ASCO 2022

Promessa no carcinoma adenoide cístico

renata ferrarotto.jpg.resizeA brasileira Renata Ferrarotto (foto), professora associada e diretora de Pesquisa Clínica em Cabeça e Pescoço do MD Anderson Cancer Center, é primeira autora de estudo de Fase 2 com axitinibe e avelumabe em pacientes com carcinoma adenoide cístico. Os resultados, com elevada taxa de resposta e sobrevida livre de progressão de 57% em 6 meses, são tema de Poster Discussion (Abstr 6019).

O carcinoma adenoide cístico (CAC) é descrito como neoplasia heterogênea, sem tratamento padrão para pacientes com doença recorrente/metastática (R/M). Os inibidores VEGFR são frequentemente usados ​e proporcionam principalmente a estabilização da doença. O CAC é resistente aos inibidores de PD-1/PD-L1 (PD-L1i), consistente com sua baixa carga mutacional. “Nossa hipótese é que o papel imunomodulador do VEGFRi (axitinib) aumentaria a atividade de PD-L1i (Avelumab) e seria uma terapia mais eficaz para R/M CAC”, propõem os autores.

Nesta análise, foram elegíveis pacientes com R/M CAC que tiveram progressão radiológica ou clínica dentro de 6 meses da inscrição. O tratamento consistiu em axitinibe 5 mg VO duas vezes ao dia e avelumabe 10 mg/Kg IV a cada 2 semanas. O endpoint primário foi a taxa de resposta objetiva (ORR) por RECIST 1.1; endpoints secundários incluíram duração da resposta (DOR), sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG) e toxicidade.

Resultados

Os autores descrevem que de 41 pacientes inscritos, 28 foram avaliáveis ​​para o endpoint primário (7 falhas de triagem, 6 avaliáveis ​​apenas para segurança devido à perda de dados relacionada à pandemia de COVID-19); 17 pacientes foram tratados em primeira linha. Os dados de mutação estavam disponíveis para 23 de 28 pacientes avaliáveis; 7 tinham mutações ativadoras de NOTCH1. A ORR foi de 17,9% (5/28, IC 95%: 6,1-36,9%). Uma resposta não foi confirmada (pt progrediu em lesões não-alvo 2 meses após atingir PR), para uma ORR confirmada de 14,3% (IC 95%: 4-32,7%). O tempo médio de acompanhamento para os 14 pacientes vivos foi de 14,7 meses (min-max: 8,8-32,7 meses). A SLP mediana foi de 7,3 meses (IC 95%: 3,7-11,2 meses) com uma taxa de SLP em 6 meses de 57% (IC 95%: 41-79%). A mediana de SG foi de 17,4 meses (IC 95%: 13-NA). 3 pacientes permanecem em terapia, 2/3 com PR. A DOR mediana para os 5 respondedores foi de 5,5 meses (IC 95%: 3,7-NA mos).

Os eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAEs) mais comuns foram fadiga (62%), hipertensão (32%), diarreia (32%) e estomatite (29%). TRAEs graves ocorreram em 8 (29%) pacientes, todos grau 3 e gerenciáveis. 4 (15%) pacientes descontinuaram avelumab e 9 (32%) foram submetidos à redução da dose de axitinib devido à toxicidade.

“O estudo atingiu seu endpoint primário com ≥ 4 respostas de 28 pacientes avaliáveis ​​(ORR de 17,8%; ORR confirmada de 14,3%). A taxa de ORR e a SLP de 57% em 6 meses com axitinibe e avelumabe apoiam axitinibe como agente único”, concluem os autores, destacado que esses achados justificam um estudo mais aprofundado da combinação.

A taxa de ORR e a SLP de 57% em 6 meses com axitinibe e avelumabe favore a combinação em comparação com axitinibe como agente único”, concluem os autores, acrescentando que esses achados justificam um estudo mais aprofundado da combinação.

Informações sobre este ensaio clínico: NCT03990571.

Referências:

A phase 2 clinical trial of axitinib and avelumab in patients with recurrent/metastatic adenoid cystic carcinoma (ACC).

Renata Ferrarotto, MD, Thoracic/Head and Neck Medical Oncology, The University of Texas MD Anderson Cancer Center

Abstract #:6019

Poster Bd #:11

Clinical Trial Registry Number:NCT03990571

Citation: J Clin Oncol 40, 2022 (suppl 16; abstr 6019)

DOI: 10.1200/JCO.2022.40.16_suppl.6019