KEYNOTE-189: pembrolizumabe mais quimioterapia no câncer de pulmão não pequenas células metastático

Pulm o 2017 NET OKPacientes com câncer de pulmão não pequenas células não-escamoso metastático (CPNPC) que receberam pembrolizumabe mais quimioterapia tiveram sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP) significativamente prolongadas em comparação com os pacientes que receberam quimioterapia isolada. Os dados do estudo de fase III KEYNOTE-189 foram apresentados no AACR Annual Meeting 2018 e publicados simultaneamente no New England Journal of Medicine.

"Os resultados do KEYNOTE-189 são practice-changing", observou Leena Gandhi, professora associada do Departamento de Medicina e diretora do Thoracic Medical Oncology Program, Perlmutter Cancer Center da NYU Langone Health. "O estudo demonstrou uma melhoria na taxa de resposta global (ORR), sobrevida livre de progressão e sobrevida global em todos os grupos de pacientes, independentemente da expressão de PD-L1, reduzindo pela metade o risco de morte, que é um efeito sem precedentes no cenário do tratamento de primeira linha do CPNPC avançado não-escamoso sem mutações EGFR ou ALK”.

Sobre o estudo

KEYNOTE-189 é um estudo randomizado, duplo-cego, fase III, realizado em pacientes com CPNPC não escamoso metastático sem mutação EGFR ou ALK que não receberam tratamento prévio para doença metastática. Os pacientes (n=616) foram randomizados 2:1 para receber pemetrexede e uma quimioterapia baseada em platina mais 200mg de pembrolizumabe (braço de teste) ou placebo (braço controle) a cada 3 semanas durante 4 ciclos, seguido por pembrolizumabe ou placebo até um total de 35 ciclos mais terapia de manutenção com pemetrexede. Os pacientes foram estratificados com base no score de proporção de PD-L1 no tumor (<1% ou ≥ 1%), entre outros fatores.

Os endpoints primários foram sobrevida global e sobrevida livre de progressão, avaliada por revisão radiológica central cega e independente.

Após um acompanhamento médio de 10,5 meses, a taxa estimada de sobrevida global aos 12 meses foi de 69,2% (IC 95%, 64,1 a 73,8) no grupo combinado com pembrolizumabe versus 49,4% (IC 95%, 42,1 para 56,2) no grupo placebo (hazard ratio para morte, 0,49; IC 95%, 0,38 a 0,64; P <0,001). A melhoria na sobrevida global foi observada em todas as categorias de PD-L1 avaliadas.

A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 8,8 meses (IC 95%, 7,6 a 9,2) no grupo combinado com pembrolizumab e 4,9 meses (IC 95%, 4,7 a 5,5) no grupo placebo (HR para progressão da doença ou morte, 0,52; IC 95%, 0,43 a 0,64; P <0,001).

O crossover dos pacientes para receber pembrolizumabe foi autorizado em casos de progressão. "Apesar de uma taxa de crossover de 50%, houve um benefício de sobrevida muito claro, sugerindo que a terapia combinada upfront pode ser melhor do que a administração dos inibidores de PD-1/PD-L1 mais tarde no curso da doença", disse Gandhi.

Eventos adversos de grau 3 ou superior ocorreram em 67,2% dos pacientes no grupo de combinação de pembrolizumab e em 65,8% daqueles no grupo de combinação de placebo. Houve aumento na taxa de lesão renal aguda no braço de pembrolizumabe (5,2% versus 0,5% no braço de controle). A descontinuação do tratamento devido a eventos adversos foi de 13,8% no braço de teste versus 7,9% no braço controle. Eventos adversos imunológicos ocorreram em 22,7% dos pacientes no braço de teste vs 11,9% dos pacientes no braço controle.

Segundo os autores, uma limitação do estudo é o fato de não ter sido desenhado para avaliar se os pacientes com alta expressão de PD-L1 se beneficiariam com pembrolizumabe isolado versus pembrolizumabe mais quimioterapia.

Referência:  KEYNOTE-189: Pembrolizumab plus Chemotherapy in Metastatic Non–Small-Cell Lung Cancer - Leena Gandhi et al - April 16, 2018 - DOI: 10.1056/NEJMoa1801005