Anormalidades genômicas na via da ciclina foram observadas em cerca de 10% dos tumores de próstata. É o que mostram os resultados de estudo apresentado no ASCO GU pelo oncologista Denis Jardim (foto), em análise que considerou o perfil genômico de 5.356 tumores de próstata.

A via da ciclina pode conter alterações acionáveis, mas pode também apresentar mutações de resistência que afetam o tratamento, podendo comprometer a resposta a agentes hormonais no câncer de próstata. Neste estudo, os autores descrevem o cenário das alterações genômicas na via da ciclina, em um grande número de amostras de câncer de próstata.

Métodos

O perfil genômico foi mapeado por sequenciamento de última geração (315 genes, cobertura > 500X), considerando alterações nos genes ativadores (Tabela) e nos genes de resistência, (RB1 e CCNE1), relacionadas à inibição da ciclina e ao receptor de androgênio (RA).

Resultados

Alterações em qualquer gene da via da ciclina foram encontradas em 9,7% dos 5.356 tumores analisados. Alterações frequentes incluíram amplificação de CCND1 (4,2%) e perda de CDKN2A e B (2,4% cada). As frequências foram substancialmente diferentes de acordo com a histologia do câncer de próstata (Tabela). A maioria das alterações foi observada no número de cópias. Alterações nos possíveis genes de resistência RB1 e CCNE1 foram detectadas em 9,7% das amostras (até 54,6% nos tumores de próstata neuroendócrinos), enquanto alterações associadas ao receptor de androgênio foram observadas em 20,9% (até 27,3% nos anaplásicos).

“A análise de co-ocorrência demonstrou menor probabilidade de alterações concomitantes versus isoladas na ativação da ciclina e na via de resistência (odds ratio (OR), 0,44, p <0,001). Por outro lado, detectamos maior probabilidade de co-ocorrência entre alterações de RA e ciclina (OR 1,79, p <0,001”, esclarecem os autores.

 
Referência: Cyclin pathway genomic alterations across 5,356 prostate cancers - Denis Leonardo Fontes Jardim - J Clin Oncol 38, 2020 (suppl 6; abstr 179)