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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 10pm

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Rastreamento na síndrome de Li-Fraumeni

Achatz Maria Isabel 2017 NET OKUm novo estudo do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI) identificou uma prevalência de câncer maior que a esperada na triagem de indivíduos com Síndrome de Li-Fraumeni (SLF), uma desordem hereditária rara que leva a um risco maior de desenvolver certos tipos de câncer. A pesquisa conduzida por Sharon A. Savage, da Divisão de Epidemiologia do Câncer e Genética do NCI, foi publicada com metanálise no JAMA Oncology. “Este foi o primeiro estudo sobre rastreamento a ser realizado com um grande número de pacientes LFS, confirmando a viabilidade do protocolo de Toronto para esta população de alto risco”, afirma a oncogeneticista Maria Isabel Achatz (foto), que atualmente integra a equipe do NCI.

A LFS é mais frequentemente causada por mutações germinativas ou hereditárias no gene TP53. A desordem resulta em vários tipos de câncer, incluindo sarcoma ósseo e de tecidos moles, câncer de mama, tumores cerebrais e câncer da glândula adrenal, que frequentemente ocorrem em idades jovens. Os indivíduos com SLF têm aproximadamente 50% de risco de desenvolver câncer até 40 anos e até 90% de risco até os 60 anos. Muitos pacientes com SLF desenvolvem mais de um câncer primário ao longo da vida.

A Síndrome de Li-Fraumeni foi descrita pela primeira vez por Frederick Pei Li e por Joseph F. Fraumeni Jr. em 1969. "Pesquisadores do NCI avaliaram extensivamente as famílias com SLF para entender melhor como as mutações da linha germinal no TP53 influenciam o risco e como identificar a melhor forma de prevenir esses casos de câncer ou tratá-los o mais cedo possível ", disse Fraumeni, cientista emérito e diretor fundador da Divisão de Epidemiologia do Câncer e Genética do NCI. "No entanto, devido ao amplo espectro de câncer em famílias com SLF, tem sido desafiador implementar estratégias de câncer universalmente aceitas".

Para resolver esta lacuna no atendimento clínico, os pesquisadores modificaram um protocolo de vigilância do câncer de um estudo já publicado anteriormente e examinaram 116 pacientes com SLF com mutações de linha germinal TP53, a partir de uma variedade de ferramentas, incluindo ressonância magnética (RMI) de corpo inteiro, cérebro e tórax, bem como mamografia, colonoscopia, ultrassonografia abdominal e exames de sangue. O estudo usou modalidades que não utilizam radiação ionizante para imagens (exceto mamografia), uma vez que os pacientes com SLF parecem ser radiossensíveis.

A pesquisa identificou que 40 participantes do estudo (34%) apresentaram anormalidades no exame inicial com RMI do corpo, cérebro ou tórax e exigiram avaliação adicional. Oito desses pacientes (7%) foram diagnosticados com um novo câncer primário. Todos, exceto um dos cânceres encontrados através da triagem, foram completamente removidos cirurgicamente. Em contraste, as técnicas não-MRI utilizadas no estudo não levaram ao diagnóstico de câncer na triagem basal.

"Para as populações de alto risco, como famílias com SLF, abordagens de prevenção personalizadas são críticas para a detecção precoce de muitos tipos de câncer frequentes neste grupo", explicou Savage. "Este protocolo, juntamente com outros estudos publicados, oferece aos pacientes com SLF um novo roteiro para a detecção precoce do câncer".

A meta-análise, publicada na mesma edição da revista, avaliou a viabilidade do protocolo de rastreamento em 578 participantes com SLF em 13 coortes em vários centros de pesquisa em todo o mundo. “No estudo, a taxa de detecção global de tumores malignos foi de 7% em pacientes assintomáticos com diagnóstico de LFS e rastreados com Ressonância Magnética de Corpo Inteiro”, explica Achatz.

“A realização deste estudo só foi possível devido a colaboração internacional de 13 centros que conduzem estudos independentes com portadores da síndrome de Li-Fraumeni, que demonstra a validade do rastreamento com ressonância magnética do corpo inteiro para indivíduos com LFS. Como os pacientes com a síndromes de Li-Fraumeni tem um risco extremamente alto para o desenvolvimento de câncer ao longo da vida, a validação do rastreamento como forma efetiva de detecção precoce da doença é um grande benefício para esta população. O acompanhamento a longo prazo destes pacientes permitirá o aprimoramento do rastreamento para as diferentes coortes deste estudo”, acrescenta a especialista.

"As descobertas deste esforço da equipe internacional demonstram ainda a utilidade do rastreamento por ressonância magnética do corpo inteiro para indivíduos com SLF", disse Savage. "Com o acompanhamento a longo prazo, aprimoramento adicional e através de colaborações internacionais, esperamos estabelecer um regime de triagem que possa ampliar e melhorar a vida dessa população", sinalizou.

Referências:

Phuong ML, et al. High prevalence of cancer at baseline screening in the NCI's Li-Fraumeni syndrome cohort. JAMA Oncol. August 3, 2017. DOI: 10.1001/jamaoncol.2017.1350

Ballinger ML, et al. Baseline surveillance in Li-Fraumeni syndrome using whole-body magnetic resonance imaging: A meta-analysis. JAMA Oncol. August 3, 2017. DOI: 10.1001/jamaoncol.2017.1968


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