Cisplatina ou carboplatina em câncer cervical recorrente ou metastático

C__ncer_Ov__rio.jpgPara as mulheres com câncer cervical metastático ou recorrente, paclitaxel mais carboplatina confere a mesma vantagem de sobrevida que paclitaxel e cisplatina, atualmente o padrão de atendimento. A sobrevida global (SG) foi de 17,5 meses no grupo carboplatina contra 18,3 meses no grupo cisplatina.

Esse foi o resultado do primeiro ensaio clínico de fase III a comparar a combinação à base de carboplatina com a combinação com cisplatina. No entanto, embora o estudo tenha constatado a mesma sobrevida global entre os pacientes que receberam as duas drogas, as diferenças surgiram quando os pacientes foram separados pela sua história com platina. Entre os pacientes que estavam recebendo platina pela primeira vez, a cisplatina conferiu uma vantagem de sobrevida de 23 meses versus 13 meses no grupo da carboplatina. Para os pacientes que receberam uma dose de platina antes de se matricular no estudo, a carboplatina conferiu maior vantagem de sobrevida.
 
O estudo, "Paclitaxel mais carboplatina versus paclitaxel mais cisplatina em câncer cervical metastático ou recorrente: estudo aberto, randomizado, de fase III JCOG0505’, foi publicado online no Journal of Clinical Oncology (JCO) em 2 de março. O estudo envolveu 250 pacientes de vários centros do Japão, de 2006 a 2009.
 
"Paclitaxel mais carboplatina agora deve ser uma opção de tratamento padrão para câncer cervical metastático ou recorrente. No entanto, a cisplatina ainda é o medicamento chave para os pacientes que não receberam tratamento anterior com cisplatina, como aqueles com estágio inicial de câncer cervical, afirmou Ryo Kitagawa, oncologista no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, NTT Medical Center, em Tóquio, e primeiro autor do estudo. 

Menos internações e menos neurotoxicidade 

A cisplatina tem sido considerada a quimioterapia paliativa mais ativa para o câncer cervical metastático ou recorrente. Paclitaxel adicionado à cisplatina não confere uma maior sobrevida global (SG), mas oferece uma taxa de resposta maior e maior mediana de sobrevida livre de progressão.
 
De acordo com Kitagawa, a carboplatina apresenta várias vantagens, mas a eficácia em comparação com cisplatina nunca tinha sido estudada em um ensaio de fase III."A carboplatina tem sido relatada como um análogo de platina menos eficaz do que a cisplatina para o câncer do colo do útero, mas induz à nefropatia mais suave, provoca menos náuseas/vômitos e neuropatia menor do que a cisplatina," afirmou. Além disso, a combinação de paclitaxel e carboplatina permite o tratamento ambulatorial, enquanto a combinação de paclitaxel e cisplatina exige hospitalização a cada ciclo.
 
Em termos de toxicidade, o estudo do JCO demonstrou que os pacientes no grupo de cisplatina relataram significativamente maior neutropenia de grau 4 (75% de pacientes versus 45,2%), além de maiores neutropenia febril de graus 3-4, elevação da creatinina, e náuseas/vômitos. Os pacientes que receberam carboplatina tiveram uma maior tendência a trombocitopenia e neuropatia sensorial em comparação com os pacientes no grupo da cisplatina.
 
Uma explicação para o motivo pelo qual a carboplatina pode ser mais eficaz do que a cisplatina em pacientes que receberam platina anteriormente é a resistência à cisplatina. O estudo cita essa resistência como uma razão para que platinos alternativos sejam consideradas para as mulheres com câncer cervical metastático ou recorrente.
 
Referências: Kitagawa R, Katsumata N, Shibata T, et al. Paclitaxel plus carboplatin versus paclitaxel plus cisplatin in metastatic recurrent cervical cancer: the open-label randomized phase III trial JCOG0505J Clin Oncol. Epub 2015 March 2.
 
http://jco.ascopubs.org/content/early/2015/02/26/JCO.2014.58.4391