ASCO 2022

Mesotelioma, incidência e mortalidade no Brasil

guilherme costa bxO mesotelioma pleural maligno (MPM) é reconhecido como um câncer ocupacional e a exposição ao amianto representa seu principal fator de risco. Estudo brasileiro selecionado em publicação eletrônica no ASCO 2022 descreve as taxas de incidência e mortalidade, assim como o perfil clínico-patológico do MPM no Brasil, em análise que tem o oncologista Guilherme Costa (foto) como primeiro autor.

Neste estudo transversal, os pesquisadores analisaram as taxas de incidência e mortalidade, assim como o perfil clínico-patológico do MPM no Brasil, a partir de bases de dados públicas brasileiras: Registros de Câncer de Base Populacional (RCPBs - para incidência), Registro Hospitalar de Câncer (HCR - para perfil clinicopatológico) e Sistema Nacional de Informações sobre Mortalidade (SIM - para mortalidade).

Os autores descrevem que em trinta PBCRs, de 23 dos 26 estados (com cobertura média de 17% da população brasileira), foram notificados 310 novos casos de MPM, de 2000 a 2015. A média de idade ao diagnóstico foi de 62,8 anos. A taxa bruta de incidência atingiu o máximo de 8,96 por 1.000.000 homens na faixa etária de 75-79 anos e de 3,34 por 1.000.000 mulheres na faixa etária de 80+. O perfil clínico-patológico registrado no HCR de 2000 a 2017 mostrou que os pacientes são na maioria homens (70,2%), fumantes/ex-fumantes (62,7%) e usuários de álcool (58,2%). Quanto à histologia, 59% foram descritos como mesotelioma, NOS (sem outra especificação), 30,6% como epitelioide, 7% como mesotelioma fibroso e 3,4% como bifásico. Em relação ao estágio clínico, 54,4% eram estádio IV ao diagnóstico, 27,5% estádio III e 18,1% estádio I ou II. Um quarto dos pacientes não recebeu tratamento local nem sistêmico.

A análise do banco de dados do SIM mostra que de 2000 a 2017 foram registrados 512 óbitos relacionados a MPM, com média de 28 óbitos por ano (média de idade do óbito 63,7 anos). A taxa de mortalidade ajustada por idade manteve-se estatisticamente estável durante o período analisado.

“De acordo com nosso estudo, a maioria dos pacientes com mesotelioma pleural maligno no Brasil são homens idosos, estágio IV ao diagnóstico, com mesotelioma sem outra especificação. Uma porcentagem considerável não recebe nenhum tratamento específico para a doença. Compreender o cenário do MPM no Brasil é importante para traçar estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento”, concluem os autores.

O mesotelioma maligno é um tumor raro, com cerca de 31.000 novos casos diagnosticados anualmente em todo o mundo.

Referências:

Malignant pleural mesothelioma in Brazil: An analysis of public databases between 2000 and 2017.

2022 ASCO Annual Meeting
Session Type: Publication Only
Session Title: Lung Cancer—Non-Small Cell Local-Regional/Small Cell/Other Thoracic Cancers
Track: Lung Cancer—Non-Small Cell Local-Regional/Small Cell/Other Thoracic Cancers
Subtrack: Mesothelioma
Abstract #: e20597