ESMO 2018

Imunoterapia melhora a sobrevida em câncer de cabeça e pescoço

Barbara Burtness KEYNOTE ESMO NET OKA imunoterapia com o anti PD-1 pembrolizumabe melhora a sobrevida em pacientes com câncer de cabeça e pescoço recorrente ou metastático. É o que apontam os resultados do KEYNOTE-048, apresentado no congresso ESMO 2018 por Barbara Burtness (foto), pesquisadora da Yale School of Medicine e primeira autora do estudo.

O tratamento padrão atual para câncer de cabeça e pescoço metastático ou recorrente é a quimioterapia à base de fluorouracil (5-FU) com cisplatina ou carboplatina) mais o inibidor de EGFR cetuximabe. Cerca de 35% dos pacientes respondem ao tratamento, com sobrevida mediana pouco superior a dez meses. O estudo de fase III-KEYNOTE-048 avaliou se o anticorpo monoclonal anti-PD-1 pembrolizumabe poderia prolongar a sobrevida e retardar a progressão do tumor em comparação com o tratamento padrão.

Foram inscritos no estudo pacientes com câncer de cabeça e pescoço que não receberam quimioterapia ou terapia biológica prévia para a doença recorrente ou metastática. Os pacientes foram alocados aleatoriamente (1:1:1) para: 1) tratamento padrão com quimioterapia à base de platina (5-FU com cisplatina ou carboplatina) e cetuximabe (grupo controle); 2) pembrolizumabe sozinho; ou 3) uma nova combinação de pembrolizumabe e quimioterapia baseada em platina.

A análise apresentada na ESMO 2018 se concentrou nos resultados de pembrolizumabe em comparação com o tratamento padrão em pacientes com expressão de PD-L1 e na nova combinação (pembro +QT) comparada ao tratamento padrão, independentemente da expressão de PD-L1.

Na primeira comparação, 301 pacientes receberam pembrolizumabe e 300 pacientes receberam tratamento padrão, com mediana de acompanhamento de 11,7 e 10,7 meses, respectivamente. Os dados demográficos dos pacientes e as características da doença foram semelhantes entre os braços de tratamento.

Em pacientes com tumor e / ou células circulantes que expressam PD-L1 (pontuação positiva combinada [CPS]> 20), a sobrevida global foi significativamente maior com pembrolizumabe (14,9 meses) em relação ao tratamento padrão (10,7 meses, razão de risco [HR] 0,61, p = 0,0007). Cerca de 23,3% responderam a pembrolizumabe e 36,1% responderam ao tratamento padrão. A mediana de duração da resposta foi maior com pembrolizumabe (20,9 meses) do que a terapia padrão (4,5 meses). Não houve diferença na sobrevida livre de progressão entre os grupos (HR 0,99, intervalo de confiança de 95% [IC] 0,75–1,29). “Pacientes com expressão PD-L1 vivem mais quando recebem tratamento inicial com pembrolizumabe”, disse a primeira autora, Barbara Burtness, pesquisadora da Yale School of Medicine e co-diretora do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Yale Cancer Center, em New Haven, EUA.

Os resultados foram semelhantes em pacientes com menor expressão de PD-L1 (CPS > 1). A sobrevida global foi significativamente maior com pembrolizumabe (12,3 meses) comparado ao tratamento padrão (10,3 meses, HR 0,78, p = 0,0086). Cerca de 19,1% dos pacientes que receberam pembrolizumabe responderam ao tratamento em comparação com 34,9% em quimioterapia. A duração mediana da resposta foi maior com pembrolizumabe (20,9 meses) do que com a quimioterapia padrão (4,5 meses). Não houve diferença na sobrevida livre de progressão entre os grupos (HR 1.16, IC 95% 0.75–1.29).

Na segunda comparação, 281 doentes receberam a nova combinação de pembrolizumabe e QT baseada em platina e 278 receberam tratamento padrão, com mediana de acompanhamento de 13,0 e 10,7 meses, respectivamente. A sobrevida global foi prolongada com a combinação (13,0 meses) versus tratamento padrão (10,7 meses, HR 0,77, p = 0,0034). As taxas de resposta foram de 35,6% para a combinação de pembrolizumabe e 36,3% para o tratamento padrão. Não houve diferença na progressãosobrevida entre os grupos (HR 0,92; IC95% 0,77–1,10).

Os efeitos colaterais nos três grupos de tratamento foram os esperados.

Em síntese, pembrolizumabe mostrou menor taxa de resposta e menor sobrevida livre de progressão em comparação com o tratamento padrão, mas a sobrevida global foi significativamente mais longa. A administração de pembrolizumabe isoladamente ou com quimioterapia pode depender da expressão de PD-L1, mas novas análises estão em andamento.

Referências:

Abstract LBA8_PR ‘First-line pembrolizumab for recurrent/metastatic head and neck squamous cell carcinoma (R/M HNSCC): interim results from the phase 3 KEYNOTE-048 study‘ will be presented by Barbara Burtness during the Presidential Symposium on Monday, 22 October, 16:30 to 18:00 CEST in Room 18 - Hall A2. Annals of Oncology, Volume 29 Supplement 8 October 2018