PAOLA-1: resultados mostram benefício de sobrevida no câncer de ovário

EVA ANGELICA NET OKA farmacêutica AstraZeneca anunciou dia 14 de agosto resultados positivos do estudo de Fase III PAOLA-1, que avaliou o inibidor de PARP olaparibe (Lynparza®) combinado a bevacizumabe em pacientes com câncer epitelial de ovário (CEO). O ensaio atingiu o endpoint primário e mostrou benefício de sobrevida livre de progressão (SLP) na população por intenção de tratar em relação ao braço tratado com bevacizumabe isoladamente. “Após o significativo benefício com olaparibe em manutenção no CEO com mutação BRCA, demonstrado pelo estudo SOLO1, os resultados do estudo PAOLA são bastante aguardados uma vez que a inclusão independe de status mutacional”, afirma a oncologista Angélica Nogueira-Rodrigues (foto), presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG), médica na clínica DOM Oncologia e professora na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os resultados, incluindo análises de subgrupos, devem ser apresentados na ESMO, em setembro. “PAOLA-1 é o segundo ensaio clínico de Fase III positivo com Lynparza® em câncer de ovário avançado de 1ª linha”, observou a farmacêutica.

Depois dos resultados positivos do estudo SOLO-1, os dados do PAOLA-1 corroboram evidências de eficácia e segurança de olaparibe no câncer de ovário, desta vez como tratamento de manutenção de 1ª linha para pacientes com tumores serosos de alto grau (FIGO III-IV ) ou câncer de ovário endometrioide, de trompas de falópio ou câncer peritoneal que tiveram resposta completa ou parcial ao tratamento de 1ª linha com quimioterapia à base de platina. As pacientes foram randomizadas para manutenção com bevacizumabe e olaparibe (braço experimental) comparado a bevacizumabe isolado.

Angélica explica que estudos pré-clínicos e clínicos (Liu et al, Lancet 2016) vêm reforçando existência de sinergismo entre inibidores de angiogênese e inibidores de PARP. “Tratamentos mais eficazes são extremamente necessários neste contexto clínico, em que mais de 80% das pacientes apresentam recidiva após o tratamento inicial. Importante ressaltar que entre 20 e 25% das pacientes com CEO apresentam mutação em BRCA, e neste grupo de pacientes o já conhecido ganho com iPARP é muito relevante e pode ter impactado significativamente o ganho na população total. Desta forma, a apresentação completa dos dados com detalhamento por subgrupos é fundamental para a correta interpretação deste estudo que tem potencial de impactar significativamente a prática clínica”, avalia Angélica.