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InterCHANGE: câncer de cabeça e pescoço na América do Sul

Renata Abrahao NET OKA maioria dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço na América do Sul é diagnosticado com doença avançada e têm baixa sobrevida. Os resultados preliminares do estudo InterCHANGE foram apresentados em março no 6º Annual Symposium on Global Cancer Research, em Nova York, e publicados no Journal of Global Oncology. O estudo foi coordenado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) e contou com a participação de pesquisadores brasileiros. Quem comenta é a epidemiologista Renata Abrahão (foto), Postdoctoral Fellow na IARC e uma das autoras do estudo.

O estudo InterCHANGE buscou avaliar o impacto de fatores sociodemográficos, clínicos e de estilo de vida, assim como da infecção pelo papilomavírus humano (HPV) na sobrevida do câncer de cabeça e pescoço, doença de alta incidência na região e que atualmente apresenta dados escassos de sobrevida. 

Métodos e resultados

Os pacientes foram recrutados entre 2010 e 2016 em sete centros na Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai. Através de um questionário, os pesquisadores obtiveram informações sobre idade, estadiamento da doença ao diagnóstico; sexo; nível educacional; raça/etnicidade; e histórico de tabagismo e consumo de álcool. Foram coletadas amostras de sangue para testar a presença de infecção pelo HPV tipo 16, que é atualmente reconhecido como importante fator de risco para o desenvolvimento de tumores de orofaringe.

Entre 1.314 pacientes recrutados, 348 tinham câncer de orofaringe, 381 de orofaringe, 75 de hipofaringe, e 510 de cavidade oral.  Todos os casos foram confirmados por citologia. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (81%), brancos (64%), tabagistas (85%), etilistas (82%), tinham idade mediana ao diagnóstico de 60 anos e apenas ensino fundamental (54%).

A maioria dos pacientes (66%) foi diagnosticada com doença em estádio IV ao diagnóstico , variando de 53% para a laringe a 83% para a doença de orofaringe. A sobrevida global em três anos foi de 53% para a laringe, 47% para cavidade oral, 40% para orofaringe, e 36% para hipofaringe.

Em uma análise de 156 pacientes com câncer de orofaringe com sorologia disponível para HPV16, os autores observaram que pacientes com câncer de orofaringe HPV positivo tiveram melhor sobrevida (73%) em comparação com pacientes HPV negativo (27%).

Segundo Renata, embora estudos em países de alta renda também tenham demonstrado que o câncer de cabeça e pescoço é geralmente diagnosticado em fase avançada e tenha uma baixa sobrevida, os resultados do estudo InterCHANGE sugerem que na América do Sul uma maior proporção de pacientes é diagnosticada com tumor avançado e tem sobrevida inferior comparado com estudos da Europa ou dos Estados Unidos. “O câncer de cabeça e pescoço pode ser prevenido, na maioria das vezes, através de políticas de saúde que visem diminuição do tabagismo e consumo excessivo de álcool, sendo fundamental o envolvimento dos profissionais de saúde orientando os pacientes a evitar o fumo e uso de bebidas alcoólicas”, afirma Renata.

Os pesquisadores ressaltam que a melhora da sobrevida depende, em grande parte, de esforços para diagnosticar a doença em um estádio inicial. “É importante que pacientes e profissionais de saúde estejam atentos para os sinais e sintomas deste tipo de câncer, por exemplo lesão bucal esbranquiçada ou avermelhada sem melhora (câncer de cavidade oral), rouquidão (câncer de laringe), dor para deglutir (câncer de orofaringe), e linfonodos (“caroço”) no pescoço, entre outros”, conclui a epidemiologista.

Referência:  Predictors of Survival After Head and Neck Cancer in South America: Preliminary Results of the InterCHANGE Study - DOI: 10.1200/jgo.18.17000 Journal of Global Oncology - published online before print March 15, 2018


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