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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Fisioterapia após dissecção linfonodal no câncer de mama

Jaqueline NET OKNovos achados de um ensaio clínico com pacientes de câncer de mama sugerem que o exercício guiado por um fisioterapeuta após a dissecação linfonodal ajuda as mulheres a recuperar a amplitude de movimento do braço mais rapidamente. Os resultados foram apresentadas no 2018 Cancer Survivorship Symposium em Orlando, Flórida. “O estudo mostra que apesar de orientações pós-operatórias surtirem efeito, a intervenção fisioterapêutica acelera em três vezes a retomada da amplitude normal de movimento dos membros superiores”, diz a especialista em Fisioterapia Oncológica e Hospitalar Jaqueline Munaretto Timm Baiocchi (foto), vice-presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia (ABFO).

A grande maioria das mulheres tratadas para câncer de mama são submetidas à dissecção linfonodal, seja sentinela ou axilar, o que muitas vezes resulta em restrições dos movimentos do braço, incluindo a amplitude de movimento (ADM), temporária ou permanente. O objetivo desta análise secundária foi determinar se um programa de prevenção de linfedema (LE) impactaria a amplitude de movimento tanto no braço afetado como naquele não afetado.

“O tratamento cirúrgico do câncer de mama com abordagem da axila, pode trazer disfunções a mulher no pós-operatório. A mais temida complicação é o linfedema, que tem maior risco quanto mais extensa for a linfonodectomia axilar. Outra complicação é a dificuldade na movimentação do ombro e braço. A hipomobilidade no pós-operatório acarreta em aderências cicatriciais, fraqueza, encurtamento muscular e dor. Uma prática muito comum nos centros de tratamento oncológico, são os “grupos de mama”. “Esses grupos são reuniões de pacientes no pós-operatório, que são orientadas através da supervisão de um fisioterapeuta, a realizar em grupo, exercícios específicos para o pós-operatório do câncer de mama”, explica Jaqueline. 

Métodos

A análise faz parte do ensaio clínico randomizado de fase III Lymphedema Education and Prevention study (CALGB 70305), que avalia se a educação, com ou sem exercícios adaptados, incluindo visita a um fisioterapeuta, pode ajudar a prevenir o linfedema em mulheres com câncer de mama e dissecção dos linfonodos axilares.

O estudo randomizou 568 mulheres para receberem materiais educacionais sobre sinais e sintomas de linfedema, além de estratégias para reduzir o risco (braço ‘educação’, n=253), ou para receber educação e uma sessão de fisioterapia com orientações de exercícios de alongamento do braço e respiração (braço ‘educação + exercício’, n=315).

As mulheres receberam surveys para responder antes da cirurgia, imediatamente após a cirurgia, um ano após a cirurgia e aos 18 meses após a cirurgia. O objetivo foi avaliar a amplitude de movimento do braço em cinco níveis - de muito pouco a alcance total.

Resultados

Antes da cirurgia, menos mulheres no grupo de educação + exercício em comparação com o grupo de educação isolada relataram amplitude total do movimento do braço (braço esquerdo: 58% vs 75%, braço direito: 57% vs 76%). Enquanto a amplitude de movimento geralmente melhorava ao longo do tempo em ambos os grupos, as mulheres no grupo de exercícios apresentaram melhorias mais rápidas.

Antes da cirurgia, as mulheres no grupo "educação + exercício" apresentaram menos probabilidade de relatar ROM completa para ambos os braços em comparação com mulheres no grupo " apenas educação" (braço esquerdo: 58% vs 75%; braço direito: 57% vs 76%; p = 0,0004 para ambos os braços). Aos 12 meses, as mulheres no grupo "educação + exercício" relataram maior ROM (esquerda: 91% vs 84% p = 0,16; direita: 90% vs 83%; p = 0,02) em comparação com as mulheres no grupo "apenas educação". Nos 18 meses após a cirurgia, 93% das mulheres em ambos os grupos relataram ter recuperado a amplitude de movimento total em ambos os braços.

Uma análise secundária do estudo explorou o quanto a amplitude de movimento melhorou no braço afetado onde a cirurgia foi realizada. Os pesquisadores descobriram uma melhora de 32% na amplitude de movimento aos 12 meses no grupo de exercícios em comparação com uma melhoria de 6% no grupo de educação; e uma melhoria de 37% no grupo de exercícios aos 18 meses versus 13% no grupo de educação isolada.

"O exercício ajudou a maioria das mulheres a recuperar rapidamente a amplitude do movimento do braço, mas infelizmente a maioria dos planos de saúde não cobre esse tipo de intervenção”, diz a autora principal do estudo, Electra D. Paskett, professora de pesquisa na Ohio State University Comprehensive Cancer Center. No Brasil, o atendimento fisioterapêutico no câncer de mama é coberto pelos planos de saúde. "No entanto, ainda não termos códigos específicos nas tabelas para a cobrança do mesmo. Ainda temos tabelas antigas onde constam códigos para disfunções ortopédicas, reumatológicas e neurológicas, e o profissional fisioterapeuta precisa tentar adequar um desses códigos ao atendimento em oncologia. O ideal seria a criação de uma tabela específica para os atendimentos de fisioterapia em oncologia", observou Jaqueline.

Os autores estão planejando um novo estudo para verificar como as variações nas técnicas cirúrgicas podem diminuir a incidência ou a duração do linfedema. Os pesquisadores também estão analisando seus dados sobre a amplitude de movimento para verificar se a massa corporal desempenha um papel na velocidade de recuperação após a dissecação linfonodal.

O estudo foi financiado por uma bolsa de pesquisa do National Cancer Institute, National Institutes of Health.

Informações do ensaio clínico: NCT00376597

Referência:  Abstract 123 - Effects of a lymphedema prevention intervention on range of motion among women receiving lymph node dissection for breast cancer treatment (Alliance) CALGB 70305. - Electra D. Paskett et al - Citation: J Clin Oncol 36, 2018 (suppl 7S; abstr 123)

 


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