisadores contextualizam o crescente corpo de evidências sobre reinfecção por SARS-CoV-2, com uma sequência de testes de RT-PCR positivo-negativo-positivo. No entanto, esses eventos podem ser explicados por diferentes cenários, como disseminação viral intermitente, reinfecção genuína ou infecção múltipla com predominância alternada de diferentes vírus. Como discriminar cada configuração?

“A análise de variantes menores é uma ferramenta importante para distinguir entre esses cenários. Usando a amplificação por PCR da rede ARTIC e sequenciamento de última geração, obtivemos sequências de SARS-CoV-2 em dois pontos de tempo (com um intervalo de 102 dias) de uma paciente acompanhada no Instituto Nacional do Câncer”, descrevem os autores.

Soares e colegas identificaram três variantes de nucleotídeo único (SNVs) na sequência viral da segunda amostra que já estavam presentes no primeiro sequenciamento como variantes menores. “Outras cinco SNVs encontradas no segundo ponto de tempo não foram detectadas na primeira amostra sequenciada, sugerindo uma infecção adicional por outro novo vírus”, destacam.

Os resultados demonstram a capacidade de múltipla infecção por SARS-CoV-2.“A múltipla infecção pode gerar formas recombinantes mais agressivas do vírus ou que não sejam reconhecidas pelas vacinas existentes. É possível que muitos casos definidos como reinfecção sejam, na verdade, a reativação de uma variante viral pré-existente no indivíduo infectado”, esclarece Soares.

A pesquisa foi coordenada pelo Instituto Nacional do Câncer e contou com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), , além de suporte da Fundação Swiss-Bridge (Suíça) e dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA.

Na literatura, o primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 foi  reportado por To et. al e descreve um homem de 33 anos que testou RT-PCR-positivo para o vírus após 142 dias do primeiro episódio de infecção, com dois testes de RT-PCR negativos entre os dois episódios documentados.

No caso do INCA, o relato é de uma paciente de 76 anos, com insuficiência renal crônica, acompanhada na instituição para um carcinoma de células escamosas estágio IIIb, com reinfecção documentada no intervalo de 102 dias. “No dia 4 de maio a paciente apresentou tosse e febre de 37,9 ° C e a tomografia computadorizada revelou pequenas áreas de vidro fosco e extensa área de consolidação em base esquerda. Na triagem para infecção por SARS-CoV-2, a paciente apresentou múltiplos testes positivos para RT-PCR e COVID-19 grave. Evoluiu com broncoespasmo e hipercapnia refratários, além de hipoxemia com necessidade de intubação endotraqueal”, descreve a publicação.

Soares e colegas reportam que um teste de RT-PCR negativo foi obtido em 20 de maio. ”A paciente se recuperou da doença e teve alta no início de agosto, mas voltou em 16 de agosto inconsciente com sepse grave (UTI complicada e pneumonia) e uma nova tomografia computadorizada de tórax mostrando piora da imagem de consolidação vista em maio e novas áreas de vidro fosco espalhadas em ambos os pulmões. No dia da internação, a paciente voltou a apresentar sorologia positiva para SARS-CoV-2 com baixo valor de Ct no teste de RT-PCR , sugerindo alta carga viral. Devido à piora do seu estado, a paciente morreu no dia seguinte”.

Referência: Juliana D. Siqueira, Livia R. Goes, Brunna M. Alves, Ana Carla P. da Silva, Pedro S. de Carvalho, Claudia Cicala, James Arthos, João P.B. Viola, Marcelo A. Soares, Distinguishing SARS-CoV-2 bonafide re-infection from pre-existing minor variant reactivation, Infection, Genetics and Evolution, Volume 90, 2021, 104772, ISSN 1567-1348, https://doi.org/10.1016/j.meegid.2021.104772.

 


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