TEXT e SOFT: nova análise mostra desfechos de recorrência à distância

debora gagliato 2019 1 bxRecente publicação dos estudos TEXT e SOFT avalia os desfechos de recidiva à distância em 8 anos, em artigo de Pagani et al. publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO). A oncologista Debora Gagliato (foto), da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta os resultados.

Resultados já previamente reportados dos estudos SOFT e TEXT mostraram redução no risco de recidiva com acréscimo de supressão ovariana à hormonioterapia (tamoxifeno ou exemestano), em mulheres na pré-menopausa diagnosticadas com câncer de mama receptor hormonal positivo. Análise combinada de ambos os estudos demonstrou um ganho adicional do uso de inibidor de aromatase em detrimento do uso de tamoxifeno, ambos combinados à análogo de LHRH.

A presente publicação enfatiza desfechos de de sobrevida livre de recorrência (SLR) à distância em 8 anos, sendo incluídas 4.891 mulheres estratificadas de acordo com uso de quimioterapia prévia. As estimativas de Kaplan-Meier para SLR à distância em 8 anos foram analisadas usando a metodologia STEPP (subpopulation treatment effect pattern plot). Para cada paciente, o valor do risco foi obtido a partir de um modelo de Cox que incorporou a idade, status nodal, tamanho do tumor, grau, níveis de expressão do receptor de estrogênio, receptor de progesterona e Ki-67.

A publicação atual, com foco na análise combinada dos estudos TEXT / SOFT, mostrou um ganho absoluto de 2,1% na redução do risco de recidiva à distância com uso de inibidor de aromatase (IA) em detrimento de tamoxifeno em associação à supressão ovariana. Dentre as pacientes que receberam quimioterapia, um grupo de maior risco, o ganho absoluto foi mais substancial, de 5%. Utilizando-se um modelo de risco que utiliza fatores como grau tumoral, índice de proliferação KI67, expressão quantitativa de receptor de estrógeno e progesterona, tamanho da neoplasia primária e comprometimento linfonodal, consegue-se refinar a avaliação de risco do paciente.

“De forma clara, demonstrou-se que pacientes de maior risco obtiveram um ganho ainda maior com uso de IA em detrimento de tamoxifeno. Observou-se que o ganho absoluto do uso de IA em relação a tamoxifeno, ambos associados à supressão ovariana, variou de 1%, para pacientes de alto risco, a 15%, para pacientes de alto risco”, explica Debora.

A especialista observa que, na prática, é muito importante o refinamento, por parte do oncologista clínico, da avaliação do risco de cada paciente no momento da escolha do tipo de hormonioterapia adjuvante. “Pacientes em pré menopausa de maior risco, sem dúvida alguma terão um substancial benefício da combinação de inibidor de aromatase ao análogo de LHRH. É fundamental a estratificação de risco, uma vez que a toxicidade dessas medicações pode acarretar profundo impacto detrimental em qualidade de vida, sendo seu uso justificado, e de extrema importância, para pacientes de risco, as quais possam derivar real ganho com esse regime adjuvante”, conclui.

Referência: Pagani, O., Francis, P. A., Fleming, G. F., Walley, B. A., Viale, G., … Colleoni, M. (2019). Absolute Improvements in Freedom From Distant Recurrence to Tailor Adjuvant Endocrine Therapies for Premenopausal Women: Results From TEXT and SOFT.Journal of Clinical Oncology, JCO.18.01967. doi:10.1200/jco.18.01967