II Semana Brasileira da Oncologia

Novas perspectivas no câncer de mama triplo negativo

romulado barroso 2019 bx“No tratamento do câncer de mama triplo negativo evoluímos menos nas últimas três décadas e realmente é um desafio melhorar o prognóstico”. A afirmação é de Romualdo Barroso de Sousa (foto), oncologista clínico e coordenador de Pesquisa Translacional do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, que falou ao Onconews durante a II Semana Brasileira de Oncologia, realizada de 23 a 26 de outubro no Rio de Janeiro.

“O câncer triplo negativo representa aproximadamente 15% de todos os tumores de mama. A doença é caracterizada por um pior prognóstico em relação aos demais tumores de mama, com mais recorrência em Sistema Nervoso Central e recorrência visceral, infelizmente com sobrevida inferior a 2 anos para a maioria dos pacientes”, diz Romualdo, ex-fellow do Dana-Farber Cancer Center.

Para melhorar o prognóstico, o especialista lembra que três artigos importantes mostraram resultados no tratamento dos tumores triplo negativo em período recente. Um é o trabalho que comparou carboplatina com docetaxel na primeira linha; outros são os estudos com inibidores de PARP, o OlympiAD e o EMBRACA, e o terceiro é o IMpassion 130, que avaliou imunoterapia com atezolizumabe e nab-paclitaxel. “Pela primeira vez temos um tratamento baseado em estudo de Fase 3 com ganho de sobrevida em uma população específica, que é o IMpassion 130 com atezolizumabe para pacientes PD-L1 positivo. Esse teste precisa ser feito com o clone SP142 da Ventana, que seleciona quais são os pacientes que vão obter benefício com a imunoterapia”, destaca.

O oncologista reforça a importância de refinar a seleção de pacientes para as estratégias disponíveis. “Considerando a atual base de evidências, temos dados mostrando que em uma população selecionada de pacientes com mutações germinativas de BRCA1 ou BRCA2, inibidores de PARP são mais eficazes do que a quimioterapia. Para pacientes PD-L1 positivo e mutação germline eu ainda acho que a primeira escolha deve ser imunoterapia, enquanto naqueles PD-L1 negativo, os inibidores de PARP são preferência”, recomenda Romualdo. “Com base nos dados do estudo britânico TNT Trial, para uma população PD-L1 negativo e sem mutações germinativas deletérias, as drogas de escolha devem ser os taxanos”, acrescenta.

“Como perspectivas, acredito que nos próximos anos vamos testemunhar a emergência de novos anticorpos droga-conjugados que já estão numa linha de desenvolvimento bem avançada e certamente vêm para ficar. Por fim também esperamos com expectativa ver os dados da combinação de imunoterapia com inibidores de PARP nessa população de pacientes com mutações germinativas”, projeta Romualdo.