Imunoterapia MAGE-A3 não melhora sobrevida livre de doença em CPNPC

CancroPulmao.jpgA terapia adjuvante com o imunoterápico MAGE-A3 não prolongou a sobrevida livre de doença em comparação com placebo em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) cirurgicamente ressecados, MAGE A3-positivo. Os resultados do estudo de fase 3 MAGRIT, duplo-cego, randomizado, placebo-controlado, foram publicados na edição online de 27 de abril do Lancet Oncology.

Para o estudo foram selecionados pacientes de 443 centros em 34 países (Europa, Américas e Ásia-Pacífico) com no mínimo 18 anos e CPNPC estágios IB, II e IIIA, MAGE-A3-positivo, completamente ressecados, que receberam ou não quimioterapia adjuvante. Os pacientes foram randomizados (2:1) para receber 13 injeções intramusculares do imunoterápico MAGE-A3 ou placebo durante 27 meses.
 
O endpoint primário, sobrevida livre de doença (SLD) foi dividido em três objetivos co-primários: SLD na população em geral, na população que não recebeu quimioterapia e em pacientes com uma assinatura genética potencialmente preditiva. As análises finais incluíram a população total tratada (todos os pacientes que receberam pelo menos uma dose de tratamento). 

Métodos e resultados 

Entre 18 de outubro de 2007 e 17 de julho de 2012, foram analisados 13.849 pacientes para a expressão de MAGE-A3; 12.820 tiveram uma amostra válida e destes 4210 (33%) apresentaram um tumor MAGE-A3-positivo. 2.312 destes pacientes preencheram todos os critérios de elegibilidade e foram aleatoriamente designados para tratamento: 1515 receberam MAGE-A3 e 757 receberam placebo. 40 pacientes foram distribuídos aleatoriamente, mas não iniciaram o tratamento.
 
784 pacientes do grupo de MAGE-A3 também receberam quimioterapia, assim como 392 no grupo placebo. O acompanhamento médio foi de 38,1 meses (IQR 27·9-48·4) no grupo de MAGE-A3 e 39,5 meses (27·9-50·4) no grupo placebo.
 
Na população geral, a mediana de sobrevida livre de doença foi de 60,5 meses (95% CI 57,2 - não alcançada) para o grupo que recebeu a imunoterapia MAGE-A3 e 57,9 meses (55,7 - não alcançada) para o grupo placebo (hazard ratio [HR] 1,02, 95% CI0·89-1·18; p=0·74).
 
Dos pacientes que não receberam quimioterapia, a mediana de sobrevida livre de doença foi de 58 meses (95% CI 56·6-não alcançada) no grupo MAGE-A3 e 56,9 meses (44·4 - não alcançada) no grupo placebo (HR 0·97, 95% Cl 0·80-1·18; p=0·76). Devido à ausência de efeitos do tratamento, não foi possível identificar uma assinatura genética preditiva de benefício clínico para a imunoterapia MAGE-A3.
 
A frequência de eventos adversos ≥ grau 3 foi semelhante entre os grupos de tratamento (246 [16%] entre 1515 pacientes do grupo MAGE-A3 e 122 [16%] entre 757 pacientes no grupo placebo). Os eventos adversos mais frequentemente relatados foram infecções e infestações (37 [2%] no grupo MAGE-A3 e 19 [3%] no grupo placebo), doenças vasculares (30 [2%] vs 17 [3 %]), e neoplasia (benignas, malignas, e não especificadas (29 [2%] versus 16 [2%]).
 
O estudo concluiu que o tratamento adjuvante com a imunoterapia MAGE-A3 não aumentou a sobrevida livre de doença em comparação com placebo em pacientes com CPNPC MAGE-A3-positivo cirurgicamente ressecados. Com base nos resultados, o desenvolvimento do imunoterápico MAGE-A3 para uso em CPNPC foi interrompido.
 
O estudo foi financiado pela GlaxoSmithKline Biologicals SA e está registrado no ClinicalTrials.gov (NCT00480025).
 
Referência: Efficacy of the MAGE-A3 cancer immunotherapeutic as adjuvant therapy in patients with resected  MAGE-A3-positive non-small-cell lung cancer (MAGRIT): a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial - Published Online: 27 April 2016 -DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)00099-1