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AtualizadoQua, 27 Mar 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

GOG 0213: citorredução secundária não mostrou ganho de sobrevida no câncer de ovário

audrey semana 2019 bxA cirurgia de citorredução seguida de quimioterapia não resultou em maior sobrevida comparada à quimioterapia isoladamente em pacientes com câncer de ovário recorrente sensível à platina. É o que mostram resultados de estudo de fase III do Grupo de Oncologia Ginecológica (GOG) -0213 publicados 14 de novembro no New England Journal of Medicine. Quem comenta é a cirurgiã oncológica Audrey Tsunoda (foto), vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) e vice-diretora do comitê internacional da Society of Gynecologic Oncology (SGO).

 

Nesta análise do GOG, a sobrevida global (SG) foi de 50,6 meses no grupo tratado com citorredução secundária, seguida de quimioterapia baseada em platina com ou sem bevacizumabe e de 64,7 meses no grupo não operado, tratado com quimioterapia baseada em platina e bevacizumabe. A mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 18,9 meses com cirurgia versus 16,2 meses com quimioterapia isolada. Aos 3 anos, a sobrevida foi de 67% no grupo operado e de 74% no grupo não operado.

Os primeiros resultados do estudo foram apresentados na ASCO em 2018."A citorredução cirúrgica é reconhecida como componente-chave do tratamento de primeira linha para o câncer primário de ovário, mas seu papel na doença recorrente, embora considerado benéfico, não havia sido formalmente testado", disse o investigador principal, Robert L. Coleman, oncologista do MD Anderson Cancer Center e professor da Universidade do Texas. "Esta é a primeira pesquisa clínica randomizada realizada nesse cenário e mostra que a cirurgia secundária não beneficia esses pacientes", destacou Coleman.

O estudo randomizado, internacional, incluiu mulheres com câncer de ovário epitelial recorrente, sensível à platina, ou tumor peritoneal primário ou de trompa de Falópio. Todas tiveram resposta clínica completa a pelo menos três ciclos de quimioterapia à base de platina e um valor sérico normal de CA-125, com ou sem exames de imagem, e apresentaram recorrência ressecável, na ausência de ascitet e/u carcinmatose, ou doença extra-periitoneal.

De 6 de dezembro de 2007 a 9 de junho de 2017, 240 pacientes foram randomizadas para citorredução cirúrgica secundária, seguida de quimioterapia à base de platina e 245 pacientes foram randomizados para quimioterapia isoladamente. O acompanhamento médio foi de 48,1 meses.

A ressecção completa do tumor, alcançada em 67% dos pacientes submetidas à cirurgia, quando comparada à citorredução incompleta foi associada a maior SG (HR óbito, 0,61; IC95%, 0,40 a 0,93; SG média, 56 vs 37,8 meses) e SLP (HR para PD ou óbito, 0,51; 95% CI, 0,36 a 0,71; SLP média, 22,4 vs. 13,1 meses). No entanto, a comparação do grupo de ressecção completa (n=150) com todo o grupo sem cirurgia (n=245) não mostrou benefício de SG (HR óbito, 1,03, IC95%, 0,74 a 1,46; OS média, 56 meses e 64,7 meses, respectivamente), embora tenha havido benefício de SLP (HR para PD ou óbito, 0,62; IC 95%, 0,48 a 0,80;  SLP média, 22,4 e 16,2 meses, respectivamente).

Segundo os autores, esses resultados podem estar relacionados aos seguintes fatores: a adição de bevacizumabe a maior parte das pacientes do braço clínico e parte do braço cirúrgico (com detrimento de SG para pacientes operadas que não receberam bevacizumabe), ao emprego de novas terapias ao longo do tempo (i.e. iPARP) e ao volume tumoral baixo das pacientes elegíveis para este estudo.

"Diante desses resultados, precisamos questionar o valor da cirurgia secundária para pacientes com câncer de ovário recorrente", disse Coleman. "Esperamos que este estudo e outros em andamento forneçam os dados necessários para determinar o melhor tratamento, maximizando os resultados e a qualidade de vida desses pacientes", acrescentou.

As diretrizes atuais da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) consideram a citorredução secundária como opção para pacientes que estão há mais de 6 meses em remissão completa após quimioterapia baseada em platina.

“As evidências desse estudo comprovam o benefício em termos de SLP da citorredução secundária completa (ausência de doença residual macroscópica ao término da cirurgia) para pacientes em excelente estado geral, platino sensível, e com baixo volume localizado de doença, seguida de quimioterapia baseada em platina”, afirma Audrey. “Para as pacientes não elegíveis à citorredução secundária completa, não há benefício da cirurgia. A importância da indicação cirúrgica precisa segue os mesmos princípios para a citorredução upfront e de intervalo”, acrescenta.

Pelo menos três outros estudos de Fase III em andamento foram projetados para avaliar endpoints semelhantes: o DESKTOP-III (ClinicalTrials.gov, NCT01166737), o estudo SOCceR (número de registro do ensaio na Holanda: NL3137) e o SOC1 (ClinicalTrials.gov, NCT01611766).

Referência: Secondary Surgical Cytoreduction for Recurrent Ovarian CancerRobert L. Coleman, M.D.,  Nick M. Spirtos, M.D., Danielle Enserro, Ph.D., Thomas J. Herzog, M.D., Paul Sabbatini, M.D., Deborah K. Armstrong, M.D., Jae-Weon Kim, M.D., Sang-Yoon Park, M.D., Byoung-Gie Kim, M.D., Joo-Hyun Nam, M.D., Keiichi Fujiwara, M.D., Joan L. Walker, M.D., et al - N Engl J Med 2019; 381:1929-1939 - DOI: 10.1056/NEJMoa1902626

 


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