Um novo olhar sobre o câncer de mama metastático

Por_mais_tempo_NET_OK.jpgOrganizada pela Femama, pelo Instituto Oncoguia e pela Roche, a campanha ‘Por Mais Tempo’ busca discutir a realidade das mulheres com câncer de mama metastático, tornar a doença mais conhecida pela sociedade e refletir sobre a necessidade de acesso igualitário aos tratamentos adequados para essas mulheres.

“Hoje vivemos no Brasil uma enorme dicotomia na saúde, em que pacientes com plano médico privado têm acesso a tratamentos modernos que aumentam a expectativa de vida, enquanto as pacientes do sistema público não dispõem dessas terapias. Isso não é justo”, afirmou Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia. “Não queremos mais contabilizar as vidas perdidas pelo atraso da incorporação do tratamento no SUS. Acesso é tempo e tempo é vida”, acrescentou.
 
Como parte da campanha, foi divulgada uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Datafolha que revela a impressão negativa da sociedade com relação ao câncer de mama metastático. A pesquisa entrevistou 2.907 pessoas, homens e mulheres, com idade entre 25 e 49 anos, que não tem ou nunca tiveram câncer, de todas as classes econômicas, no período de março e abril de 2015. Segundo a pesquisa, apesar de um terço dos brasileiros declararem conhecer alguém com essa enfermidade, mais de 70% dos brasileiros associam o câncer de mama metastático a pouco tempo de vida e acreditam que as pacientes têm má qualidade de vida.
 
“As pessoas pensam que quando o câncer chegou nesse estágio, já saiu do controle. Mas a realidade pode ser outra. Temos formas de controlar o câncer de mama metastático. O que não temos é acesso universal a esses avanços para todas as brasileiras”, disse a oncologista Maira Caleffi, presidente da Femama. 

Novas tecnologias 

“A grande questão é que hoje existem possibilidades reais de que uma a cada duas pacientes com câncer de mama metastático viva por cinco anos ou mais se tiver acesso ao tratamento adequado”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Ruffo de Freitas Jr.
 
As evidências vêm do estudo CLEOPATRA, que avaliou a combinação de quimioterapia com duas drogas que alvejam a proteína HER2, trastuzumab (Herceptin®) e pertuzumab (Perjeta ®), e mostrou os resultados do novo esquema de tratamento para mulheres com câncer de mama metastático HER2-positivo. Os dados finais do estudo, publicados no NEJM de 19 de fevereiro de 2015, demonstraram a superioridade do novo esquema de combinação, com ganho de 15,7 meses na mediana de sobrevida global. Após um acompanhamento médio de 50 meses, a mediana de sobrevida global foi de 56,5 meses no braço tratado com as três drogas (docetaxel + trastuzumab+ pertuzumab) versus 40,8 meses no braço que recebeu duas drogas mais placebo.
 
O estudo de fase III BOLERO-2 também ampliou as opções terapêuticas no câncer de mama metastático receptor hormonal positivo, neste caso ao demonstrar os benefícios da combinação de everolimus e exemestano para mulheres pós-menopausadas refratárias ao tratamento com letrozol ou anastrozol.  A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 10,6 meses no braço de combinação versus 4,1 meses no braço tratado com exemestano exclusivamente (HR = 0.36; 95% CI: 0.27–0.47).
 
“Há praticamente uma década existe uma diferença desconfortável entre as mulheres tratadas no SUS e na saúde suplementar em relação à terapia anti-HER2. Mais recentemente essa diferença se torna inaceitável quando na saúde suplementar conseguimos oferecer novas medicações, novas combinações de terapias anti-HER2, que proporcionam à mulher três anos a mais de vida em comparação com aquelas tratadas na saúde pública”, lamenta o oncologista Rafael Kaliks, diretor científico do Instituto Oncoguia.   
 
Para tentar resolver a questão, a campanha conta com uma petição solicitando ao Ministério da Saúde a incorporação de tratamentos mais adequados para as pacientes com câncer de mama metastático. Para saber mais sobre a campanha e assinar a petição, acesse www.pormaistempo.com.br.