Medicina personalizada no câncer de tireoide com mutação BRAF V600E

Tireoide_NET_OK.jpgEstudo de fase II liderado por pesquisadores da Penn Medicine mostrou atividade antitumoral promissora de vemurafenibe em um terço dos pacientes com câncer de tireoide metastático BRAF-positivo. Os resultados foram publicados dia 22 de julho no Lancet Oncology.

As mutações BRAF ocorrem em cerca de 40% a 50% dos pacientes com câncer diferenciado de tireoide e têm sido associadas a tumores agressivos e com menor resposta ao iodo radioativo (RAI), geralmente a primeira linha de tratamento. Muitas vezes os pacientes são curados com cirurgia, com ou sem RAI, mas 50% deles permanecem com tumor residual, recorrente ou metastático.
 
Vemurafenibe demonstrou eficácia nesta população de pacientes, assim como outros inibidores multiquinase (MKIS), como sorafenibe e lenvatinibe. "Vemurafenibe é o primeiro inibidor não-VEGFR a mostrar atividade nesta população de pacientes", afirmou Marcia Brose, primeira autora do estudo.
 
O estudo
 
Entre janeiro de 2011 e janeiro de 2013 os pesquisadores inscreveram 51 pacientes de 10 centros acadêmicos e hospitais de todo o mundo com câncer papilífero de tireoide progressivo, iodo-refratário (RAI) recorrente ou metastático, positivo para a mutação BRAF V600E. Os pacientes no grupo um (n=26) não tinham sido previamente tratados com MKIS, enquanto os pacientes no grupo dois (n=25) foram tratados com MKIS. Em ambos os grupos alguns pacientes tinham sido previamente tratados com quimioterapia.
 
Os pacientes receberam vemurafenibe 960 mg via oral duas vezes por dia. O endpoint primário foi a melhor resposta global no grupo 1 avaliada pelo investigador (confirmada em duas avaliações de 4 semanas ou mais de intervalo).
 
A duração média do acompanhamento foi de 18,8 meses (IQR 14,2-26,0) na coorte 1 e 12 meses (6,7-20,3) na coorte 2. Respostas parciais foram registradas em dez dos 26 pacientes no grupo 1 (melhor resposta global 38,5%, 95% CI 20,2- 59,4).
 
Na coorte um, 10 pacientes tiveram uma resposta parcial ao vemurafenibe e nove pacientes adicionais alcançaram doença estável por pelo menos seis meses, para uma taxa combinada de controle da doença de 73%. A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 18,2 meses.
 
Na coorte dois, que tinha pacientes fortemente pré-tratados, seis pacientes tiveram uma resposta parcial e seis alcançaram doença estável por pelo menos seis meses, para uma taxa combinada de controle da doença de 54,5%. A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 8,9 meses ea mediana de sobrevida global foi de 14,4 meses.
 
No geral, os efeitos colaterais experimentados pelos pacientes foram consistentes com aqueles observados em pacientes com melanoma, com exceção de taxas mais elevadas de perda de peso, disgeusia (distorção do paladar), anemia, aumento dos níveis de creatina e alterações hepáticas.
 
O estudo foi financiado pela F. Hoffmann-La Roche e está registrado em ClinicalTrials.gov, número NCT01286753.
 
Referência:Vemurafenib in patientswith BRAFV600E-positive metastaticorunresectable papillary thyroid cancer refractory to radio active iodine: a non-randomised, multicentre, open-label, phase 2 trial - Dr Marcia S Brose, Maria E Cabanillas, Prof Ezra E W Cohen, Lori J Wirth, Todd Riehl, Huibin Yue, Prof Steven I Sherman, Eric J Sherman- Published Online: 22 July 2016 - DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)30166-8