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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Estatinas e prevenção do câncer hepatocelular na hepatite viral

Duilio NET OKPara pacientes com hepatite viral crônica, o uso de estatinas lipofílicas está associado a menor risco de carcinoma hepatocelular e mortalidade comparado ao uso de estatinas hidrofílicas. É o que mostram resultados de estudo sueco publicado na Annals of Internal Medicine. “A redução do risco de HCC encontrada é provocadora, reforça a impressão de estudos prévios e dá suporte à investigação do efeito hepatoprotetor das estatinas lipofílicas em estudos prospectivos”, avalia o oncologista Duílio Rocha Filho (foto), chefe do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC-CE) e membro da diretoria do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG).

 

O estudo foi desenhado para avaliar a relação entre o uso de estatinas lipofílicas ou hidrofílicas e a incidência e mortalidade por carcinoma hepatocelular (CHC) em pacientes com hepatite viral, de 2005 a 2013.

Entre 63 279 adultos elegíveis, a análise considerou uma coorte de 16 668 participantes, sendo 8334 usuários de estatinas (6554 lipofílicas e 1780 hidrofílicas) e 8334 não usuários).

Resultados

O risco de CHC em 10 anos foi significativamente menor entre usuários de estatinas lipofílicas (8,1% vs. 3,3%; diferença de risco absoluto [DR], -4,8% [IC 95%, 6,2 para -3,3%]; taxa de risco ajustada [aHR], 0,56 [IC, 0,41 a 0,79]) comparado a usuários de estatinas hidrofílicas (8,0% vs. 6,8%; RD, -1,2 pontos % [IC, -2,6 a 0,4 %]; aHR, 0,95 [CI, 0,86 a 1,08).

Segundo os autores, a associação inversa entre as estatinas lipofílicas e o risco de CHC parece ser dose-dependente. Comparado com não usuários, o risco de CHC em 10 anos foi menor com 600 ou mais DCDs de estatina lipofílica (8,4% vs. 2,5%; RD, −5,9 % [IC, −7,6 a −4,2 %]; aHR, 0,41 [IC, 0,32 a 0,61]) e a mortalidade em 10 anos foi significativamente menor entre os usuários de estatinas que receberam lipofílicos (15,2% vs. 7,3%; RD, −7,9 % [IC, -9,6 para -6,2 %]) e hidrofílicos (16,0% vs. 11,5%; RD, −4,5 %s [IC, −6,0 a −3,0 pontos percentuais]).

A conclusão dos autores mostra que neste estudo nacional as estatinas lipofílicas foram associadas à incidência e mortalidade significativamente reduzidas do CHC. Não foi encontrada associação entre estatinas hidrofílicas e risco reduzido de CHC. Pesquisas adicionais são necessárias para determinar se a terapia lipofílica com estatina é viável para a prevenção do CHC.

Dados reforçam existência de efeito protetor das estatinas sobre o fígado de pacientes com hepatites crônicas

Por Duílio Rocha Filho

Diversos estudos, incluindo uma metanálise, têm sugerido que o uso de estatinas pode reduzir o risco de HCC em pacientes com doença hepática crônica. Contudo, a natureza retrospectiva desses estudos e a carência de dados detalhados sobre, por exemplo, os tipos de estatina empregados e a dose utilizada ao longo do tempo mantêm incertezas sobre o impacto dessas drogas na incidência da neoplasia. 

A partir de uma grande coorte populacional nacional, Simon et al reforçam a impressão da existência de efeito protetor das estatinas sobre o fígado de pacientes com hepatites crônicas. A magnitude do benefício é robusta e dose-dependente, tendo-se encontrado máxima proteção em indivíduos que fizeram uso equivalente a uma dose moderada de estatina por cerca de dois anos. 

Os autores mostraram que o efeito parece dependente da classe de estatina: agentes lipofílicos, como a atorvastatina e a sinvastatina, associaram-se de forma significativa com a redução do risco de HCC, ao passo que não se encontrou efeito protetor com o uso de estatinas hidrofílicas, como a pravastatina e a rosuvastatina. É possível que o efeito protetor encontrado com as estatinas lipofílicas seja decorrente de uma atividade antitumoral direta, uma redução da replicação viral, um aumento da imunidade antitumoral ou uma maior penetração no hepatócito, em comparação com os agentes hidrofílicos.
 
Como todo estudo baseado em registro populacional, a publicação tem suas limitações. Não se dispunha de dados sobre possíveis fatores confundidores, como erradicação do vírus C, estágio da fibrose e rastreamento de HCC, por exemplo. Ainda assim, a redução do risco de HCC encontrada é provocadora, reforça a impressão de estudos prévios e dá suporte à investigação do efeito hepatoprotetor das estatinas lipofílicas em estudos prospectivos. 

Referência: Simon TG, Duberg A, Aleman S, Hagstrom H, Nguyen LH, Khalili H, et al. Lipophilic Statins and Risk for Hepatocellular Carcinoma and Death in Patients With Chronic Viral Hepatitis: Results From a Nationwide Swedish Population. Ann Intern Med. [Epub ahead of print 20 August 2019] doi: 10.7326/M18-2753


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