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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Menopausa, terapia hormonal e câncer de mama: qual o aumento do risco?

Naz__rio_NET_OK.jpgArtigo de Anthony Swerdlow e colegas apresenta os resultados do estudo que buscou dimensionar a real magnitude do risco de câncer de mama associado ao uso de terapia hormonal na menopausa, a partir de informações coletadas nas séries do Breakthrough Generations Study (BGS). O mastologista Afonso Celso Pinto Nazário (foto), Professor da EPM-UNIFESP, comenta para o Onconews.

“O artigo reforça o conceito de que a terapia de reposição hormonal isolada com estrogênio não aumenta o risco relativo para o câncer de mama, ao contrário da terapia de reposição hormonal combinada com estrogênio e progesterona. E quanto maior a duração do uso da terapia combinada, maior será o risco”, explica o mastologista Afonso Nazário, Professor Livre-Docente da Disciplina de Mastologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP) e Presidente da Comissão Especializada em Mastologia da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

Os dados foram publicados no British Journal of Cancer e mostram que não foi constatado aumento de risco para terapia com estrogênio (HR=1.00), enquanto o risco associado ao uso de terapia hormonal baseada em estrogênio + progestagênio foi de 2,74, com duração média de 5,4 anos. Os autores alertam que critérios de seleção e análise podem subestimar o risco em até 59%.

A terapia hormonal na menopausa (MHT) proporciona alívio dos sintomas do climatério, mas algumas estratégias estão associadas com risco aumentado de acidente vascular cerebral e tromboembolismo venoso, além de risco ampliado para cânceres de mama, ovário e endométrio.

Swerdlow et al lembram que a prescrição de terapia hormonal na menopausa (MHT) diminuiu rapidamente em todo o mundo (Ameye et al, 2014) depois que sua associação com o risco de câncer de mama foi destacada em importantes trabalhos internacionais, como o Women's Health Initiative (Rossouw et al, 2002) e o Million Women Study (2003). Mesmo assim, a reposição hormonal continua a ser usada por muitas mulheres em todo o mundo.  
 
“Os pesquisadores observaram risco relativo associado à terapia de reposição hormonal combinada de 2,74 e, somente com estrogênio, de 1,0, corroborando o estudo WHI, em que no braço de mulheres histerectomizadas que receberam somente estrogênios conjugados, não houve aumento de risco. Os pesquisadores também observaram que o risco relativo era tanto maior quanto maior o tempo de uso de medicação, subindo para 3,27 após 15 ou mais anos de uso, corroborando o Million Women Study”, afirma Nazário.

“O trabalho enfatiza o conceito de que o principal estímulo proliferativo do lóbulo mamário decorre da ação sinérgica do estrogênio e da progesterona. De fato, quando analisamos a fisiologia mamária, na fase folicular do ciclo menstrual, em que o lóbulo mamário está sob a ação apenas do estrogênio, a atividade proliferativa é baixa. Já na fase lútea, sob a ação sinérgica do estrogênio e da progesterona, observa-se o pico da atividade proliferativa”, acrescenta o especialista.

O estudo de Swerdlow e colegas mostra que falhas na forma como a informação foi recolhida e analisada nos estudos epidemiológicos mais publicados podem ter levado a viéses na avaliação do risco de câncer de mama em relação ao uso de terapia hormonal na menopausa. Como exemplo, esclarecem que muitas das análises incluíram mulheres que tiveram histerectomia simples (sem ooforectomia) antes da menopausa natural, assim como apontam estudos prospectivos que apenas recolheram informações sobre a MHT no momento do recrutamento e não acompanharam a continuidade da terapia hormonal no período de seguimento. Embora a evidência epidemiológica mostre risco aumentado de câncer de mama com o uso de MHT (Campagnoli et al, 2005; Greiser et al, 2005; Lee et al, 2005), Swerdlow e colegas sustentam que há incertezas sobre a magnitude do risco.

Assim, o objetivo do estudo foi dimensionar a real magnitude do risco associado ao uso de MHT a partir de informações coletadas nas séries do Breakthrough Generations Study (BGS).

Métodos
 
A partir das séries do BGS os autores avaliaram o status de menopausa no início do estudo e durante o seguimento prospectivo, assim como buscaram avaliar o grau de vieses que ocorreram a partir dos critérios de seleção e análise.
 
O BGS é um estudo de coorte que inscreveu 113693 mulheres do Reino Unido no período de 2003-2015. O primeiro questionário de follow-up foi completado 2,5 anos após o recrutamento, o segundo em aproximadamente 6 anos e o terceiro após 9,5 anos do recrutamento.
 
Para a coorte analítica, Swerdlow e colegas consideraram as mulheres recrutadas de junho de 2003 a dezembro de 2009, inclusive aquelas sem câncer de mama anterior, considerando que no momento da análise final teriam completado o segundo questionário.
 
Os pesquisadores também consideraram o tempo de uso de MHT para cada mulher, que foi dividido em período(s).
 
Resultados
 
Entre as mulheres recrutadas de 2003-2009, 58148 haviam atingido a menopausa e 96% completaram os questionários no período de seguimento. Entre 39183 mulheres com idade da menopausa conhecida, 775 desenvolveram câncer de mama e o risco (HR) associado ao uso de MHT baseado em estrogênio + progestagênio foi de 2,74, com duração média de 5,4 anos – de 3.27 (95% CI: 1.53-6.99) a 15 anos ou mais de uso da terapia hormonal.
 
O risco foi subestimado em 53% quando o uso de MHT com estrogênio + progestagênio não foi atualizado após o recrutamento, em 13% se mulheres com idade incerta de menopausa foram incluídas e em 59% se ambas as situações são aplicáveis. Não foi constatado aumento de risco para MHT com estrogênio (HR=1.00; 95% CI: 0.66-1.54).

Referência: Menopausal hormone therapy and breast cancer: what is the true size of the increased risk? - Jones ME1, Schoemaker MJ1, Wright L1, McFadden E1, Griffin J1, Thomas D1, Hemming J1, Wright K2, Ashworth A3,4,5, Swerdlow AJ1,3. - DOI: 10.1038/bjc.2016.231
 

 


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