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FERGI II: Pictilisibe no câncer de mama receptor hormonal

c__ncer_metast__tico1_NET_OK.jpgDe acordo com dados do estudo clínico randomizado de fase II Fergi, apresentado no San Antonio Breast Cancer Symposium, a adição da droga experimental pictilisib (GDC-0941) à terapia endócrina com fulvestrano aumentou a sobrevida livre de progressão para as mulheres com câncer de mama avançado ou metastático resistentes ao inibidor de aromatase, com receptores hormonais positivos tanto para estrogênio (ER) como para progesterona (PR).

Segundo Alfredo Barros, mastologista do Hospital Sírio Libanês, a droga parece ser extremamente promissora, com potencial para uso em neoadjuvância e adjuvância. "Acredito que venha a ser recomendada no futuro na prática clínica para determinados casos com perfil genético de suspeição de refratariedade à hormonioterapia convencional", afirma. 

Ian E. Krop, diretor de pesquisa clínica do Programa de Oncologia da Mama no Dana- Farber Cancer Institute, em Boston, explica que quando analisados os dados para todas as mulheres com doença ER-positiva, a melhora na sobrevida livre de progressão não foi estatisticamente significativa. "No entanto, em uma análise exploratória, quando consideramos apenas as mulheres que tiveram câncer de mama positivo para ER e PR, acrescentar pictilisibe à terapia endócrina resultou em uma duplicação significativa da sobrevida livre de progressão, de 3,7 meses para 7,4 meses. Estamos planejando investigar se o benefício de pictilisib para mulheres com câncer de mama ER/PR positivo é válido em uma coorte adicional de pacientes dentro deste estudo".

Após 17 meses de follow-up, a análise da população total mostrou que pacientes randomizadas para o braço de tratamento com pictilisibe e fulvestrano tinham 26% menos probabilidade de ter a progressão da doença em comparação com as mulheres randomizados para o braço placebo e fulvestrano. Essa melhora na sobrevida livre de progressão não foi estatisticamente significativa (p = 0,09). A análise post hoc mostrou que pacientes randomizadas para pictilisibe e fulvestrano tinham 56% menos probabilidade de ter a progressão da doença em comparação com as mulheres randomizados para placebo e fulvestrano, uma melhoria estatisticamente significativa (p = 0,002).

"Há dados pré-clínicos convincentes, e alguns dados clínicos que sugerem que a ativação da via de sinalização PI3K impulsiona a resistência ao tratamento endócrino para câncer de mama ER-positivo", disse Krop. "Isso forneceu a justificativa para testar se a adição do inibidor de PI3K pictilisibe ao fulvestrano poderia melhorar a sobrevida livre de progressão para as mulheres com câncer de mama ER-positivo, avançado ou metastático, que haviam se tornado resistentes aos tratamentos endócrinos com inibidores da aromatase.
 
"Uma surpresa dos nossos dados foi que ter câncer de mama com uma mutação no gene PIK3CA, um componente central da via de sinalização PI3K, não foi preditiva do benefício do pictilisibe", continuou Krop. "Isso indica que talvez a mutação PIK3CA não seja a única maneira de ativar a sinalização de PI3K."
 
Krop e colegas recrutaram para o estudo 168 pacientes na pós-menopausa com câncer de mama ER-positivo, HER2-negativo, avançado ou metastático, que recidivaram ou progrediram após ou durante o tratamento com um inibidor da aromatase. Os pacientes foram randomizados para receber fulvestrano com pictilisibe ou fulvestrano com placebo.
 
Nenhuma toxicidade inesperada foi relatada. Os efeitos colaterais do pictilisibe e do fulvestrano foram semelhantes aos observados em estudos clínicos anteriores. Em conclusão, o estudo Fergi suporta o uso do fulvestrano no câncer de mama ER-positivo em combinação com inibidores de PIK3CA (GDC-0941 e GDC-0980).
 
O estudo foi financiado pela Genentech.
 
Número da publicação: S2-02

The FERGI phase II studyofthe PI3K inhibitor pictilisib (GDC-0941) plus fulvestrant vs fulvestrant plus placebo in patients with ER+, aromatase inhibitor (AI)- resistant advanced or metastatic breast cancer – Part I results