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AtualizadoQua, 24 Abr 2024 8pm

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Gemcitabina adjuvante no câncer de bexiga

ANDREY NET OK

Qual o papel de gemcitabina intravesical adjuvante no câncer de bexiga de baixo grau não invasivo? Artigo de Robert Dreicer discute o assunto na NEJM Journal Watch1, comentando estudo de Messing EM et al.2, que mostrou menos recorrência da doença entre os pacientes tratados com gemcitabina. Andrey Soares (foto), chair do LACOG GU e oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Centro Paulista de Oncologia, analisa os resultados.

“Embora a mitomicina intravesical adjuvante tenha demonstrado anteriormente eficácia nesse cenário clínico, seu uso na comunidade é baixo, em parte devido a preocupações com toxicidade e custo, ambos potencialmente reduzidos com a gemcitabina. O atual estudo do mundo real fornece uma esperança renovada de que os resultados claros encontrem seu caminho na prática clínica de rotina”, comenta Dreicer.

O autor contextualiza a importância de estratégias mais efetivas no tratamento do câncer de bexiga de baixo grau não invasivo, hoje uma neoplasia frequente e que consome recursos significativos em recorrências que exigem longos períodos de observação com cistoscopia, citologia e ressecção transuretral de tumor de bexiga (TURBT, da sigla em inglês)3.

Segundo Andrey, quase 70% dos pacientes apresentam-se com doença músculo invasiva, e o grande problema é que a maior parte destes pacientes irá recidivar4,9. “Até hoje o tratamento recomendado para os pacientes com câncer de bexiga não músculo invasivo de baixo grau é a ressecção transuretral máxima seguido de mitomicina5,6. No Brasil enfrentamos ao menos 2 dificuldades para realizar o tratamento ideal, uma delas é o tempo até o resultado da patologia, uma vez que a mitomicina deve ser infundida algumas horas após o procedimento6. O outro é a ausência de mitomicina no país nos últimos anos, assim como tem acontecido com a oncoBCG, utilizada no tratamento dos tumores de alto risco7,8”, observa.

Dreicer lembra que a administração intravesical de gemcitabina, amplamente utilizada no câncer urotelial avançado, demonstrou eficácia e segurança em estudos de fase II e III. “Para testar ainda mais sua eficácia, os pesquisadores conduziram estudo randomizado de fase III, no qual 406 pacientes com câncer urotelial invasivo de baixo grau e não-muscular receberam gemcitabina intravesical pós-TURBT ou solução salina”, descreve. “Os resultados mostram que menos pacientes que receberam gemcitabina versus solução salina tiveram recidiva da doença (35% vs. 47%; hazard ratio, 0,66; P <0,001). A taxa de eventos adversos de grau 3 foi semelhante com gemcitabina ou salina e não ocorreram eventos com toxicidade superior”, compara.

Andrey reforça que a gemcitabina já havia demonstrado sua eficácia no tratamento dos tumores de bexiga não músculo invasivos recidivados e este estudo do Messing trouxe uma nova opção de tratamento a mitomicina com um nível de evidência adequado9. “Infelizmente ainda não resolvemos o problema dos pacientes com tumores de alto grau que carecem de estudos com bom nível de evidência para o tratamento, permanecendo a oncoBCG como a melhor opção”, diz. “Neste cenário a chegada destes dados ao menos minimiza um dos problemas citados previamente que é a ausência de uma droga efetiva na prevenção da recorrência dos cânceres de bexiga não músculo invasivos de baixo grau”, conclui.

Referências:

1 - Robert Dreicer,reviewing Messing EM et al. JAMA 2018 May 8., disponível em https://www.jwatch.org/na46705/2018/05/16/adjuvant-intravesical-gemcitabine-low-grade-bladder-cancer

2 - Messing EM et al. Effect of intravesical instillation of gemcitabine vs saline immediately following resection of suspected low-grade non–muscle-invasive bladder cancer on tumor recurrence: SWOG S0337 randomized clinical trial. JAMA 2018 May 8; 319:1880. (https://doi.org/10.1001/jama.2018.4657)

3 - Kaffenberger SD et al. Simplifying treatment and reducing recurrence for patients with early-stage bladder cancer. JAMA 2018 May 8; 319:1864. (https://doi.org/10.1001/jama.2018.4656)

4 - CA Cancer J Clin. 2018 Jan;68(1):7-30.

5 - J Urol. 1996 Apr;155(4):1233-8.

6 - J Urol. 1999 Apr;161(4):1120-3.

7 - http://www.brasil.gov.br/saude/2016/12/anvisa-suspende-fabricacao-de-vacinas-bcg-e-imuno-bcg

8 - http://www.mpf.mp.br/regiao3/atuacao/direitos-do-cidadao/naop-atas-de-sessoes-e-votos/naop-atas-de-sessoes-e-votos-2017/08-03-2017-ata-100a-e-votos/voto-no-4166-2017-naop-pfdc-prr3aregiao-referencia-pp-no-1-34-001-002749-2016-13/at_download/file

9 - J Clin Oncol. 2010 Feb 1;28(4):543-8.


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