Romualdo Barroso (foto), oncologista e Head de Pesquisa em Oncologia da DASA Oncologia, é primeiro autor de estudo que avaliou a associação entre os perfis do microbioma fecal e os desfechos de sobrevida em pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo (HR+) tratados prospectivamente com eribulina isolada ou em combinação com pembrolizumabe. Os resultados foram selecionados para Poster Discussion no San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS 2022).

O sequenciamento completo do genoma bacteriano foi realizado em amostras fecais coletadas antes da randomização de um subconjunto de 26 pacientes participantes (eribulina (E) + pembrolizumabe (P), n = 15; E, n = 11). Os dados de sequenciamento foram processados com MetaPhlAn3 para obter diversidade de escores e perfis de composição taxonômica.

As associações entre a diversidade do microbioma, a composição taxonômica e os resultados clínicos, incluindo métricas de sobrevida, foram avaliadas usando métodos de estimativa de Kaplan-Meier e modelos de risco proporcional de Cox.

Resultados

Neste subgrupo, a mediana de acompanhamento foi de 21,6 meses e a mediana de sobrevida global (SG) foi de 17,9 meses. A sobrevida global não foi estatisticamente significativa entre os dois braços de tratamento, conforme observado na coorte geral. A análise metagenômica do microbioma revelou maior diversidade alfa por valores inversos do Índice de Simpson associados a maior sobrevida entre todos os pacientes (p = 0,004) e em pacientes no braço E + P (p = 0,006), mas não no braço E (p = 0,2).

No nível taxonômico, a sobrevida global mais longa entre todos os pacientes foi associada a uma menor abundância relativa de Blautia wexlerae (≤0,2% vs >0,2%) (22,1 vs 16,6 meses; p = 0,01) e uma maior abundância relativa de Odoribacter splanchnicus, uma bactéria intestinal comum produtora de ácidos graxos de cadeia curta (> 0,35% vs ≤ 0,35%) (22,3 vs 11,3 meses; p < 0,0001). Essas associações permaneceram significativas após o controle de idade, status ECOG-PS e uso ou não de linhas anteriores de quimioterapia no cenário metastático.

Em síntese, os resultados sugerem que a alta diversidade e composição do microbioma intestinal estão associadas à sobrevida global prolongada em pacientes com câncer de mama metastático HR+ recebendo eribulina com pembrolizumabe. “Estudos clínicos adicionais e maiores são necessários para validar esses descobertas e modelos pré-clínicos são necessários para interrogar os mecanismos pelos quais a diversidade e a composição do microbioma intestinal podem afetar a resposta terapêutica e os resultados clínicos nessa população de pacientes”, concluíram os autores.

O estudo está registrado em ClinicalTrials,Gov; NCT03051659.