20042024Sáb
AtualizadoSex, 19 Abr 2024 10pm

PUBLICIDADE
Daichii Sankyo

 

Quimiorradioterapia no câncer de endométrio de alto risco - PORTEC-3

PILAR_NET_OK.jpgCerca de 15% dos pacientes com câncer de endométrio têm características de alto risco, com maior risco de metástases à distância e morte relacionada à doença. O estudo PORTEC-3 avaliou o benefício de quimiorradioterapia adjuvante em comparação com radioterapia exclusiva para mulheres com câncer endometrial de alto risco. Os resultados de qualidade de vida foram publicados no Lancet OncologyA oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz (foto), Coordenadora da Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), comentou o estudo.

“O estudo mostra que a combinação é factível e dá uma diretriz de como fazê-la, no que se refere a sequencia de tratamento e doses. Os dados de sobrevida, que devem estar maduros em breve, serão determinantes para definir se a combinação de quimioterapia e radioterapia em pacientes com câncer de endométrio deve ou não ser considerada tratamento padrão”, afirma a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz, Coordenadora da Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

"O estudo é bem desenhado, o número de pacientes incluídas é expessivo e os resultados são claros, com análise de qualidade de vida. Apesar de maior toxicidade no grupo da combinação, os resultados apontam para uma recuperação significativa em 12 meses, persistindo apenas a neuropatia significativamente mais frequente, mas <G2, no grupo da combinação de tratamento", acrescenta Pilar.

Sobre o estudo

PORTEC-3 é um estudo aberto, multicêntrico, randomizado, realizado pelo Grupo Holandês de Oncologia Ginecológica, que avaliou mais de 600 mulheres com câncer endometrial de alto risco.  As mulheres foram randomizadas (1: 1) para receber radioterapia exclusiva (48,6 Gy) em frações de 1,8 Gy cinco vezes por semana ou quimiorradioterapia (dois ciclos de cisplatina 50 mg/m2, seguido de quatro ciclos de carboplatina (AUC)e paclitaxel adjuvante (175 mg / m2).

Os endpoints primários foram sobrevida global e sobrevida livre de progressão analisados por intenção-de-tratar. O endpoint secundário foi qualidade de vida, com a avaliação da toxicidade e dos critérios de saúde relacionados com qualidade de vida.

Como parâmetros, o estudo utilizou o questionário da Organização Europeia de Pesquisa e Tratamento do Câncer (EORTC QLQ-C30), além de escalas para avaliação de neuropatia pós-quimioterapia e capacidade funcional. Como o módulo sobre endométrio da EORTC ainda não estava disponível, os pesquisadores empregaram o módulo de câncer do colo do útero (CX24) associado a escalas do módulo de ovário (OV28) com pontuações que avaliam a neuropatia pós-quimioterapia e a qualidade de vida funcional e global.
 
Os dados foram coletados no início do estudo, avaliados após a radioterapia e após 6, 12, 24, 36 e 60 meses após a aleatorização.
 
Resultados
 
Entre 15 de setembro de 2006 e 20 de dezembro de 2013, 686 mulheres foram selecionadas para o estudo PORTEC-3. Destas, 660 preencheram os critérios de elegibilidade e 570 (86%) foram avaliáveis ​​para qualidade de vida. O acompanhamento médio foi de 42,3 meses (25,8-55, 1).
 
Na conclusão da radioterapia e aos 6 meses, os indicadores relacionados à qualidade de vida foram significativamente mais baixos para o grupo tratado com quimiorradioterapia em comparação com radioterapia isolada, melhorando com o tempo. Aos 12 e 24 meses, a avaliação de qualidade de vida foi semelhante entre os grupos, embora o indicador associado ao desempenho físico tenha se mantido ligeiramente menor nos pacientes que receberam quimiorradioterapia.
 
Aos 24 meses, 48 ​​(25%) de 194 pacientes no grupo radioquimioterapia relataram grave formigamento ou entorpecimento em comparação com 11 (6%) de 170 pacientes no grupo da radioterapia (p <0 · 0001). Eventos adversos Grau 2 ou piores foram encontrados em 309 (94%) de 327 pacientes no grupo da radioquimioterapia contra 145 (44%) de 326 pacientes no grupo da radioterapia, enquanto reações grau 3 ou piores ocorreram em 198 (61 %) de 327 pacientes no grupo radioquimioterapia versus 42 (13%) de 326 pacientes tratados com radioterapia isolada (p <0 · 0001), principalmente eventos hematológicos (45%).
 
Não foram encontradas diferenças significativas nos eventos adversos aos 12 e 24 meses, mas a neuropatia sensorial persistiu em 25% dos pacientes no grupo da quimiorradioterapia.
 
De acordo com os autores, este é o primeiro estudo randomizado que avaliou eventos adversos e qualidade de vida com quimioterapia e radioterapia combinada. A quimiorradioterapia teve impacto significativo sobre a qualidade de vida durante e após o tratamento. No entanto, a rápida recuperação ocorreu entre 6-12 meses após a randomização, sem diferença nos eventos adversos de grau 3 aos 12 e 24 meses entre os braços avaliados. Eventos neurológicos de Grau 2 persistiram em 10% dos pacientes no grupo radioquimioterapia contra <1% das mulheres no grupo de radioterapia isoladamente.
 
Para os autores, a combinação de quimiorradioterapia adjuvante para mulheres com câncer endometrial de alto risco é viável. A análise final do estudo PORTEC-3 é aguardada para determinar o benefício de sobrevida.

“Ainda temos muitas perguntas a serem respondidas nesse grupo de pacientes, particularmente em mulheres com doença de alto risco de recidiva, sobre quais os benefícios e toxicidades do tratamento combinado de radioterapia e quimioterapia. Existe um grande número de mulheres utilizando as duas modalidades de tratamento, sem evidências conclusivas do benefício e o estudo PORTEC-3 deve responder a estes questinamentos", conclui Pilar. 
 
O estudo está disponível para acesso livre (http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)30120-6), registrado na plataforma ISRCTN.com, número ISRCTN14387080, e em ClinicalTrials.gov, número NCT00411138.
 
Referência: Toxicity and quality of life after adjuvant chemoradiotherapy versus radiotherapy alone for women with high-risk endometrial cancer (PORTEC-3): an open-label, multicentre, randomised, phase 3 trial - Stephanie M de Boeret al - DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)30120-6
 

 

 


Publicidade
ABBVIE
Publicidade
ASTRAZENECA
Publicidade
SANOFI
Publicidade
ASTELLAS
Publicidade
NOVARTIS
banner_assine_300x75.jpg
Publicidade
300x250 ad onconews200519