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AtualizadoQua, 24 Abr 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Pancreatite aguda e risco de câncer pancreático

heber BxA pancreatite aguda pode ser um fator de risco para câncer pancreático. É o que mostram os achados de estudo dinamarquês publicado na Gastroenterology, que investigou a associação entre pancreatite aguda e câncer pancreático em mais de 40 mil pacientes. “O mais interessante nos resultados foi a permanência do aumento do risco de ocorrência do adenocarcinoma pancreático em pacientes com histórico de pancreatite aguda, mesmo após 5 anos de acompanhamento, o que reduz a chance de uma falsa correlação”, afirma Heber Salvador de Castro Ribeiro (foto), cirurgião oncológico do A.C.Camargo Cancer Center e secretário geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

 

“As estratégias de diagnóstico precoce, dentre elas, a identificação de fatores de risco, apresentam grande potencial de impacto nos resultados de sobrevida, fazendo par com os avanços que o tratamento multidisciplinar da doença apresentou nas últimas décadas”, acrescenta Heber.

Alguns destes fatores de risco são reconhecidos de longa data e incluem a história familiar de câncer de pâncreas, síndromes de predisposição genética (câncer de mama hereditário, ovário, melanoma múltiplo familiar, Peutz-Jeghers e pancreatite hereditária) e o tabagismo. “O etilismo, a pancreatite crônica de etiologia alcoólica e o diabetes também têm sido elencados como fatores de risco em algumas casuísticas, embora de maneira mais controversa e com hazard ratios menores que os fatores citados anteriormente. Mas a grande discussão que se apresenta neste tópico na literatura tem sido, ainda, o impacto da ocorrência de pancreatite aguda na incidência do câncer de pâncreas, assunto sobre o qual este importante estudo de base populacional lança nova luz”, diz.

O estudo

Neste estudo de coorte de base nacional e populacional todos os pacientes admitidos em um hospital na Dinamarca com diagnóstico de pancreatite aguda de 1º de janeiro de 1980 a 31 de outubro de 2012 foram considerados na análise. Até 5 indivíduos da população em geral sem pancreatite aguda foram pareados por idade e sexo para cada paciente com pancreatite aguda.

O risco de câncer de pâncreas foi expresso por razões de risco (HRs) com intervalos de confiança de 95% (ICs), calculados usando o modelo de riscos proporcionais de Cox. Os modelos de Cox foram estratificados por idade, sexo e ano de diagnóstico de pancreatite e ajustados para condições relacionadas a álcool e tabaco e escore do índice de comorbidade de Charlson.

Resultados

Foram incluídos 41.669 pacientes com diagnóstico de pancreatite aguda e 208.340 indivíduos no braço de comparação. Os dados da análise mostram que pacientes com pancreatite aguda tiveram risco aumentado de câncer de pâncreas em comparação com a população geral pareada por idade e sexo durante todo o período de acompanhamento.

O risco diminuiu com o tempo, mas permaneceu alto após 5 anos de acompanhamento (HR 2,02; IC95% 1,57-2,61). O risco absoluto de desenvolver câncer pancreático em dois e cinco anos entre os pacientes com pancreatite aguda foi de 0,68% (IC 95% 0,61% -0,77%) e 0,85% (IC 95% 0,76% -0,94), respectivamente.

A conclusão dos autores é de uma associação positiva entre o diagnóstico de pancreatite aguda e o risco a longo prazo de câncer pancreático.

“Os resultados sugerem que a pancreatite aguda pode, inclusive, ser a manifestação do próprio tumor ou, mais frequentemente, de lesões pré-neoplásicas como a neoplasia intraductal papilífera produtora de mucina. Tal fato deve ser levado em consideração”, explica o cirurgião.

Segundo Ribeiro, a principal falha do estudo talvez seja justamente não elencar tais lesões pré-neoplásicas nos achados do follow-up dos pacientes com antecedentes de pancreatite aguda, o que poderia justificar em parte a associação. “Além disso, o possível mecanismo desta correlação segue indefinido, bem como a análise de custo-efetividade de se realizar acompanhamento dos pacientes com histórico de pancreatite aguda com vistas ao diagnóstico precoce do adenocarcinoma pancreático. Mesmo assim, sem dúvida fica a mensagem de que estas duas entidades podem estar correlacionadas e o alerta para a investigação nesta população”, conclui.

Referências:  Acute Pancreatitis and Pancreatic Cancer Risk: A Nationwide Matched-Cohort Study in Denmark - Jakob Kirkegård, Deirdre Cronin-Fenton, Uffe Heide-Jørgensen, Frank Viborg Mortensen - Gastroenterology. 2018 Feb 9. pii: S0016-5085(18)30200-2. doi: 10.1053/j.gastro.2018.02.011. [Epub ahead of print]

 


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