“O estudo DESTINY-Breast09 tem o potencial de estabelecer novo padrão de tratamento de primeira linha para câncer de mama HER2-positivo metastático, cenário que não vê inovação significativa há mais de uma década. Trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) demonstrou resultados promissores tanto no câncer de mama metastático HER2-positivo no cenário de primeira linha, quanto em linhas posteriores de tratamento”, disse Sara Tolaney (foto), do Dana-Farber Cancer Institute, que apresentou os resultados no ASCO 2025.
No ensaio clínico de fase 3 DESTINY-Breast06, também destacado no programa do ASCO 2025, a combinação de trastuzumabe deruxtecana (Enhertu®) com pertuzumabe (Perjeta®) foi capaz de retardar o crescimento do câncer por mais tempo do que o atual padrão de tratamento com trastuzumabe e pertuzumabe em pacientes com câncer de mama localmente avançado ou metastático, com receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2) positivo.
No ensaio clínico DESTINY-Breast09 (NCT04784715), os pesquisadores buscaram avaliar se T-DXd poderia melhorar os resultados para pacientes em tratamento de primeira linha. O estudo incluiu 1.157 pacientes com câncer de mama localmente avançado ou metastático HER2-positivo que não haviam recebido tratamento com quimioterapia ou terapia direcionada a HER2. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) por revisão central independente e cega (BICR) na população com intenção de tratar. Outros desfechos incluíram sobrevida global (SG), SLP avaliada pelo investigador (INV), taxa de resposta objetiva (TRO), duração da resposta (DOR) e segurança.
Os pacientes elegíveis foram randomizados para receber T-DXd com placebo (n= 387 pacientes), T-DXd com pertuzumabe (n=383 pacientes) ou trastuzumabe e pertuzumabe, regime conhecido como THP (n=387 pacientes), estabelecido como padrão de tratamento neste cenário há mais de uma década, com base nas evidências do estudo CLEOPATRA.
A análise inicial considerou dados apenas do grupo T-DXd com pertuzumabe e do grupo THP. Entre os pacientes nesses dois grupos, 52% apresentavam doença de novo, 54% apresentavam câncer com receptor hormonal (RH) positivo e 48% apresentavam doença que recidivou após o tratamento inicial. Cerca de 50% dos pacientes em ambos os grupos eram asiáticos e a maioria tinha menos de 65 anos.
Em um acompanhamento mediano de quase 2,5 anos (29 meses), o estudo constatou que T-DXd com pertuzumabe reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 44% na população avaliada (razão de risco 0,56; IC 95% 0,44, 0,71; P < 0,00001), benefício confirmado tanto na revisão independente (BICR), quanto na análise dos investigadores (veja tabela abaixo). A sobrevida livre de progressão (SLP) mediana foi superior a 3 anos no grupo T-DXd com pertuzumabe (40,7 meses). No grupo THP, a SLP mediana foi ligeiramente superior a 2 anos (26,9 meses). Esse benefício foi observado em todos os subgrupos. Em 2 anos, cerca de 70% dos pacientes no grupo T-DXd com pertuzumabe não apresentaram crescimento ou disseminação do câncer, em comparação com cerca de 52% no grupo THP.
Entre os pacientes que receberam T- DXd e pertuzumabe, cerca de 85% tiveram resposta parcial ou completa, em comparação com 78,6% daqueles no grupo THP. Cerca de 15% dos pacientes que responderam ao tratamento com trastuzumabe deruxtecana e pertuzumabe não apresentaram sinais de câncer em resposta ao tratamento, em comparação com 8,5% no grupo THP.
Embora os dados de sobrevida global (SG) não estejam maduros, os pesquisadores observaram tendência de melhora na SG no grupo T-DXD com pertuzumabe.
Em relação à segurança e tolerabilidade, ambos os grupos apresentaram taxas semelhantes de eventos adversos emergentes do tratamento (EAETs). Os resultados mostram que EAETs de grau ≥ 3 ocorreram em 63,5% e 62,3%, enquanto EAETs graves em 27,0% e 25,1% dos pacientes nos grupos T-DXd + P e THP, respectivamente. Doença pulmonar intersticial/pneumonite relacionada a medicamentos ocorreu em 46 (12,1%; predominantemente Gr 1/2; n=2 [0,5%] Gr 5) pacientes que receberam T-DXd + P e em 4 pacientes (1,0%; todos Gr 1/2) que receberam THP.
Em conclusão, a combinação de T-DXd + P demonstrou melhora clínica e estatisticamente significativa na SLP vs. THP, que foi consistentemente observada em todos os subgrupos e pode representar novo padrão de tratamento de primeira linha no câncer de mama avançado/metastático HER2 positivo; nenhum novo sinal de segurança foi identificado.
T-DXd + P (n=383) | THP (n=387) | |
Median PFS by BICR (95% CI), mo | 40.7 (36.5, NC) | 26.9 (21.8, NC) |
Hazard ratio (95% CI) vs THP | 0.56 (0.44, 0.71); P<0.00001 | – |
24-mo PFS rate (95% CI), % | 70.1 (64.8, 74.8) | 52.1 (46.4, 57.5) |
Median PFS by INV (95% CI), mo | 40.7 (36.5, NC) | 20.7 (17.3, 23.5) |
Hazard ratio (95% CI) vs THP | 0.49 (0.39, 0.61) | – |
Confirmed ORR by BICR (95% CI), % | 85.1 (81.2, 88.5) | 78.6 (74.1, 82.5) |
Complete response rate, % | 15.1 | 8.5 |
Median DOR by BICR (95% CI), mo | 39.2 (35.1, NC) | 26.4 (22.3, NC) |
NC, not calculable.
Referência:
Abstract LBA1008: Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) ± pertuzumab (P) vs taxane + trastuzumab + pertuzumab (THP) for first-line (1L) treatment of patients (pts) with human epidermal growth factor receptor 2–positive (HER2+) advanced/metastatic breast cancer (a/mBC): Primary results from DESTINY-Breast09.
First Author: Sara Tolaney
Meeting: 2025 ASCO Annual Meeting
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: LBA Session: Presentation and Discussion of LBA1008
Track: Breast Cancer,Breast Cancer
Sub Track: HER2-Positive
Clinical Trial Registration Number: NCT04784715
Citation: J Clin Oncol 43, 2025 (suppl 17; abstr LBA1008)
DOI: 10.1200/JCO.2025.43.17_suppl.LBA1008
Abstract: #LBA1008