ESMO 2021

Novos modelos prognósticos para pacientes ambulatoriais com câncer avançado

paiva preto 2021O oncologista Daniel Preto (na foto, à direita) é primeiro autor do estudo que buscou aprimorar o Nomograma Prognóstico de Barretos (NPB) com a reclassificação da variável 'metástase' e a avaliação do desempenho funcional por ECOG-PS (modelo BPN v2.0), e também desenvolver uma versão alternativa sem variáveis ​​laboratoriais (modelo BPN vClin). O trabalho foi selecionado para apresentação em pôster no congresso anual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO 2021). O oncologista e paliativista Carlos Eduardo Paiva é o autor sênior. 

Ferramentas prognósticas têm sido usadas na prática clínica ajudando a estimar sobrevida em pacientes com câncer avançado. O Nomograma Prognóstico de Barretos (NPB) é um instrumento composto por 5 variáveis: sexo, metástase, leucócitos, KPS e albumina. “Embora preciso, tem algumas limitações, como a variável "metástase" sendo dicotômica e KPS para avaliação de funcionalidade, menos utilizada na rotina clínica do oncologista”, avaliam os autores.

O estudo realizou uma reanálise dos dados de 497 pacientes com câncer avançado quando encaminhados para cuidados paliativos do NPB (amostra de desenvolvimento n=221; amostra de validação n=276). Combinações de sítio-volume foram testadas para a variável "metástase" e KPS foi substituído por ECOG-PS para avaliar o desempenho funcional.

Variáveis ​​prognósticas foram selecionadas para análises de regressão multivariável de Cox, e modelos finais mais precisos foram identificados por regressão stepwise-backward. As propriedades de calibração e discriminação dos novos modelos para o NPB foram avaliadas na amostra de validação.

Resultados

O modelo BPN v2.0 foi composto por 6 parâmetros: sexo, presença de doença loco-regional, locais de metástase (fígado; osso; SNC; peritônio; adrenal e/ou baço e/ou rim; músculo e/ou subcutâneo), ECOG-PS, glóbulos brancos (WBC) e albumina.

O C-index foi de 0,78. Os valores (AUC) da área sob a curva ROC (curva característica de operação do receptor) foram 0,79, 0,74 e 0,73 em 30, 90 e 180 dias, respectivamente.

O modelo BPN vClin foi composto por 5 parâmetros: em comparação com o modelo v2.0 houve a inclusão de "tratamento antineoplásico" e a exclusão de variáveis ​​laboratoriais. O C-index foi de 0,74. Os valores de AUC da curva ROC foram 0,77, 0,74 e 0,71 em 30, 90 e 180 dias, respectivamente. Ambas as versões apresentaram bons resultados de calibração de acordo com o teste de Hosmer-Lemeshow.

“Os novos modelos são ferramentas prognósticas refinadas, com adequadas propriedades de calibração e discriminação, e podem ser utilizados para auxiliar os profissionais de saúde a estimar a sobrevida de pacientes ambulatoriais com câncer avançado”, concluíram os autores. 

Referência: 1463P Improvement of the Barretos Prognostic Nomogram (BPN): New prognostic models for advanced cancer outpatients - D.D. Preto, B.S.R. Paiva, D. Hui, E. Bruera, C.E. Paiva