ESMO: estudo valida escala de benefício clínico

Alvaro_Machado_NET_OK.jpgEstudo da Universidade Médica de Viena, o maior centro europeu de oncologia, mostrou a viabilidade da escala de benefício clínico (MCBS) proposta pela ESMO para classificar estratégias de tratamento em tumores sólidos no cenário avançado ou metastático. O oncologista Álvaro Machado (foto), membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e diretor do CTCAN, comenta para o Onconews.

A escala MCBS (Magnitude of Clinical Benefit Scale) foi desenhada para avaliar o real impacto terapêutico de um determinado medicamento registrado no contexto europeu para o tratamento do câncer e foi testada em uma variedade de tumores sólidos durante o processo de desenvolvimento. O estudo austríaco é o primeiro a avaliar a ferramenta na prática diária. Os resultados foram publicados no ESMO open e mostram que a escala MCBS forneceu critérios confiáveis e reprodutíveis na vida real para estratificar a magnitude do benefício clínico. 

“A Escala de Magnitude do Benefício Clínico (MCBS) da ESMO é uma padronização sistemática e complexa do benefício clínico publicado em estudos tanto na adjuvância/neoadjuvância quanto em doença metastática/avançada. O Centro Oncológico da Universidade de Viena utilizou a MCBS nas decisões terapêuticas e demonstrou sua aplicabilidade e reprodutibilidade como instrumento de qualificação nas decisões médicas, considerando o cenário de recursos disponíveis na Europa”, afirma Machado.

Métodos e resultados
 
Na maioria dos tumores, os resultados relatados anteriormente pela MCBS foram consistentes com a prática clínica. A escala indica que no câncer de mama metastático e no câncer de pulmão avançado existe um alto nível de benefício clínico para os padrões de tratamento de primeira linha avaliados, resultado que também refletiu a experiência da vida real, segundo os resultados do estudo de Viena.
 
No entanto, as análises baseadas na primeira versão do MCBS foram limitadas para os cenários de tratamento de resgate no câncer colorretal e no câncer de células renais, por exemplo. Os pesquisadores da Universidade Médica de Viena destacaram que no câncer renal avançado o anti PD-1 nivolumabe atingiu o maior nível de benefício clínico, aumentando a sobrevida com um perfil de toxicidade favorável.
 
Assim, os autores concluem que a escala MCBS é uma excelente ferramenta para a prática clínica, suportando decisões com base no benefício clínico especialmente no cenário das novas opções terapêuticas.
 
Custo x benefício
 
Segundo Machado, um aspecto não considerado, mas alertado na discussão da publicação e em Editorial, foi o custo dos tratamentos, podendo a relação custo x benefício, variável entre países, impactar nas condutas oncológicas. “Ferramentas como esta são bem-vindas à complexa relação entre médicos, pacientes, fontes pagadoras e pressão comercial. Por ser uma Escala que "uniformiza" critérios de benefício clínico, a MCBS pode ser utilizada em qualquer realidade, sempre considerando os recursos disponíveis localmente, inclusive no Brasil. Mesmo sendo os critérios de benefício clínico passíveis de discussão, a MCBS apresenta uma metodologia racional para avaliação destes desfechos”, diz.
 
“A ASCO vem desenvolvendo uma iniciativa semelhante que incorpora o custo dos tratamentos e pode ser relevante para decisões compartilhadas, ajustadas à cada realidade econômica”, acrescenta o especialista. 

Referências:
 
1.                  Kiesewetter, B., Raderer, M., Steger, G. G., Bartsch, R., Pirker, R., Zöchbauer-Müller, S., Prager, G., Krainer, M., Preusser, M., Schmidinger, M., & Zielinski, C. C. (2016). The European Society for Medical Oncology Magnitude of Clinical Benefit Scale in daily practice: a single institution, real-life experience at the Medical University of Vienna. ESMO Open, 1(4), e000066. Accessed July 06, 2016.   
 
2.                  Ciardiello, F., & Tabernero, J. (2016). Applying the ESMO-magnitude of clinical benefit scale in real life. ESMO Open, 1(4), e000090. Accessed July 06, 2016.