Perfil de mutações do câncer colorretal

Denise Guimaraes NET OKEstudo realizado no Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor) apresentou o perfil de mutações do câncer colorretal de uma série de 91 pacientes brasileiros. A análise foi publicada na Scientific Report, da Nature, e considerou dados de sequenciamento de próxima geração (NGS) de um grande painel de 150 genes, status de instabilidade de microssatélites (MSI) e ancestralidade genética. O estudo tem como primeira autora a médica endoscopista Denise Guimarães (foto), coordenadora do programa de rastreamento do câncer colorretal do Hospital de Amor (Hospital do Câncer de Barretos).

“Nosso estudo sugere que pacientes brasileiros com câncer colorretal exibem perfil de mutação semelhante a outras populações e apresentam mais frequência de genes mutados, o que pode ser útil em futuras terapias-alvo e estratégias de rastreamento molecular”, analisam os autores.

A base molecular do câncer colorretal pode orientar o prognóstico e a terapia do paciente, mas no Brasil o conhecimento sobre o cenário de mutações no câncer colorretal ainda é limitado. Neste estudo, os pesquisadores investigaram o perfil de mutação de 150 genes utilizando sequenciamento de próxima geração, status de instabilidade de microssatélites (MSI) e ancestralidade genética em uma série de 91 pacientes brasileiros com câncer colorretal.

Resultados

Mutações driver foram encontradas nos genes APC, alterado em 65 amostras de tumor (71,4%), TP53 (51 casos,56,0%), KRAS (48 casos, 52,7%), PIK3CA (14 casos, 15,4%) e FBXW7 (10 casos, 10,9%). Os genes nas vias de sinalização MAPK / ERK, PIK3 / AKT, NOTCH e tirosina quinase foram mutados em 68,0%, 23,1%, 16,5% e 15,3% dos pacientes, respectivamente. . A MSI foi encontrada em 13,3% dos tumores, a maioria proximal (52,4%, P <0,001), com alta carga de mutação.

A ascendência genética europeia foi predominante (mediana de 83,1%), seguida pelos americanos nativos (4,1%), asiáticos (3,4%) e africanos (3,2%). As mutações NF1 e BRAF foram associadas à ascendência africana, enquanto as mutações TP53 e PIK3CA foram inversamente correlacionadas à ancestralidade americana nativa.

Segundo a GLOBOCAN, mais de 1,8 milhão de novos casos de câncer colorretal ocorreram em 2018. Ao lado da Costa Rica e Bulgária, o Brasil aparece entre os países com aumento mais significativo na incidência e mortalidade pela doença nos últimos 10 anos. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou mais de 36 mil novos casos no biênio 2018-19, classificando o câncer colorretal como o terceiro mais frequente entre os homens e a segundo mais frequente entre as mulheres.

Referência: Mutation profiling of cancer drivers in Brazilian colorectal cancer - Wellington dos Santos, Thais Sobanski, Ana Carolina de Carvalho, Adriane Feijó Evangelista, Marcus Matsushita, Gustavo Nóriz Berardinelli, Marco Antonio de Oliveira, Rui Manuel Reis & Denise Peixoto Guimarães - Scientific Reports volume 9, Article number: 13687 (2019) – DOI: https://doi.org/10.1038/s41598-019-49611-1