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Coberturas Especiais

Resultado cosmético da irradiação total vs parcial da mama após a lumpectomia

Ligia radio bxEstudo apresentado na 61ª ASTRO comparou o resultado cosmético da irradiação mamária pós-lumpectomia total versus parcial no ensaio clínico de fase III da NRG Oncology/NSABP B39-RTOG 0413. “O estudo demonstrou que para um grupo de pacientes minoritário e selecionado com estádio inicial de câncer de mama a irradiação parcial se mostrou uma opção terapêutica do ponto de vista cosmético”, afirma a rádio-oncologista Lígia Casão Arteaga (foto), médica do Hospital do Coração (HCor) e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

O estudo de fase III NRG B-39/0413 demonstrou que a irradiação parcial da mama (do inglês, PBI - Partial Breast Irradiation) pós-lumpectomia não é estatisticamente equivalente à irradiação total (WBI - Whole Breast Irradiation), mas com uma diferença absoluta para a recorrência na mama em 10 anos < 1%, ela pode ser uma opção para muitas pacientes. Um resultado cosmético semelhante entre PBI e WBI pode ser importante para a seleção do método de radiação.

“A irradiação parcial de mama (PBI) é uma opção terapêutica para um grupo muito selecionado de pacientes com estádio inicial de neoplasia da mama que foram submetidas à cirurgia conservadora. A maioria da população com neoplasia de mama não se enquadra nesse cenário; porém, para as que se enquadram, diversos estudos vêm tentando demonstrar dados de eficácia e cosmese com essa modalidade terapêutica”, explica Lígia, acrescentando que a grande dificuldade é avaliar esses dados devido às diversas técnicas de PBI, como radioterapia intra-operatória, braquiterapia, radioterapia externa fracionada, SABR, entre outras. “Outra importante dificuldade é a metodologia de avaliação da cosmese dessas pacientes, que pode ser realizada por meio de questionários subjetivos, fotografias, avaliações médicas/de enfermagem e até medidas matemáticas. Tudo isso contribui para dificultar a realização e interpretação de estudos randomizados neste cenário”, diz.

O estudo

As participantes foram estratificadas pelo uso de quimioterapia (CT) e os grupos com CT e não-CT foram analisados ​​separadamente para esses endpoints. O resultado cosmético foi avaliado pelas pacientes através do escore cosmético global (global cosmetic score - GCS), uma escala de 4 pontos - Excelente (E), Bom (G), Regular (F) e Ruim (P) - e pela escala de satisfação. O GCS também foi utilizado para avaliação do médico. As fotos digitais (DP) das mamas foram coletadas no baseline (B), 1 e 3 anos após a radioterapia.

Resultados

Entre março de 2005 e maio de 2009, 975 mulheres foram inscritas no sub-estudo de qualidade de vida; 900 eram analisáveis, 420 (47%) CT e 480 não-CT. Para o grupo de pacientes que receberam quimioterapia, o resultado cosmético da irradiação parcial da mama foi equivalente ao obtido com a irradiação total, com base no GCS avaliado pelas pacientes (bd: -0,35 a 0,35, 95% IC: -0,25 a 0,14; µd -0,06); no entanto, a avaliação do GCS dos médicos não foi equivalente, com a irradiação parcial considerada pior (bd: -0,42 a 0,42, 95% IC: -0,53 a -0,02; μd -0,27).

Para as pacientes que não receberam quimioterapia, o resultado cosmético da irradiação parcial foi equivalente à irradiação total, com base no GCS dos pacientes (bd: -0,35 a 0,35, 95% IC: -0,22 a 0,15; μd = -0,04); na avaliação GCS dos médicos, a irradiação parcial foi inferior (bd: -0,328 a 0,33, 95% IC: -0,33 a 0,01; µd = -0,16). A mudança na satisfação média das pacientes entre o baseline para 3 anos com irradiação parcial e total foi equivalente nos grupos com e sem quimioterapia.

O resultado cosmético baseado no GCS de imagens digitais foi pior para irradiação parcial no grupo que recebeu quimioterapia (bd: -0,37 a 0,37, 95% IC: -0,44 a 0,09; μd = -0,18) e pior para irradiação total no grupo sem quimio (bd: - 0,31 a 0,31, 95% IC: -0,01 a 0,42; µd = 0,20).

Em relação à concordância entre pacientes e médicos aos 3 anos, quando o paciente pontuou Excelente/Bom ou Regular/Ruim, os médicos concordaram em 88% e 46%, respectivamente, no grupo que recebeu quimioterapia; e 89% e 45%, respectivamente, no grupo sem quimioterapia. A concordância entre médicos e pacientes sobre as imagens digitais foi de 83% e 33%, respectivamente, no grupo com quimioterapia; e 86% e 31%, respectivamente, no grupo sem quimio.

Em conclusão, o resultado cosmético avaliado por pacientes, com base no GCS e na satisfação, foi equivalente entre a irradiação parcial e total das mamas. Já na opinião dos médicos, a irradiação parcial conferiu pior resultado cosmético. “Na revisão central das imagens digitais, o resultado cosmético é pior para irradiação parcial no grupo tratado com quimioterapia e pior para irradiação total no grupo sem quimioterapia. A concordância de médicos e pacientes em relação às imagens digitais foi alta quando o paciente obteve Excelente/Bom”, observaram os autores.

Lígia observa que alguns estudos, como o canadense RAPID trial, demonstraram detrimento da cosmese nos pacientes submetidos à PBI. “Apresentado na plenária da ASTRO este ano, o estudo de fase III NSABP B39-RTOG 0413 plenária da ASTRO, O. O estudo fase III tentou englobar essas diversidades para melhor avaliação da cosmese e encontrou dados semelhantes estre os braços de radioterapia total da mama e PBI. Importante relembrar os dados iniciais do estudo que foram apresentados em 2018 no simpósio de mama em San Antonio, e mostraram uma diferença absoluta de 1.6% em 10 anos em recorrência local, pequena, porém significativa, desfavorecendo o braço do PBI. Este detrimento talvez seja justificado pela heterogeneidade das pacientes do estudo, incluindo estádio clínico I e II”, observa a rádio-oncologista.

“Agora, o trabalho apresentado na ASTRO demonstrou que para um grupo de pacientes minoritário e selecionado com estádio inicial de mama a PBI mostrou-se como uma opção terapêutica no ponto de vista cosmético”, conclui.

Referência: Cosmetic Outcome from Post Lumpectomy Whole Breast Irradiation (WBI) Versus Partial Breast Irradiation (PBI) on the NRG Oncology/NSABP B39-RTOG 0413 Phase III Clinical Trial – Julia White et al - September 1, 2019 - Volume 105, Issue 1, Supplement, Pages S3–S4 - DOI: ttps://doi.org/10.1016/j.ijrobp.2019.06.384

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