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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Terapia de deprivação androgênica e risco de Alzheimer

Igor_Morbeck_NET_OK.jpgEstudo publicado em dezembro no Journal of Clinical Oncology (JCO) buscou demostrar alguma associação entre o uso prolongado de ADT no tratamento do câncer de próstata e a doença de Alzheimer. Segundo o oncologista Igor Morbeck (foto), do Grupo Brasileiro de Tumores Urológicos (GBTU), o trabalho possui limitações e estes resultados devem ser interpretados com cautela. 

A terapia de deprivação androgênica (ADT) tem sido a base do tratamento do câncer de próstata desde 1940. Embora historicamente o uso da ADT fosse restrito à doença metastática, há mais de uma década que estudos randomizados suportam o uso também na doença loco-regional com características de alto risco.
 
O uso de ADT tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas. Estima-se que aproximadamente 500 mil homens recebam ADT para câncer de próstata nos Estados Unidos.
 
Os efeitos adversos da supressão androgênica prolongada são bem conhecidos tais como: perda de libido, fogachos, sarcopenia, além de diabetes e doença cardio-vascular. Estudos recentes também têm relacionado a ADT com deficits de cognição.
 
Este estudo tem como hipótese principal tentar demostrar alguma associação entre o uso prolongado de ADT e a doença de Alzheimer.
 
Foi analizado uma coorte retrospectiva de 16.888 pacientes com câncer de próstata oriundos da Universidade de Stanford e Mount Sinai, nos EUA. Aproximadamente 2.400 pacientes (14%) estavam recebendo ADT. O tempo mediano de uso da hormonioterapia foi de 2,7 anos.
 
O estudo mostrou uma correlação positiva entre o uso prolongado de ADT e a doença de Alzheimer em duas diferentes análises estatísticas empregadas, com hazard ratio (HR) variando de 1.66 a 1.88, ambos com p< 0,05. Foi também demostrado uma maior correlação entre o risco de desenvolver o Alzheimer e a duração da ADT.
 
Existem alguns mecanismos plausíveis para explicar o efeito neuropático da supressão androgênica na etiologia do Alzheimer. Os andrógenos são responsáveis pelo crescimento neuronal e regeneração axonal. Os andrógenos também regulam o acúmulo da proteína beta-amilóide, componente principal das placas amilóides. O uso de ADT tem sido correlacionado com o aumento dos níveis dessa proteína. Além disto, os baixos níveis de testosterona estão associados a distúrbios cardio-metabólicos, incluindo diabetes, doença arterial corononariana, infarto agudo do miocárdio e doença arterial periférica.
 
No entanto, o estudo possui limitações e estes resultados devem ser interpretados com cautela. A metodologia empregada pelos autores está sujeita a viés de interpretação. O diagnóstico preciso do Alzheimer é eminentemente clínico e, portanto, sujeito a classificação equivocada.
 
É claramente necessária a realização de um estudo com uma coorte prospectiva de pacientes para melhor esclarecer este assunto.
 
O uso racional e criterioso da ADT deve sempre ser levado em consideração no câncer de próstata de alto risco ou metastático para se evitar potenciais complicações. O uso de droga antagonista LH-RH (Degarelix) está correlacionado a menos eventos cardio-vasculares e pode ser uma opção em pacientes com potencial risco de doença cardíaca, frágeis e idosos.

Referência: Androgen Deprivation Therapy and Future Alzheimer’s Disease Risk - Journal of Clinical Oncology. December 7, 2015

 

 
 
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