ASCO GU 2019

Raça e resposta terapêutica no câncer de próstata

Brancos e Negros NET OKAfroamericanos têm maior mortalidade por câncer de próstata metastático resistente a castração (mCPRC) comparados aos caucasianos, mas podem ter melhor resposta ao tratamento com abiraterona ou enzalutamida. É o que mostram resultados de estudo que promete concentrar as atenções no ASCO GU 2019, em apresentação de Megan McNamara, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Duke, Carolina do Norte.

Este estudo retrospectivo utilizou a base de dados do Veterans Health Administration (VHA) para identificar homens submetidos a castração cirúrgica ou por bloqueio hormonal de 1º de abril de 2013 a 31 de março de 2018. O objetivo foi avaliar a sobrevida global (SG) de pacientes brancos e afroamericanos com mCPRC virgens de quimioterapia, tratados com abiraterona (ABI) ou enzalutamida (ENZA). Análises de sobrevida não ajustadas e ajustadas por características demográficas e clínicas foram usadas para calcular o tempo de sobrevida, e modelos multivariados de riscos proporcionais de Cox avaliaram a relação entre raça e sobrevida.

Resultados

Foram incluídos na análise 2.123 homens brancos e 787 afroamericanos com mCPRC, com média de idade de 74 e 71 anos, respectivamente. A mediana do tempo de seguimento foi de 570 dias e 561 dias para afroamericanos e brancos, respectivamente.

Os negros foram mais propensos à hipertensão (77,1% vs 67,1%; p <0,0001), diabetes tipo II (38,1% vs 29,3%; p <0,0001) e comprometimento ou anormalidade hepática (8,8% vs 5,2%; p = 0,0003). No entanto, a mediana de sobrevida global na análise não ajustada foi de 910 dias para afroamericanos e de 784 dias para caucasianos, revelando que negros apresentaram melhor SG ao tratamento hormonal (HR = 0,887; IC95% [0,790-0,996]).

Quando ajustada por características clínicas e demográficas, a mediana de SG estimado por Kaplan-Meier foi de 918 dias para afroamericanos e de 781 dias para brancos, novamente mostrando a maior sobrevida global entre os negros tratados com ABI ou ENZA, com mediana de 30 meses versus 26 meses (HR = 0,826; IC 95% [0,732-0,933]).

Em conclusão, os autores apontam que este grande estudo retrospectivo fornece a primeira evidência de que pacientes afroamericanos com mCPRC podem ter melhor sobrevida global com ABI ou ENZA. Novos estudos são necessários para validar esses achados e compreender as disparidades raciais nos resultados com novas terapias hormonais.

 

Univariate Cox Model

Multivariate Cox Model

Time to deth

Hazard Ratio

95% Lower CI

95% Upper CI

P-value

Hazard Ratio

95% Lower CI

95% Upper CI

P-value

Race

 

Whites

Reference

Reference

African-Americans

0.887

0.790

0.996

0.0435

0.826

0.732

0.933

0.0020

CI = Confidence interval; Multivariate model adjust for age and individual comorbidities

Este estudo foi patrocinado pela Pfizer (Abstract 212).

Referência:  Abstract 212: Overall survival by race in chemotherapy-naïve metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC) patients treated with abiraterone acetate or enzalutamide - Megan Ann McNamara et al - 2019 Genitourinary Cancers Symposium - Poster Session A: Prostate Cancer - Thursday, February 14, 2019: 11:30 a.m. – 1:00 p.m / 5:30-6:30 p.m. Moscone West Building, Level 1, West Hall, #J13