Coberturas Especiais

Tamoxifeno em baixa dose na neoplasia intraepitelial

Andrea De Censi NET OKO tratamento com uma dose baixa de tamoxifeno (5 mg por dia) reduziu o risco de desenvolvimento ou recorrência do câncer de mama em mulheres tratadas com cirurgia após diagnóstico de neoplasia intraepitelial. Os dados são do estudo clínico randomizado fase III e foram apresentados por Andrea De Censi (foto), primeiro autor do estudo e diretor de oncologia do Hospital E.O. Ospedali Galliera, Itália, no 2018 San Antonio Breast Cancer Symposium.

A neoplasia intraepitelial da mama reúne condições não invasivas (carcinoma ductal in situ (CDIS), carcinoma lobular in situ (CLIS) e hiperplasia ductal atípica (HDA), mas que impulsionadas pela ação de estrogênio aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer de mama invasivo. O tratamento inclui frequentemente 5 anos de tamoxifeno, agente associado a um risco aumentado de câncer de endométrio e tromboembolismo venoso.

Entre 1º de novembro de 2008 e 31 de março de 2015, o estudo inscreveu 500 mulheres com CDIS, CLIS e HDA tratadas com cirurgia e, quando necessário, radioterapia (G3, margens positivas ou CDIS com comedonecrose). As pacientes foram randomizadas 1:1 para tamoxifeno em baixa dose ou placebo.

Após seguimento mediano de 5,1 anos, 14 dos 253 (5,5%) pacientes no braço de tamoxifeno em baixa dose e 28 dos 247 (11,3%) pacientes no grupo placebo desenvolveram um novo câncer ou apresentaram recorrência da doença. Assim, os resultados apresentados em San Antonio indicam que uma baixa dose de tamoxifeno foi eficaz na redução do risco de desenvolvimento e recorrência do câncer de mama em mulheres com CDIS, CLIS e HDA, sem eventos adversos graves (graus 3-4) significativos.

Entre os pacientes que apresentaram recidiva ou nova doença na mama contralateral, três de 14 pacientes do braço de tamoxifeno de baixa dose tinham câncer de mama invasivo e 11 neoplasia intraepitelial. No grupo placebo, 10 desenvolveram câncer de mama invasivo e 18 neoplasia intraepitelial.

Em relação à segurança, houve 12 eventos adversos grau 3-4 entre os pacientes no braço de tamoxifeno de baixa dose e 16 entre aqueles no braço placebo. Houve um caso de câncer endometrial entre os pacientes no braço de tamoxifeno de baixa dose e nenhum entre os pacientes do braço placebo. Houve um evento de tromboembolismo venoso no braço de tamoxifeno e uma embolia pulmonar no braço placebo.

Não houve diferenças significativas entre os dois braços no relato de sintomas da menopausa, como ondas de calor, secura vaginal e dor durante a relação sexual.

De acordo com os pesquisadores, a principal limitação do estudo é em relação à adesão ao tratamento, que foi de 64,8% e 60,7 % nos braços tamoxifeno e placebo, respectivamente.

Atualmente, tamoxifeno só está disponível em comprimidos de 10 mg, mas o oncologista Andrea De Censi, primeiro autor do estudo e diretor de oncologia do Hospital E.O. Ospedali Galliera, na Itália, observou que estudos anteriores conduzidos pelos pesquisadores mostraram que o uso de 10 mg a cada dois dias é tão eficaz como 5 mg por dia na redução da recorrência.

Este estudo foi apoiado pelo Ministério da Saúde italiano, pela Associação Italiana de Pesquisa em Câncer e pela Liga Italiana Contra o Câncer (ClinicalTrials.gov Identifier: NCT01357772).

Referência: GS3-01 - A randomized placebo controlled phase III trial of low dose tamoxifen for the prevention of recurrence in women with operated hormone sensitive breast ductal or lobular carcinoma in situ - Censi et al