Coberturas Especiais

Classificação EANO ESMO de metástases leptomeníngeas e implicações prognósticas

Metastase cerebralAnálise apresentada na ESMO 2019 avaliou a correlação entre os subtipos EANO ESMO de metástases leptomeníngeas (ML) para avaliar sua utilidade clínica. Os resultados mostram que a classificação tem valor prognóstico e deve ser considerada no desenho de ensaios clínicos.

 

As diretrizes da EANO ESMO propuseram uma classificação das metástases leptomeníngeas (ML) baseada em critérios clínicos, citológicos (positivo/negativo/equivocado) e de ressonância magnética, discriminando MLs tipo I, definidas pela presença de células tumorais no líquido cefalorraquidiano (LCR), e ML tipo II, definida por sinais clínicos e de ressonância magnética (A linear, B nodular, C linear + nodular, D normal ou com presença de hidrocefalia).

Foram coletados dados de 254 pacientes com ML recém-diagnosticadas, de diferentes tumores sólidos primários. As curvas de sobrevida foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste Log-rank.

Resultados

A idade mediana no diagnóstico da ML foi de 56,5 anos (variação de 20 a 82 anos). Os principais tumores primários foram câncer de mama (n= 98, 45%), câncer de pulmão (n= 65, 25,5%) e melanoma (n = 51, 13,5%). Sintomas ou sinais clínicos típicos de ML foram observados em 225 pacientes (88,5%); apenas 13 pacientes (5%) eram clinicamente assintomáticos.

O subtipo mais comumente observado na ressonância magnética foi o tipo A, em 117 pacientes (46%), seguido pelos tipos B (n= 33, 13%), C (n=54,21%) e D (n=50, 19,5%). As células tumorais foram observadas no LCR de 186 pacientes (73%), enquanto o LCR foi equivocado em 24 pacientes (9,5%) e negativo em 44 pacientes (17,5%).

Em relação à classificação EANO ESMO, o tipo IA foi o mais frequente, 86 (34%), seguido pelo IB 19 (7,5%), IC 39 (15,5%), ID 45 (17,5%), IIA 28 (11%), IIB 13 (5%), IIC 16 (6,5%), IID 8 (3%). A ML foi confirmada em 189 pacientes (74,5%), provável em 51 (20%) e possível em 14 (5,5%) pacientes. A mediana de sobrevida global (SG) foi de 2,75 meses (intervalo 0,09-220 meses). A SG foi inferior no tipo I em comparação com os pacientes com LM tipo II (p=0,0024).

Os pacientes com classificação EANO ESMO subtipo IIA tiveram a maior sobrevida (p=0,0103). Pacientes com os padrões de ressonância magnética A e D agrupados tiveram sobrevida pior do que os pacientes B e C com presença de células tumorais no LCR (tipo I) (p=0,0402), mas maior sobrevida na ausência de células tumorais no LCR (tipo II) (p=0,0273). “Essa diferença de sobrevida, provavelmente se deve a presença de mais doença nos pacientes com líquor positivo do que naqueles somente com achado de imagem, conforme discussão dos próprios autores”, observa a oncologista Camilla Yamada, chair do LACOG-Neuro-Oncology Group. 

Em conclusão, a presença de células tumorais no LCR parece ter maior papel prognóstico do que a apresentação de neuroimagem. Os subtipos de ML pela classificação EANO ESMO têm valor prognóstico e devem ser considerados no desenho de ensaios clínicos.

Referência: 3910 - Prognostic role of the EANO ESMO classification of leptomeningeal Metástases - Le Rhun E et al. Ann Oncol 2017;28 (Suppl4):iv84-99