Especialistas discutem recomendações para tratamento do câncer de pênis

penis NET OKEspecialistas de sociedades médicas envolvidas no tratamento de tumores geniturinários estiveram reunidos no III Simpósio Internacional GU Review, em São Paulo, para votação do I Consenso Brasileiro de Câncer de Pênis. Apesar de ser um tumor raro em países desenvolvidos, a incidência do câncer de pênis aumenta significativamente em países subdesenvolvidos. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, representa cerca 2% dos tumores malignos do sexo masculino, sendo mais prevalente nas regiões Norte e Nordeste do País.

“O câncer de pênis é um tumor muitas vezes negligenciado, mas que têm uma incidência elevada em países como o Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. O estado do Maranhão, por exemplo, talvez seja um dos lugares no mundo de maior incidência desse tipo de tumor”, explica o oncologista Andrey Soares, diretor científico do Lacog-GU e um dos responsáveis pela elaboração do Consenso. “É um tumor bastante problemático para o homem, com um impacto psicossocial importante”, acrescenta.

A falta de higiene, tema de campanhas do Ministério da Saúde, é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença, assim como o tabagismo e a zoofilia. “Outro fator de risco bastante importante e com facilidade de prevenção é infecção por HPV, um vírus que também é fator de risco para outros tumores, como por exemplo tumor de orofaringe, de colo de útero, de canal anal. Tanto o preservativo, quanto a vacinação”, afirma.

Uma revisão sistemática e meta-análise publicada no Lancet Oncology em 2019 corrobora a opinião do especialista. O trabalho mostrou que uma grande proporção de casos de câncer de pênis e neoplasias intraepiteliais penianas está associada à infecção pelo HPV (predominantemente HPV16). “A vacinação contra o HPV, especialmente o subtipo HPV16 tem o potencial de transformar o panorama do câncer de pênis em nosso país e deveria ser mais amplamente discutida em nosso meio”, destaca o uro-oncologista Gustavo Carvalhal, professor da PUC-RS.

O Consenso

O conselho de votação para a elaboração do Consenso foi composto por 52 representantes indicados pelo Latin American Oncology Cooperative Group - GU (LACOG-GU), além das Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

Divididas em três blocos, as questões foram organizadas em fatores de risco, diagnóstico, estadiamento, doença localizada e tratamento, doença localmente avançada, doença irressecável, metastática, recidivada, seguimento e terapia óssea para esses pacientes. “O pai

Para estabelecer um consenso, pelo menos 75% do painel deveria concordar com a resposta. O não cumprimento dessa porcentagem resultava em uma recomendação sugerida com base na opinião da maioria dos votantes. “Vale ressaltar que havia sempre uma alternativa de abstenção, para que os profissionais que não estivessem confortáveis em votar sobre determinado tópico muito técnico de determinada área. Dessa forma, você não entra não contamina aquela curva de recomendação”, observa.

Os resultados do consenso serão transformados em um artigo científico e submetidos para publicação em um periódico científico de grande impacto.

“Esperamos contribuir não só para o cenário nacional, como para outros países em desenvolvimento onde a incidência desse tumor é grande, e até mesmo para países desenvolvidos, onde pela baixa incidência, a experiência dos colegas em tratar esses tumores é mínima”, conclui.