28032024Qui
AtualizadoQua, 27 Mar 2024 5pm

PUBLICIDADE
Daichii Sankyo

 

RADICALS-RT não apoia radioterapia adjuvante no câncer de próstata inicial de alto risco

Chris ParkerQual o momento ideal para a radioterapia pós-operatória em pacientes com câncer de próstata de alto risco? Resultados do estudo randomizado de Fase III RADICALS-RT publicados no Lancet não apoiam a administração de rotina de radioterapia adjuvante após a prostatectomia radical. “A radioterapia adjuvante aumenta o risco de morbidade urinária”, descrevem os autores, argumentando que a observação com radioterapia de resgate nos casos de progressão bioquímica do PSA deve ser o padrão atual após a prostatectomia radical. Chris Parker (foto), do Royal Marsden NHS Foundation Trust, é o primeiro autor do estudo.

A prostatectomia radical é o padrão de tratamento para o câncer de próstata clinicamente localizado e geralmente é seguida por radioterapia pós-operatória no leito da próstata. ”Nosso objetivo foi comparar a eficácia e segurança da radioterapia adjuvante versus uma política de observação com radioterapia de resgate para a progressão bioquímica do antígeno prostático específico (PSA)”, descrevem os autores.

No ensaio RADICALS-RT foram elegíveis pacientes com pelo menos um fator de risco (estágio T patológico 3 ou 4, escore de Gleason de 7–10, margens positivas ou PSA pré-operatório ≥10 ng/mL). Os pacientes foram randomizados 1: 1 para radioterapia adjuvante ou observação com radioterapia de resgate para a progressão bioquímica do PSA (PSA ≥0,1 ng/ mL ou três aumentos consecutivos). Os fatores de estratificação foram pontuação de Gleason, status de margem,  radioterapia planejada (52,5 Gy em 20 frações ou 66 Gy em 33 frações) e a instituição, considerando que o recrutamento envolveu centros no Canadá, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido. O principal endpoint primário foi a ausência de metástases à distância, projetado com 80% de poder para detectar uma melhora de 90% com radioterapia de resgate (controle) para 95% em 10 anos com radioterapia adjuvante.

Resultados

Entre 22 de novembro de 2007 e 30 de dezembro de 2016, 1.396 pacientes foram randomizados para radioterapia de resgate (N=699) ou radioterapia adjuvante (N= 697). Os dois grupos foram equilibrados, com idade mediana de 65 anos (IQR 60–68). O acompanhamento médio foi de 4, 9 anos.

No grupo de radioterapia adjuvante, 649 (93%) de 697 participantes relataram radioterapia em 6 meses. No grupo de resgate,  228 (33%) de 699 pacientes receberam radioterapia dentro de 8 anos após a randomização. Com 169 eventos, a sobrevida livre de progressão bioquímica em 5 anos foi de 85% no grupo de radioterapia adjuvante e de 88% no grupo de radioterapia de resgate (HR 1,10, IC 95% 0,81-1,49; p = 0,56).

A ausência de terapia hormonal não protocolada em 5 anos foi de 93% para aqueles no grupo de radioterapia adjuvante versus 92% no grupo de radioterapia de resgate (HR 0,88, IC 95% 0,58-1,33; p = 0,53). A incontinência urinária autorreferida foi pior em 1 ano no grupo de radioterapia adjuvante (pontuação média 4,8 vs 4,0; p = 0,0023).

Estenose uretral de grau 3-4 dentro de 2 anos foi relatada em 6% dos indivíduos no grupo de radioterapia adjuvante versus 4% no grupo de radioterapia de resgate (p = 0,020). Assim, a  análise inicial do RADICALS-RT não mostrou nenhum benefício para a radioterapia adjuvante após a prostatectomia radical, seja no controle bioquímico após a radioterapia, ou em retardar a necessidade de terapia hormonal subsequente.

Em conclusão, esses resultados iniciais não apoiam a administração de rotina de radioterapia adjuvante após a prostatectomia radical. “A radioterapia adjuvante aumenta o risco de morbidade urinária. Uma política de observação com radioterapia de resgate para a progressão bioquímica do PSA deve ser o padrão atual após a prostatectomia radical”, concluem os autores.

O estudo RADICALS-RT está registrado na ClinicalTrials.gov: NCT00541047 e tem financiamento da Cancer Research UK, MRC Clinical Trials Unit e Canadian Cancer Society.

Os autores destacam que o desenho de RADICALS-RT difere de estudos anteriores de radioterapia adjuvante. Em essência, SWOG 87943 e EORTC 229114 compararam a radioterapia adjuvante com a observação isolada. A radioterapia de resgate não era obrigatória na progressão bioquímica do PSA no grupo de observação e, quando  administrada, normalmente era tardia. “No estudo SWOG, apenas 39 (18%) de 211 pacientes receberam radioterapia de resgate para a progressão bioquímica do PSA, e a mediana do PSA no momento da radioterapia de resgate era de 0,075 ng / mL. Por outro lado, a mediana de PSA em RADICALS-RT no momento do tratamento de resgate foi de 0,2 ng / mL. É possível que o uso tardio da radioterapia de resgate possa ter contribuído para o benefício de sobrevida global relatado com a radioterapia adjuvante no estudo SWOG. Esses estudos mais antigos são, portanto, de uso limitado para determinar o momento ideal de radioterapia pós-operatória”, analisam.

Referência: Parker, C. C., Clarke, N. W., Cook, A. D., Kynaston, H. G., Petersen, P. M., Catton, C., … Sydes, M. R. (2020). Timing of radiotherapy after radical prostatectomy (RADICALS-RT): a randomised, controlled phase 3 trial. The Lancet. doi:10.1016/s0140-6736(20)31553-1

Leia mais: RAVES mostra não-inferioridade da radioterapia de resgate no câncer de próstata
GETG-AFU 17: resultados de Fase III favorecem radioterapia de resgate no câncer de próstata localizado de alto risco


Publicidade
ABBVIE
Publicidade
ASTRAZENECA
Publicidade
SANOFI
Publicidade
ASTELLAS
Publicidade
NOVARTIS
Publicidade
INTEGRAL HOME CARE
banner_assine_300x75.jpg
Publicidade
300x250 ad onconews200519