SGO 2021

HIPEC de curta duração no câncer de ovário avançado

thales 21 bxThales Paulo Batista (foto), cirurgião oncológico do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e do Real Instituto de Cirurgia Oncológica, em Recife, é primeiro autor de estudo de Fase II selecionado para apresentação em pôster no encontro anual da Sociedade de Ginecologia Oncológica (SGO 2021). O estudo avaliou o papel da quimioterapia hipertérmica intraperitoneal (HIPEC) de curta duração no câncer de ovário avançado com grande volume de doença.

HIPEC é uma opção de tratamento promissora no câncer epitelial de ovário (EOC) com grande volume tumoral. Nesse ensaio clínico aberto, multicêntrico e de braço único, os autores avaliaram a eficácia e segurança de um regime de curta duração de HIPEC (30 minutos) no EOC avançado. A apresentação no SGO traz um resumo atualizado dos resultados do estudo, incluindo dados de sobrevida.

Métodos e resultados

A HIPEC foi realizada no momento da cirurgia citorredutora de intervalo (iCRS) após a quimioterapia neoadjuvante (NACT), utilizando a técnica de abdômen fechado com um regime baseado em concentração de cisplatina (25 mg/m²/L) ou cisplatina mais doxorrubicina (15mg/L) a 41–43° C.

A solução foi perfundida usando o dispositivo Performer HT (RAND Srl, Medolla, MO, Itália) a uma taxa de fluxo de 700ml/min. O endpoint primário foi a taxa de progressão em 9 meses (PD9, a proporção de pacientes com progressão da doença ou morte em até 9 meses após a iCRS com HIPEC). Os endpoints secundários incluíram os desfechos perioperatórios, tempo para iniciar a quimioterapia adjuvante, tempo de internação hospitalar e em UTI, a qualidade de vida em relação ao tratamento (EORTC QLQ -C30) e as taxas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global em dois anos.

Quinze pacientes com câncer epitelial de ovário estágio III foram recrutados entre fevereiro de 2015 e julho de 2019. Quatro pacientes não apresentaram complicações pós-operatórias, 5 sofreram apenas complicações menores G1/G2 e 6 sofreram complicações G3, de acordo com a classificação NCI/CTCAE. Dois pacientes foram reoperados, um por hemorragia pós-operatória G3 e outro por infecção peritoneal, mas nenhum óbito foi registrado. Não foi observada nenhuma diferença significativa ao longo do tratamento nos scores de avaliação da qualidade de vida (p> 0,05).

Com mediana de acompanhamento de 32 meses (IQR, 24,3-46,5), a PD9 e mediana da sobrevida livre de progressão foram 6,7% e 18,1 meses, respectivamente. As taxas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global em 2 anos foram 33,3% e 93,3%, respectivamente.

“Confirmamos a hipótese preliminar de eficácia e segurança para nossa abordagem abrangente envolvendo o uso de HIPEC de curta duração no câncer de ovário com grande volume tumoral. A HIPEC de curta duração no momento do iCRS também é uma abordagem promissora em termos de sobrevida”, concluíram os autores.

O trabalho é financiado pela Decit / SCTIE / MS - CNPq / FACEPE / SES-PE (APQ: 0187-4.01 / 13) e FAPE / IMIP, e está registrado em ClinicalTrials.Gov, NCT02249013.

Referência: A phase II trial of short-course Hyperthermic IntraPEritoneal Chemotherapy (HIPEC) for high tumor burden ovarian cancer: Updated report with preliminary survival outcomes – Glauco Baiocchi et al. SGO 2021 Virtual Annual Meeting On Women’s Cancer. [On-Line] Mar 19 - Mar 25, 2021. Available at https://www.sgo.org/events/annual-meeting/sessions-abstract-titles/