24042024Qua
AtualizadoQua, 24 Abr 2024 8pm

PUBLICIDADE
Daichii Sankyo

 

Novas diretrizes para hipofracionamento no câncer de mama

Robson Ferrigno NET OK 2A ASTRO publicou em março novas recomendações com cinco questões-chave sobre fracionamento e a técnica de irradiação total da mama (WBI, da sigla em inglês). A diretriz atual substitui a original, de 2011, com base em novas evidências. Quem comenta o novo guia prático é o radio-oncologista Robson Ferrigno (foto), coordenador dos Serviços de Radioterapia do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Empregar a radioterapia hipofracionada (maior dose por dia e menos dias de tratamento) após tratamento conservador do câncer inicial de mama traz vantagens logísticas, conforto para as pacientes, e menor custo. Alguns estudos randomizados europeus e um canadense mostraram que a efetividade e a toxicidade em liberar doses de radiação em 15 ou 16 dias úteis foram semelhantes aos fracionamentos convencionais de 25 a 28 dias úteis. Os dois principais estudos publicados com no mínimo 10 anos de seguimento foram o canadense (1) e o inglês START B (2) que empregaram dose de 42,5 Gy em 16 frações e 40 Gy em 15 frações em toda a mama, respectivamente. Esses dois fracionamentos têm sido os regimes de escolha pela maioria das Instituições no mundo, inclusive no Brasil.

A American Society for Radiation Oncology (ASTRO) publicou pela primeira vez o seu guia prático com as indicações dessa estratégia para câncer de mama (3). Foram incluídas nesse grupo mulheres acima de 50 anos, estádios clínicos T1-2 N0 M0, tratadas com cirurgia conservadora e sem quimioterapia prévia.

O novo guia prático da ASTRO, ainda em vias de publicação (4), substituiu o anterior e agora ampliou as recomendações de hipofracionamento para pacientes de qualquer idade, qualquer estádio clínico desde que não necessite irradiar as drenagens linfáticas e nas que receberam quimioterapia previamente. Para as pacientes com carcinoma in situ a força da recomendação foi condicional e o consenso foi de 86%. Os dois fracionamentos recomendados foram 40 Gy em 15 frações e 42,5 Gy em 16 frações.

Esse novo guia prático vem ao encontro da conduta adotada por grande parte das Instituições brasileiras e estrangeiras. Como a efetividade biológica entre os fracionamentos curtos e longos é a mesma, é razoável adotar a radioterapia hipofracionada em qualquer idade e nos carcinomas in situ. Com relação à quimioterapia, não há rádio sensibilização em regimes sequenciais. Portanto, faz sentido empregar o regime hipofracionado em pacientes que receberam quimioterapia previamente. O que pode causar toxicidade exacerbada é a quimioterapia realizada concomitante à radioterapia.

Com relação à não recomendação de hipofracionamento em drenagens linfáticas, o consenso desse novo guia prático se baseou em falta de dados consistentes da literatura. Na última edição do congresso da ASTRO, foi apresentado o único estudo randomizado que compara radioterapia hipofracionada (15 x 2,9 Gy) com fracionamento convencional (25 x 2 Gy) em pacientes mastectomizadas e que receberam radioterapia em plastrão e drenagens linfáticas (5). O estudo mostrou, com seguimento mediano de 53 meses, efetividade e toxicidades semelhantes nos dois braços de tratamento. No entanto, a técnica utilizada foi a convencional em duas dimensões (2D), cuja distribuição de dose não é tão segura como nos planejamentos tridimensionais (3D). Curiosamente, houve menor toxicidade cutânea aguda grau 3 no regime hipofracionado (3,5% Vs 7,8%; p=0,008). Para tratamento das drenagens linfáticas com hipofracionamento, a ASTRO recomenda que seja utilizada apenas para pacientes inseridas em ensaios clínicos.

Enfim, o novo guia prático da ASTRO é oportuno e valida o que fazemos atualmente na prática com relação às indicações de radioterapia hipofracionada para tratamento do câncer de mama.

Referências:

1- Whelan TJ, et al. Long-Term Results of Hypofractionated Radiation Therapy for Breast Cancer. N Engl J Med 2010.

2- Haviland JS, et al. The UK Standardisation of Breast Radiotherapy (START) trials of radiotherapy hypofractionation for treatment of early breast cancer: 10-year follow-up results of two randomised controlled trials. Lancet 2013.

3- Smith BD, et al. Fractionation for whole breast irradiation: an American Society for Radiation Oncology (ASTRO) evidence-based guideline. Int J Radiat Oncol Biol Phys 2011.

4- Smith BD, et al. Radiation therapy for the whole breast: Executive summary of an American Society for Radiation Oncology (ASTRO) evidence-based guideline. Practical Radiation Oncology 2018.

5- Sun GY, et al. Hypofractionated Radiation Therapy After Mastectomy for the Treatment of High-Risk Breast Cancer: 5-year Follow-up Results of a Randomized Trial. Int J Radiat Oncol Biol Phys 2017.

Publicidade
ABBVIE
Publicidade
ASTRAZENECA
Publicidade
SANOFI
Publicidade
ASTELLAS
Publicidade
NOVARTIS
banner_assine_300x75.jpg
Publicidade
300x250 ad onconews200519