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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 10pm

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Daichii Sankyo

 

Funcionários se unem pela manutenção da Fundação Oncocentro

fosp okFuncionários da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP) se reuniram essa semana em reunião plenária na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para discutir o futuro da Fundação, que enfrenta rumores de desmobilização pelo governo do Estado de São Paulo. Na ocasião, foram apresentados números que atestam sua produtividade e justificam a permanência dos serviços.

“Somos um centro de excelência reconhecido nacional e internacionalmente, mas não fazemos marketing, e exatamente por isso estamos nessa situação. O que falta para a nossa instituição é mostrar o que somos, o que fazemos”, defende a dentista Andréa Alves de Sousa, que trabalha com a reabilitação de pacientes com sequelas do tratamento de câncer de cabeça e pescoço. O serviço oferece reabilitação psíquica, social e física a esses indivíduos, com o fornecimento de próteses (aproximadamente 600 por ano, entre boca, nariz, olhos e orelhas) que possibilitam que eles retomem atividades de fala e alimentação e ajudam a resgatar a autoestima, o convívio social e a qualidade de vida.    

A reabilitação é um dos três principais serviços oferecidos pela Fundação, ao lado do Laboratório de Patologia e do Registro Hospitalar de Câncer.

Registro Hospitalar de Câncer

A FOSP também é responsável pela coordenação da base estadual de dados hospitalares sobre câncer, a única fonte de dados sobre a assistência oncológica praticada nos Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) e nas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Estado. Até junho de 2019 o serviço contava com mais de um milhão de registros.

“Esses registros constituem uma fonte muito importante de informação sobre a assistência oncológica no Estado de São Paulo, com dados referentes ao diagnóstico, tratamento e evolução do paciente após o tratamento. Os dados são provenientes de 74 dos 78 hospitais da Rede de Oncologia do Estado de São Paulo”, explica a epidemiologista Carolina Terra de Moraes.

A especialista observa ainda que existem profissionais desses hospitais que são treinados pela FOSP para exercer a função de registradores de câncer e coletar dados sobre os pacientes nos prontuários hospitalares.

A formação é um dos pilares da Fundação, que oferece ainda um curso de formação de técnicos em citopatologia e é responsável pela capacitação de mais de mil profissionais de atenção básica à saúde por ano para ações de rastreamento e detecção precoce dos cânceres de colo do útero e de mama.

Laboratório de Patologia

Apenas em 2018, o Laboratório de Patologia da Fundação Oncocentro realizou mais de 247 mil exames de papanicolao, 13,7 mil biopsias de colo do útero, mama e pele, e mais de três mil exames de imuno-histoquímica. Apresenta a terceira maior produção do Estado em exames citopatológicos e responde pelo monitoramento de qualidade de outros laboratórios prestadores de serviços para o Sistema Únicos de Saúde (SUS).  

“Somos em 35 funcionários responsáveis pela realização de todos esses exames. Também trabalho no Hospital das Clínicas, e com a mesma quantidade de funcionários são realizados cerca de 20 mil exames por ano. Falar que a Fundação Oncocentro é ociosa chega a ser uma piada”, afirma o patologista Alexandre Muxfeldt Ab´Saber, diretor do laboratório de patologia, em resposta a uma declaração de que a FOSP estaria defasada e ociosa.

“Essa informação não é real. O nosso trunfo é a qualidade do nosso trabalho”, salienta José Eluf-Neto, diretor-presidente na Fundação. “Temos uma estrutura extremamente enxuta, com 89 funcionários, e um orçamento anual de apenas R$ 10,4 milhões, e mesmo assim apresentamos uma produtividade muito grande nos três setores em que atuamos”, ressalta. “Somos um serviço de referência. O ideal seria canalizar essa energia para aprimorar o serviço, fortalecer, e não desativar algo que está funcionando a contento, é eficiente”, acrescenta.  

Para a deputada Beth Sahão (PT-SP), responsável pela realização da plenária na Alesp, o Governo do Estado tem estabelecido uma política de esvaziamento das instituições. "É uma estratégia de desvalorização, falar que determinado serviço dá prejuízo e, assim, convencer a opinião pública de que a privatização é a atitude correta”, afirma.    

De acordo com os funcionários, apesar das dificuldades financeiras, do orçamento apertado e dos baixos valores pagos pelo SUS, a Fundação não é deficitária. Um dos principais responsáveis pelo equilíbrio das contas é o Laboratório de Patologia. “Fomos autorizados a vender serviços de laboratório para fora do SUS. O montante ainda é pequeno, mas ajuda a cobrir os custos da área de reabilitação, por exemplo”, diz Eluf.

Mas, se não apresenta déficit financeiro, o que justifica o interesse do Governo em transferir as atividades para diferentes locais, fragmentando os serviços oferecidos? Um dos motivos apontados seria o interesse no prédio-sede da fundação, que fica em uma área nobre de São Paulo.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, mas não obteve resposta até o fechamento dessa edição. A assessoria de imprensa informou que estão sendo feitos estudos técnicos e que o futuro da FOSP ainda não foi definido.


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