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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 2pm

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Neopterina: um novo fator prognóstico

NotasAntigas_Sergio_Nota4_Ov__rio.jpgO oncologista Eduardo Paulino, membro do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (GBTG/EVA) e médico do INCA e do Grupo COI, no Rio de Janeiro, comenta estudo que demonstrou o papel da neopterina como um novo marcador prognóstico em sobrevida global e sobrevida livre de progressão no câncer de ovário.

*Por Eduardo Paulino
 
O câncer de ovário normalmente é diagnosticado em estágios avançados (FIGO III/IV), onde apesar do melhor tratamento possível cerca de 70-80% recaem e apresentam sobrevida em 5 anos de aproximadamente 20-30% (1). Vários são os fatores prognósticos já definidos nesta neoplasia sendo os principais: estadiamento FIGO (2), doença residual pós operatória (3), histologia do tumor (4), idade e performance status do paciente (5).
 
Nos últimos anos podemos observar um grande avanço no conhecimento da relação entre a neoplasia e o sistema imunológico. Neste contexto, importantes fatores prognósticos e preditivos vêm surgindo e por consequência, abrindo novas janelas terapêuticas.
 
Neste artigo publicado pelo grupo austríaco (6), a neopterina (metabólito produzido por macrófagos após estimulação por interferon gama) demonstrou se tratar de um novo marcador prognóstico em sobrevida global (SG) e livre de progressão (SLP) (p<0.001) juntamente com os marcadores já sabidamente reconhecidos (como doença residual, estadiamento FIGO, etc). Quando aplicada analise multivariada, a neopterina manteve-se como fator prognóstico em termos de SG. Após um seguimento de 10 anos as pacientes foram estratificadas como de mau prognóstico quando níveis elevados de neopterina foram encontrados na urina antes e após o tratamento primário (SG 81 x 24 meses para níveis urinários normais ou elevados respectivamente, p=0.001).
 
Este é mais um estudo que demonstra a importância da imuno-oncologia e o papel central que esta vem apresentando na atualidade. Importante lembrar que outros estudos recentes também demonstraram fatores prognósticos relacionados à imunologia. Por exemplo, na ASCO de 2014, Gouley et al demonstraram que com o perfil genético em 63 genes foi possível separar os pacientes em 3 subgrupos definidos na coorte do ICON 7: immune, angioimune e angio (7). O subgrupo immune apresentou melhor prognóstico em termos de SLP (HR 0.47, p=<0.001) e SG (HR 0.45, p=0.005). Já na ASCO deste ano, 2016, Secord et al demonstraram na coorte do estudo GOG 218 que a interleucina 6 (IL6), uma citoquina pró-inflamatória, também se correlacionou como um marcador de mau prognóstico quando em níveis elevados tanto para SLP como em SG (p<0.001) (8).
 
Como descreveram os autores do estudo austríaco, a “neopterina pode ser um biomarcador interessante e merece uma investigação prospectiva para a seleção de pacientes que podem tirar o máximo proveito da manutenção do bevacizumabe no tratamento inicial do câncer de ovário”, assim como o subgrupo angio no ICON 7 e a IL6 no GOG 218 conseguiram predizer um melhor desfecho no braço do bevacizumabe.
 
*Sobre o autor: Eduardo Paulino é membro do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (GBTG/EVA); oncologista do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Grupo COI – Clínicas Oncológicas Integradas, no Rio de Janeiro.
 
Leia mais: Níveis de neopterina associados à sobrevida no câncer de ovário

Referências:
 
1 - http://seer.cancer.gov/statfacts/html/ovary.html accessed on July 2016
 
2 - Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer statistics, 2015. CA Cancer J Clin.2015;65:5-29
 
3 - Du Bois A, Reuss A, Pujade-Lauraine E, Harter P, Ray-Coquaerd I, Pfisterer J. Role of surgical outcome as prognostic factor in advanced epithelial ovarian cancer: a combined exploratory analysis of 3 prospectively randomized phase 3 multicenter trials: by the Arbeitsgemeinschaft Gynaekologische Onkologie Studiengruppe Ovarialkarzinom (AGO-OVAR) and the Groupe d'Investigateurs Nationaux Pour les Etudes des Cancers de l'Ovaire (GINECO). Cancer 2009;115: 1234-44
 
4 - Helen J. Mackay, MD, Mark F. Brady, Amit M. Oza et al. Prognostic Relevance of Uncommon Ovarian Histology in Women With Stage III/IV Epithelial Ovarian Cancer. International Journal of Gynecological Cancer 2010;20:945-952 
 
5 - Matsuo K, Ahn EH, Prather CP, et al. Patient reported symptoms and survival in ovarian cancer. Int J Gynecol Cancer 2011:21(9):1555-1565
 
6 - Long-term significance of urinary neopterin in ovarian cancer: a study by the Austrian Association for Gynecologic Oncology (AGO) - B. M. Volgger1,†, G. H. Windbichler1,†, A. G. Zeimet1, A. H. Graf2, G. Bogner2, L. Angleitner-Boubenizek3, M. Rohde4, U. Denison5, G. Sliutz6, L. C. Fuith7, D. Fuchs8 and C. Marth1,* - Ann Oncol (2016)doi: 10.1093/annonc/mdw248First published online: June 29, 2016
 
7 - Gourley C, McCavigan A, Perren T, et al. Molecular subgroup of high-grade serous ovarian cancer (HGSOC) as a predictor of outcome following bevacizumab. J Clin Oncol 2014;32 [Abstract 5502].
 
8 - Angeles Alvarez Secord, David Tritchler et al. Prognostic and predictive blood-based biomarkers (BMs) in patients (pts) with advanced epithelial ovarian cancer (EOC) treated with carboplatin–paclitaxel (CP) ± bevacizumab (BEV): Results from GOG-0218.J Clin Oncol 2016:34 [Abstract 5521].


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