Estresse reduz eficácia do paclitaxel no câncer de mama triplo negativo

Mama_RaioX_Ilustra.jpgPesquisadores do Womens Cancer Research Centre, em Pittsburgh, Estados Unidos, concluíram que os hormônios do estresse podem induzir a resistência ao paclitaxel e ter profundas implicações no tratamento de pacientes com câncer de mama triplo negativo. Os resultados foram publicados dia 16 de abril na edição online do British Journal of Cancer.

Os pesquisadores realizaram um estudo para investigar se os hormônios do estresse aumentam os danos no DNA em células de câncer de mama e se isto tem impacto na eficácia do paclitaxel.
 
O câncer de mama triplo-negativo representa aproximadamente 15% a 20% de todos os subtipos de câncer de mama e é caracterizado por uma ausência da expressão de estrogênio, progesterona e ERBB2 (Ossovskaya et ai, 2011; Metzger-Filho et al, 2012). Os pacientes são tratados com quimioterapia padrão e apresentam menor sobrevida livre de doença e uma elevada taxa de recorrência (Dent et ai, 2007; Dent et al, 2009; Brouckaert et ai, 2012; Chu et ai, 2012), além do risco de desenvolver resistência a terapias convencionais.
 
Embora muitos fatores de risco tenham sido associados com a progressão do câncer de mama (Nelson et al, 2012), os efeitos do estresse psicológico só agora começam a ser reconhecidos. Foi anteriormente demonstrado que os hormônios do estresse, cortisol e catecolaminas, induzem rápidos danos ao DNA e impactam o reparo do DNA em fibroblastos NIH 3T3. 

Métodos e resultados 

Os autores rastrearam um painel de 39 linhagens celulares de câncer de mama para a expressão de receptores adrenérgicos e glucocorticóides, e examinaram se os hormônios do estresse induzem danos ao DNA e alteram o ciclo de regulação celular in vitro. Um modelo de xenoenxerto de câncer de mama triplo-negativo foi utilizado para avaliar o impacto do estresse sobre o crescimento tumoral e a quimiossensibilidade ao paclitaxel.
 
A análise dos resultados demonstrou que os hormônios do estress induzem danos ao DNA e induzem à fosforilação de ATR, promovendo alterações no ciclo celular do câncer de mama triplo-negativo. Também se demonstrou que o estresse diminuiu significativamente a eficácia do paclitaxel.
 
Em conclusão, os autores descreveram um novo mecanismo através do qual os hormônios do estresse podem induzir resistência ao paclitaxel, o que pode ter profundas implicações para o tratamento de resistência aos medicamentos em pacientes com câncer de mama triplo negativo.
 
Referência: British Journal of Cancer (2015) 112, 1461–1470. doi:10.1038/bjc.2015.133 www.bjcancer.com