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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 4pm

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Daichii Sankyo

 

Atenção para o câncer colorretal

Colorretal_NET_OK.jpgMaior estudo sobre o tema já realizado no país avalia a viabilidade de implantar rastreamento para a detecção precoce. Pesquisa de sangue oculto nas fezes por teste imunoquímico é o método de escolha.

Uma pesquisa coordenada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) pretende investigar lesões precursoras do câncer colorretal através da pesquisa de sangue oculto nas fezes por teste imunoquímico e demonstrar a viabilidade de implantar o rastreio populacional no sistema público de saúde. O projeto, denominado “Rastreamento de Câncer Colorretal: Estudo piloto através da pesquisa de sangue oculto nas fezes por teste imunoquímico”, é financiado pelo Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho conta ainda com a participação da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), do Hospital das Clínicas da FMUSP e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), além das secretarias municipal e estadual de Saúde.
 
“O objetivo não é investigar a eficácia do rastreamento, pois dados da literatura já demonstraram há mais de dez anos que a estratégia reduz a mortalidade e a incidência da doença. Nossa intenção é avaliar a viabilidade do método para estabelecer políticas públicas que possibilitem a detecção da doença em seu estágio inicial, diminuindo a incidência e letalidade do câncer colorretal”, explica o epidemiologista José Eluf, professor da FMUSP e coordenador do trabalho.
 
Ele esclarece que não há consenso sobre a técnica ideal para o rastreamento do câncer colorretal. “O mundo inteiro está discutindo isso. A própria US Preventive Services Task Force não define se a melhor técnica é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, a retossigmoidoscopia ou a colonoscopia. Em tese, a colonoscopia seria melhor, mas para o êxito de um programa de rastreamento é fundamental a aderência da população. Estudos recentes têm mostrado maior cobertura com a pesquisa de sangue oculto nas fezes por teste imunoquímico”, diz Eluf.
 
A escolha do método se deu por ser uma técnica mais simples, barata, não-invasiva e com bons resultados. “O teste imunoquímico realizado nas fezes não necessita de preparo e basta uma amostra”.
 
O estudo
 
O estudo está sendo realizado na zona leste da capital paulista. Agentes do Programa Saúde da Família (PSF) vão recrutar 16 mil moradores da região entre 50 e 75 anos, de ambos os sexos, para participar do estudo. Os participantes receberão o kit para a coleta da amostra das fezes, que será submetida ao exame imunoquímico para detectar a presença de sangue oculto. Os indivíduos com resultado positivo serão encaminhados ao Hospital das Clínicas da FMUSP para a colonoscopia. As lesões suspeitas encontradas serão enviadas para análise patológica e os casos com diagnóstico de câncer confirmado serão encaminhados para o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).
 
Gargalos
 
O pesquisador acredita que os resultados do estudo podem contribuir para que o assunto seja visto como prioridade pelos gestores da rede pública e, quem sabe, o modelo de rastreamento possa vir a ser implantado em São Paulo e posteriormente em outras cidades do país onde o câncer colorretal tem impacto no panorama epidemiológico. No entanto, ainda que o estudo confirme a viabilidade do programa, Eluf alerta que existem gargalos que precisam ser trabalhados antes da sua efetiva implementação.
 
“A articulação da atenção primaria até a atenção especializada é essencial. Esse é um grande gargalo. É inaceitável fazer um exame de rastreamento, a pessoa ter a suspeita de câncer e demorar nove meses para confirmar o diagnóstico. Só podemos oferecer um programa de rastreamento se tivermos condições de diagnosticar e tratar adequadamente", diz.
 
Para isso, o pesquisador aponta não só a necessidade de mais aparelhos de colonoscopia, como de profissionais bem capacitados. “Não adianta só comprar o equipamento. Precisamos também de bons colonoscopistas. Senão, vamos deixar de diagnosticar muitos casos e realizar biópsias em diversas lesões que não eram importantes”.
 
Ainda assim, ele acredita que o trabalho representa um ponto de partida. “Conseguir mostrar que é viável e estimar quantas mortes é possível evitar em um câncer que está se tornando terceiro em importância no país é muito relevante”, conclui.
 

 


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